Nos livros sobre memórias de Brasília, não faltam capítulos dedicados a José Ornellas. Ele assumiu o Governo do Distrito Federal entre os anos de 1982 e 1985.

Nascido no Rio de Janeiro, o ex-governador imaginava que ficaria pela capital federal por apenas oito meses. O tempo, porém, transformou-se em 49 anos (e contando). Como a história do político e da cidade não se cruzaram por acaso, na terça-feira (30/11) o quadradinho ganhou mais um ilustre centenário: Zé Ornellas, como é conhecido entre os amigos.

A trajetória de vida do aniversariante não passou despercebida pela coluna Claudia Meireles. Carioca de coração, Ornellas lembra o quanto foi difícil deixar a Cidade Maravilhosa, onde conheceu a mulher, Zely Ornellas. Embora pareça coincidência, ela também completará 100 anos nesta sexta-feira (3/12). Ou seja, comemoração em dose dupla.

Amor por Brasília

À época oficial do Exército, Ornellas veio para Brasília a pedido da instituição, em 1973. Ele deveria ocupar provisoriamente um posto na Subsecretaria de Educação do Ministério da Educação e Cultura. Embora tenha pensado em voltar para a terra natal, os convites profissionais recebidos por ele o fizeram continuar na capital.

O resultado da permanência? “Um extenso círculo de amizades que me prenderam à cidade.”

Questionado sobre o que mais gosta em Brasília, Ornellas é categórico na resposta: “A vida mais pacata daqui me agrada bastante”. Já a respeito do período à frente do GDF, o ex-governador avalia como único e satisfatório. “Foi um dos melhores momentos da minha vida profissional”, enfatiza. O político substituiu Aimé Alcebíades Lamaison no comando do Executivo.

“Montei uma equipe excepcional e sou reconhecido até hoje pelo trabalho que realizamos”, ressalta o ex-governador.

Longevidade

Como não é toda pessoa que chega aos 100 anos, Ornellas ouve com frequência a pergunta: “Qual o segredo de sua longevidade?”. A coluna também quis saber a fórmula.

A resposta já está na ponta da língua do político e reforça a teoria de que bons hábitos são fundamentais para a saúde. “Sempre tive uma vida regrada. Me exercitei muito e trabalhei até os 90 anos.”

Além do estilo de vida, o ex-governador não esquece de elencar os pontos positivos de estar rodeado do amor e carinho dos parentes. “Um ambiente familiar maravilhoso, com esposa amorosa, filhos, netos e vários amigos, nos permite viver mais e melhor”, sustenta José Ornellas.

História de amor

A história da família Ornellas tem início no Rio de Janeiro. José e Zely começaram a namorar aos 15 anos. “Morávamos perto um do outro no Rio de Janeiro e eu me encantei com sua simpatia e sua alegria de viver”, rememora. De convivência, eles somam 85 anos. O ex-governador definiu a mulher como “normalista e professora de mão cheia”.

Por ter a carreira militar, José Ornellas precisou morar em diversos lugares, antes de vir para Brasília. O casal passou por Juiz de Fora, Santos, São Paulo, Uruguaiana e até foi para o exterior, nos Estados Unidos.

Do casamento com Zely, Ornellas teve dois filhos: Vera Lúcia e José Guilherme. O casal tem seis netos e dois bisnetos, um com 23 anos e outro com 6. À exceção da neta Paula e do bisneto Vicente, atualmente residentes no Rio, os integrantes da família Ornellas moram em Brasília, motivo de alegria para os patriarcas.

“Eles nos enchem de atenção e carinho, o que torna a nossa vida mais fácil e plena. O apoio deles é total”, afirma o ex-governador.

Não dá para negar que o xodó dos patriarcas da família é o bisneto mais novo, Vicente, filho de Paula. José Ornellas e Zely ficam na expectativa para receber o menino de 6 anos. “Ele tem vindo nos visitar com frequência e, com suas brincadeiras, dá uma canseira nos bisavós”, disse.

Por morar em Brasília, a filha Vera Lúcia é quem cuida diuturnamente dos pais. “[Temos] uma vida muito feliz com a nossa querida família.”

Lemas de vida e carreira

Ao longo dos 100 anos, Ornellas levou consigo os princípios da caserna (alojamento para moradia de soldados): respeito, patriotismo e excelência. “A minha trajetória teve um início auspicioso, o Exército Brasileiro”, afirma. Desde a juventude, ele aprendeu que “os extremos são maus conselheiros.”

“Nunca procurei me valorizar para ascender a novos cargos. Em todas as ocasiões, novas funções importantes vieram por convite como reconhecimento a meus desempenhos anteriores”, afirma o ex-governador. Após servir o Exército, ele conquistou o posto de coronel. Em 1973, foi designado para um trabalho temporário na Subsecretaria de Educação do Ministério da Educação e Cultura.

Na mesma época, outro convite aceito por José Ornellas foi para assumir como secretário de recursos humanos e vice-presidente da Telecomunicações Brasileiras, mais conhecida como Telebras. Em julho de 1982, ele assumiu o governo do Distrito Federal, ficando até abril de 1985. No início da década de 1990, foi eleito para a Câmara Legislativa do DF.

Ao término do mandato como deputado distrital, o ex-governador assumiu o comando da Secretaria de Indústria, Comércio e Desenvolvimento. Posteriormente, José Ornellas trabalhou como assessor na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio-DF), onde atuou até os 90 anos.

A coluna parabeniza José e Zely Ornellas pelo centenário!

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