André Póvoa explica os tratamentos eficazes para o câncer de tireoide
Em conversa com a Coluna, o cirurgião explicou melhor a importância da glândula e os tratamentos para o câncer da tireoide
atualizado
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A tireoide é uma glândula situada na parte anterior do pescoço, responsável pela produção dos hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina). Mesmo sendo pequena, é poderosa quando o assunto é a sua função no organismo, pois ela age no corpo e metabolismo desde a nossa formação fetal até o envelhecimento. Seu funcionamento inadequado pode alterar a função vital de vários órgãos. Entre os problemas que uma pessoa pode sofrer na tireoide é o câncer.
Os tumores nesse região estão relacionados a fatores hereditários. Porém, de acordo com o cirurgião de cabeça e pescoço André Póvoa, a causa exata da maioria dos diagnósticos ainda não é conhecida, porém “a radiação ionizante é um fator que aumenta o risco de câncer na glândula”.
“O aparecimento dos nódulos é bastante comum e, na maioria das vezes, entre 90 a 95%, são benignos. Quando achados e com alterações— pela palpação ou no ultrassom — deve ser puncionados. Com o resultado de câncer ou suspeita da doença, precisa ser avaliado pelo cirurgião de cabeça e pescoço. Ele analisará as possibilidades de tratamento cirúrgico”, afirma o membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).
As técnicas para combater o tumor da tireoide podem incluir iodoterapia, hormonioterapia, radioterapia, quimioterapia e a cirurgia. Em muitos casos, uma combinação deles podem ser utilizados.
“O principal tratamento é a cirurgia, com altas taxas de cura. A terapia hormonal e a radioiodoterapia são procedimentos após a intervenção. A radioterapia e quimioterapia são tratamentos de exceção, quando o câncer é bem mais agressivo e perde a capacidade de captar iodo radioativo”, explica André.
Ele acrescenta: “Existem alguns métodos alternativos, como a vigilância ativa e a radiofrequência para ablação de nódulos malignos, mas ainda, o tratamento considerado mais adequado e curativo, é o cirúrgico”.
O cirurgião explica que, após a operação, o material retirado (tireoide e os linfonodos) são avaliados pelo médico patologista. Após sair os detalhes, como tamanho, tipo ou se há linfonodos comprometidos, é definido se o indivíduo precisará passar pelo principal tratamento pós-cirúrgico: a iodoterapia.
“Quando a doença está restrita à glândula, normalmente o paciente interna no hospital no mesmo dia da cirurgia e tem alta no outro dia, com retorno as suas atividades em torno de 10 a 15 dias depois. Se o tumor já está com linfonodos comprometidos e necessita de uma intervenção cirúrgica maior, com o esvaziamento cervical (retirar os linfonodos do pescoço), a internação hospitalar pode durar de 3 a 4 dias, com retorno das atividades normais em mais de 15 dias”, esclarece o médico, pós-graduado em cirurgia robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
O pós-operatório é, geralmente, tranquilo. Em determinados casos, o paciente sentirá dor no pescoço e ao engolir. Além disso, pode ter alteração na voz e necessidade de fonoterapia e também precisar repor cálcio, devido à manipulação das glândulas paratireoides— que ficam ao lado da tireoide e podem ser atordoadas na retirada.
Estatística
Segundo o Ministério da Saúde, o tumor da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres, entre 40 e 50 anos, do que os homens. A estimativa em 2022 é de 4.820 novos casos, sendo 760 em homens e 4.060 mulheres.
André Póvoa assegura que o prognóstico é muito bom na maioria dos casos, por isso as chances de cura são muito altas. Dessa forma, é importante ter o acompanhado de endocrinologista e cirurgião responsável pela região. Eles farão o acompanhamento através de exames de sangue e ultrassom.
“Hoje, é comum os médicos solicitarem exames de imagem para o corpo todo. Como 60% da população pode ter nódulos na tireoide, o achado na imagem é comum. Com a avaliação por ultrassom mostrando um nódulo suspeito, esse deve ser puncionado. Caso o resultado seja maligno, a cirurgia é o principal tratamento”, esclarece.
Com o avanço cada vez maior da medicina, o cirurgião acrescenta que já existem várias tecnologias que ajudam a diminuir os riscos de complicações nas tireoidectómicas (retirada da tireoide), como a monitorização intraoperatória dos nervos da voz, o uso de pinças seladoras de vasos e angiografia com indocianina verde, para avaliação da integridade vascular das paratireoides após a retirada da glândula.
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