Antes só do que mal acompanhado: como terminar um relacionamento
Terapeuta Daniela Borja mostra os sinais que indiciam o fim de um relacionamento e dá instruções de como terminar de forma saudável
atualizado
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Um estudo feito pela plataforma social Yubo, com mais de 5 mil pessoas da geração Z, mostrou que 50% dos jovens brasileiros afirmam sentir pressão para manter um relacionamento: 21% dizem que essa cobrança vem das redes sociais, 22% da família e 40% de sentimento interno.
A geração entende ainda desenvolver o amor próprio é uma prioridade. Mais de 52% dos entrevistados consideraram o relacionamento com eles mesmos o mais importante, à frente da família (27%), amigos (11%), e crush (4%). Questionados se eles gostam de quem são hoje, 40.9% disse que “está no caminho” e 31% respondeu que sim, indicando que o autocuidado é uma medida importante de suas rotinas e dias.
Embora esses resultados sejam referentes a um grupo de pessoas nascidas entre 1995 a 2010, o que chamamos de geração Z, outras faixas etárias também passam pela mesma situação.
Em conversa com a coluna Claudia Meireles, a terapeuta Daniela Borja explica que o ser humano, em geral, está cada vez mais acostumado a momentos de muita ocupação e a estar rodeado por muitas pessoas, e acredita que “antes mal acompanhado do que só”.
“Percebo que o medo dita a regra nesses casos. Medo de ficar sozinho, medo de não casar, medo de não arrumar outro, medo do que vão pensar, medo de passar da hora pra ter filho, medo de reforçar comentários ao seu respeito, medo de não constituir a tão sonhada família…”, detalha a profissional.
Segundo a especialista, há uma grande dificuldade entre pessoas de todas as idades em lidar com a solidão de forma saudável. Para ela, outro fator que pesa na hora de terminar um relacionamento é a dependência. “Seja essa dependência emocional, financeira ou de ordem operacional, ou seja, aquele que depende para fazer um pagamento, para resolver um problema, para fazer uma inscrição, ir a um médico…”, ilustra Daniela.
A especialista acredita que, normalmente, a seletividade vem com a maturidade. “E não me refiro à maturidade pautada em idade”, informa.
A dependência é refletida no medo de ficar só, na sensação de incapacidade de sobreviver no mundo sem aquela pessoa
Daniela Borja
Outra questão levantada pela terapeuta é o medo em fazer o outro sofrer. “Entretanto, não há sofrimento maior do que descobrir que foi enganado. Então, ser sincero ainda é uma boa solução”, diz.
Daniela acredita que o maior desafio dos jovens na hora de entrar em um relacionamento é quebrar a barreira que os impede de se entregarem aos sentimentos. “É como se render-se ao amor, à paixão, os colocasse em condição de vulnerabilidade, o que, para os jovens, às vezes, é sinônimo de fraqueza. E quem quer ser fraco em uma idade em que se pretende ser super homem e mulher maravilha?”, reflete.
Na opinião da especialista, há uma percepção de que estar apaixonado é algo “meio careta”. “Parece que escondem o medo de sofrer por trás da superficialidade do não se relacionar de forma séria, de não permitir a evolução de uma história a dois”, conta. “Lidar bem com o outro em condição de igualdade, pressupõe se conhecer o suficiente para não necessitar mendigar afeto”, ensina.
Em casais maduros, Daniela observa que grande parte das queixas é o desequilíbrio na distribuição das tarefas na rotina. Já no caso dos jovens, para ela, é a falta de atenção do parceiro, geralmente do homem: “Nunca somos prioridades deles”, anuncia.
Ainda, de acordo com a terapeuta, muitas vezes, casais que se casam jovens também podem vivenciar desencontros no transcorrer do tempo, quando a vida e os objetivos de cada um vai se transformando de maneira diferente.
Interrogada sobre os sinais que demonstram que um relacionamento deve ter terminado, Daniela Borja aponta: “Eu prefiro dizer que existem sinais que indicam que algumas conversas precisam ser feitas ou refeitas, para que, juntos, o casal possa avaliar se é possível ‘prorrogar aquele contrato’ ou se a rescisão é o melhor caminho”, defende.
Alguns desses sinais, segundo a profissional, são o desinteresse do parceiro, por exemplo. “Nesse caso, o amor próprio conta muito na decisão. Quando a pessoa é convicta do seu valor, dificilmente permanece num ambiente em que não lhe cabe mais”, afirma.
O respeito é outro fator a ser observado, conforme acredita Daniela. “Quando ele falta, a relação tende a se desequilibrar”, explica. Por fim, outro aspecto importante são os objetivos do casal. “Eles precisam ser, minimamente, convergentes. Caso cada um esteja remando para um lado o barco não vai sair do lugar”, ilustra.
Se você se identificou com a situação descrita neste texto e vê que é término é o melhor caminho, confira, abaixo, instruções de como terminar um relacionamento de forma saudável, segundo Daniela Borja:
- 1 – “A empatia é um exercício diário não apenas em relações amorosas, mas um grande norteador quando o objetivo é colocar um ponto final em um relacionamento. Então, a pergunta a ser feita inicialmente é: ‘como eu gostaria de ser tratado se estivesse no lugar do meu parceiro?”.
- 2 – “É importante ser sincero. Mas, se a sinceridade machucar a ponto de destruir a história vivida até então, limite-se a explicar as razões possíveis de serem explicadas e, acredite, deixar de amar é uma razão muito nobre.”
- 3 – “Em regra, ninguém é pego de surpresa. Normalmente, quando o parceiro ou parceira toma a decisão de terminar, possivelmente ela vinha sendo amadurecida há algum tempo. Nesses casos, mencionar os desencontros também é uma boa maneira de explicar ao outro as suas razões, ainda que ele possa não concordar.”
- 4 – “Não devemos esquecer que, quando dois não querem, não há relacionamento. Então, permanecer no namoro ou no casamento, por pena, por medo ou por algo que não seja o prazer em estar junto, o que também envolve amar, é uma opção perigosa.”
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