André Moreira detalha procedimentos, cuidados e produtos para pele preta
O dermatologista destaca cuidados diários e explica as diferenças em relação aos tratamentos estéticos. Confira!
atualizado
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Estudos demográficos apontam que, em breve, mais da metade da população dos Estados Unidos será composta por não brancos, o que já é uma realidade no Brasil. No entanto, infelizmente, a parcela de pretos que frequentam consultórios dermatológicos ainda é discreta.
O dermatologista André Moreira, dono de uma clínica em Brasília, vem estudando regularmente questões étnicas relacionadas à pele. Para ele, nos últimos três anos, a indústria de cosméticos tem lançado mais opções de produtos para a pele preta, como protetores solares líquidos e em pó. “Hoje, felizmente, as marcas estão se atentando à diversidade de cores”, afirma.
“Eu e meu paciente não queremos nem precisamos passar um creme e ficar com aspecto acinzentado. É meu papel mostrar que existem opções pensadas para a nossa pele, com a coloração adequada”, observa o médico.
Proteção solar
O especialista destaca que existe o mito de que pessoas de pele preta não precisam usar protetor solar e que o sol não faz mal para o rosto. Porém, ele reitera que isso não é verdade. “O sol traz danos de fotoenvelhecimento e riscos de câncer de pele, apesar de termos menos chances por conta da melanina, que já é uma proteção natural’’, diz.
Ele explica que os cânceres detectados em pessoas de pele preta são mais agressivos. Por isso, todos devem se proteger do sol para evitar doenças, como melasma ou hipercromia pós-inflamatória.
Hidratação
Segundo o profissional, a pele preta também costuma ser mais desidratada. Logo, ela é mais propensa a ter doenças relacionadas à perda de água, como dermatite atópica e ressecamento. “Então, é muito bom ter uma rotina de cuidado com hidratação, evitar banhos muito quentes e não usar sabonete em excesso”, ensina.
De acordo com o médico, é de extrema relevância refletir sobre as diferenças entre os cremes hidratantes de qualidade e os cosméticos comuns. “Um bom hidratante não é tão perfumado, não tem grande concentração de álcool e possui substâncias que restauram e reparam a pele”, comenta. Portanto, a melhor alternativa é se consultar com um dermatologista, que analisará a pele do paciente e prescreverá o creme mais apropriado.
Acne e oleosidade
André Moreira ensina que as peles pretas e brancas possuem o mesmo número de glândulas, onde a acne se origina. Mas acredita-se que a glândula na pele preta tem funcionalidade mais exacerbada, o que aumenta os riscos de surgimento de acne.
Entretanto, o dermatologista fala que o problema acaba sendo não a acne em si, mas as cicatrizes que ela gera. “Quem tem pele mais escura, tem propensão a ter hipercromia pós-inflamatória, mancha que decorre de processos inflamatórios. Ela é um pouco difícil de tratar, precisando de produtos adequados, protetor solar, peelings, laser…”, exemplifica.
Tratamentos estéticos
André Moreira afirma que a pele preta, assim como a branca, demanda muita atenção nos procedimentos a laser. “O médico tem que ter extensa experiência com o equipamento. É algo sério, tanto que deve ser combinado com outros equipamentos específicos para isso”, diz o especialista, confirmando a eficácia dos resultados.
Segredo para uma pele preta bem cuidada
A chave para uma pele saudável e bem cuidada é, primeiramente, aceitá-la, defende o profissional. “Somos belos, por mais que a indústria, a sociedade e o racismo falem o contrário disso. Nós merecemos fazer skincare e tomar todos os cuidados com o envelhecimento”, ressalta.
Depois, deve-se seguir as rotinas que o dermatologista prescrever. “Fazendo isso, todo mundo vai se sentir mais bonito”, conclui.
Sobre o especialista
Formado em Medicina pela Universidade Federal de Goiás (2007-2013) com especialização em Dermatologia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (2013-2016), tem pós-graduação em doenças dos cabelos (tricologia) e das unhas na Universidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
Atualmente, cursa Mester in Science em oncodermatologia e dermatoscopia na Universidade de Graz, na Áustria. Tem formação em transplante capilar na Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos. Foi aceito no concorrido programa de estágio no Hospital da Universidade de Varsóvia, na Polônia, orientado por Lidia Rudnicka, criadora do termo tricoscopia e nome mais importante na área. O estágio está previsto para iniciar em março do próximo ano.
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