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Aos 90 anos, bilionário George Soros reúne polêmicas e inimigos poderosos

Considerado “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”, o magnata é capaz de mudar os cenários mundiais com ações influentes

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Sean Gallup/Getty Images
George Soros
1 de 1 George Soros - Foto: Sean Gallup/Getty Images

Com o patrimônio líquido avaliado pela Forbes em US$ 8,6 bilhões, o equivalente a R$ 46,64 bilhões, o húngaro George Soros completou 90 anos no último dia 12. Com nove décadas de vida, o magnata continua como um dos investidores mais emblemáticos do século e verbaliza a sentença: “As pessoas não me conhecem”, conforme disse ao jornal português Publico em uma reportagem especial divulgada nesse domingo (16/8).

Chamado de “o bicho-papão mais famoso do mundo” pelo The Washington Post, Soros é um dos grandes administradores dos fundos de hedge (investimento com estratégias mais arrojadas em relação aos tradicionais). Na lista de informações sobre o bilionário, consta que ele tornou-se o especulador monetário mais bem-sucedido da história, grande doador político e fundador da instituição de caridade Open Society Foundations (OSF).

A organização social traz como missão garantir que as pessoas tenham poder e possam participar ativamente da sociedade. Em julho, a Open Society Foundations anunciou o investimento de US$ 220 milhões em justiça racial.

“Estamos aplicando em resposta à explosão de energia que testemunhamos, a partir desse movimento extraordinário [Black Lives Matter], na esperança de alimentá-lo e garantir que perdure por muito tempo depois dos holofotes da mídia terem mudado”, escreveu Patrick Gaspard, presidente da OSF.

George Soros
Bill Clinton e George Soros. O bilionário financiador é conhecido por influenciar políticos

“Gosto de ganhar muito dinheiro e depois gastá-lo em boas causas”, confessou o magnata em uma entrevista. Por aplicar grandes quantias na promoção da democracia e em projetos educacionais por meio da instituição social, Soros acumulou alguns inimigos poderosos ao longo do caminho. Por exemplo, o presidente dos EUA, Donald Trump, a quem já chamou de golpista. Com tamanha influência, uma série de conspirações está associada ao bilionário.

São tantas teorias que Soros rebate as invenções a seu respeito dizendo que as pessoas não lidam bem com o fato de ele ter conquistado sucesso sem agir errado. Embora fossem considerados boatos, as conspirações ganharam peso quando o filantropo condenou a guerra no Iraque e fez doações na casa dos milhões ao Partido Democrata norte-americano.

Com Donald Trump assumindo a Casa Branca, Soros passou a ser chamado de “o maior financiador da esquerda no mundo” pelos seguidores de direita. Ele é acusado de influenciar políticos a levarem imigrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos. O mandatário dos EUA alegou que o bilionário financia manifestações, como o movimento Black Lives Matter.

George Soros
Soros defende uma sociedade aberta, com liberdade, e justa

As denúncias se estendem à Europa. Em países como Itália e Reino Unido, o poderoso investidor é visto como um inimigo por incentivar a migração. Já na Turquia, por apoiar ativistas contra o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan. Na terra-natal, Hungria, também, onde fundou a Universidade da Europa Central, em 1991.  Com os impasses do premier ultraconservador, Viktor Orbán, Soros preferiu mudar o campus da instituição de Budapeste para Viena, na Áustria.

Projetos

Aos 90 anos, Soros está mais ativo do que nunca e com projetos a serem tirados do papel. No Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro, em Davos, o investidor revelou a empreitada “mais importante de sua vida”: a rede acadêmica, intitulada de Open Society University Network. A iniciativa consiste em conectar instituições de ensino superior pelo globo, tendo à disposição cursos para estudantes e com professores de vários países.

“Quando observo quem está me atacando, vejo que estou fazendo algo certo. Estou orgulhoso dos inimigos que estou fazendo”, declarou o bilionário. O The Washington Times define a estratégia educacional de Soros como capaz de contornar o conhecimento e, muitas vezes, a vitória do inimigo por “treinar a próxima geração contra os males da soberania”.

George Soros
De origem húngara, o bilionário cria projetos voltados às novas gerações
Brasil

No início do mês, a Open Society Foundations anunciou que pretende doar mais de R$ 26 milhões ao Brasil a fim de contribuir no combate à Covid-19. De acordo com a OSF, o valor será dividido entre 24 instituições e dois estados brasileiros. Do total, R$ 10 milhões ficará com a população amazônica por meio de projetos no Pará e no Maranhão. Parte da verba terá como destino ações criadas para fortalecer redes de solidariedade em favelas e organizações do movimento negro.

No dia de seu aniversário, 12 de agosto, além das felicitações de parabéns, o bilionário recebeu um presente nada agradável: o Dia Internacional de Combate a George Soros. Batizada com a tag #StopSoros, a iniciativa faz parte da campanha antiglobalista promovida pelo Movimento Brasil Conservador (MBC). Nas postagens, os adeptos criticaram as ações do magnata e o denunciaram de tentar acabar com a autonomia dos países.

Trajetória

Para chegar ao patamar de relevância, o bilionário carrega como principal acontecimento atrelado ao seu nome “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”, em 1992. Na ocasião, quem saiu no lucro foi a empresa administrada por Soros e o próprio gestor. O investidor ganhou da aposta contra a libra britânica US$ 1 bilhão.

George Soros
George Soros filantropo e inimigo de presidentes

Nascido na Hungria, Soros viveu, na adolescência, uma troca de identidade. Seu pai, o advogado Tivadar Schwartz, receoso com o aumento do antissemitismo, decidiu trocar o sobrenome da família para que soasse “menos judeu”. O patriarca optou por Soros, que é um palíndromo e significava “voar alto” em esperanto. Com a alteração, os ex-Schwartz conseguiram passar despercebidos pelos horrores da ascensão da Alemanha nazista.

Em 1954, o magnata resolveu dar uma guinada na vida profissional. Ele enviou cartas aos bancos de investimento de Londres e conseguiu o cargo de atendente no Singer and Friedlander. Não bastou muito tempo para subir de posto e ser transferido para a área de negociações de ativos. Em seu currículo, constavam os idiomas alemão, latim, esperanto, inglês e francês.

Anos depois, o magnata decidiu dar mais um passo na carreira. De mudança para Nova York, Soros aterrissou em Wall Street. Na cidade norte-americana, o bilionário usou as habilidades financeiras em companhias prestigiadas e estabeleceu a meta de juntar US$ 500 mil. Desde então, atingiu o objetivo e não parou de aumentar a fortuna.

 

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