Antibióticos cortam o efeito do anticoncepcional oral? Descubra!
A coluna Claudia Meireles conversou com três especialistas para entender se antibióticos cortam, de fato, o efeito do anticoncepcional oral
atualizado
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Quando se trata de prevenir uma gravidez, qualquer pequena dúvida gera uma onda de preocupação nas mulheres. Embora a internet facilite as pesquisas, muitas informações acabam gerando ainda mais confusão. Quanto ao uso de anticoncepcionais de via oral, uma dúvida comum é se o uso de antibióticos pode atrapalhar a eficácia do contraceptivo.
Pensando nisso, a coluna Claudia Meireles conversou com três especialistas para tentar esclarecer se, de fato, a combinação desses dois medicamentos não é positiva.
De acordo com a ginecologista e obstetra Gabriela Laboissiere, as mulheres que fazem uso contínuo de anticoncepcional oral podem ficar tranquilas. Segundo ela, apenas um antibiótico pode ser capaz de interferir na eficácia do contraceptivo, e ele é raramente utilizado.
“Hoje em dia, o único antibiótico capaz de atrapalhar o uso do anticoncepcional é a rifampicina. Esse antibiótico é usado principalmente para o tratamento da tuberculose e, mesmo assim, é raramente prescrito. Portanto, se a pergunta é se o hormônio do anticoncepcional pode ser tomado junto de outros antibióticos, a resposta é sim, sem nenhum problema”, explica.
Rifampicina: o vilão dos anticoncepcionais?
Para o ginecologista Luís Otávio Manes, o problema do uso da rifampicina e dos anticoncepcionais nada tem a ver com questões de interação medicamentosa. “No caso da rifampicina, a única exceção que temos é sobre atrapalhar a eficiência do anticoncepcional. Atrapalhar significa interferir no funcionamento do método. É diferente de potencializar ou diminuir efeitos, como é observado, por exemplo, quando uma pessoa faz uso de medicação para dormir e ingere bebidas alcoólicas”, comenta.
Quando se trata do uso combinado do hormônio e do antibiótico, o especialista explica que “o anticoncepcional e a rifampicina são metabolizados pela mesma enzima. Quando você tem duas medicações que utilizam a mesma via, pode ser que alguma delas tenha níveis de absorção menores. São nesses casos que se discute a eficácia do contraceptivo.”, explica.
Segundo a farmacêutica Sara Rodrigues, a rifampicina induz a produção de uma maior quantidade de enzimas hepáticas, acelerando a metabolização do anticoncepcional. “Com essa metabolização acelerada, o nível plasmático do contraceptivo diminui mais rapidamente, podendo comprometer sua eficácia. Por isso, a gente entende que é necessário usar uma segunda forma de contraceptivo, como a camisinha, quando estiver tomando esse tipo de medicamento” alerta.
Existe outros riscos em associar antibióticos e contraceptivos de via oral?
Apesar de explicitado que somente a rifampicina é capaz de “cortar” o efeito do anticoncepcional oral, Gabriela Laboissiere revela que, mesmo assim, é preciso tomar cuidado quantos aos efeitos colaterais dos medicamentos associados ao uso dos contraceptivos de via oral.
“Alguns antibióticos podem provocar vômitos e diarréias. Se esses sintomas ocorrerem dentro de três a quatro horas após a ingestão do anticoncepcional, não podemos garantir que ele foi totalmente absorvido. Nesses casos, a proteção contra a gravidez pode estar comprometida”, alerta.
Outros métodos contraceptivos
Segundo Gabriela Laboissiere, a preocupação com a absorção do anticoncepcional se aplica principalmente aos métodos orais. Outros métodos contraceptivos, como DIU, implantes e anéis vaginais, não enfrentam esse problema.
“Quem usa DIU, implante ou anel vaginal não precisa se preocupar com o uso de antibióticos, já que esses métodos não dependem da via oral para serem absorvidos,” conclui.
Importante destacar que, sempre que necessário utilizar qualquer medicação ou antibiótico, vale consultar informações com profissionais da área para analisar o caso.
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