Análise: Harry e Meghan precisarão do dinheiro da realeza no futuro?
A Coroa deve passar pelo processo de corte de gastos. Entenda os planos de Harry e Meghan Markle para lucrar longe da família real
atualizado
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Duques de Sussex, Meghan e Harry resolveram contar a “verdade” sobre os motivos que os levaram a se libertar das rédeas da família real. O casal impactou o mundo ao fazer revelações polêmicas no programa de TV da apresentadora Oprah Winfrey, em março. Racismo, prisão, ressentimento e pensamentos suicidas foram alguns dos tópicos mais chocantes. No bate-papo, o caçula do príncipe Charles confessou ter ficado surpreso quando perdeu a mesada e a equipe de segurança da realeza após ter saído do Reino Unido para o Canadá.
“Foi um choque ficar sem seguranças”, disse Harry na entrevista. Em março do ano passado, ele, Meghan e o filho, Archie, instalaram-se de vez nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade californiana de Santa Bárbara. De acordo com a imprensa, haverá uma reunião da alta cúpula da Coroa nas próximas semanas para decidir o futuro da monarquia britânica. Embora o encontro ainda não tenha ocorrido, sabe-se que a discussão de dois assuntos é dada como certa: a redução do núcleo da realeza e o corte de gastos. Os dois pontos tendem a afetar o clã Sussex.
Adeus, auxílios
Para a escritora Angela Levin, as medidas severas devem entrar em vigor quando o primeiro na linha de sucessão ao trono, o príncipe Charles, ascender ao posto. Se o primogênito da rainha seguir à risca o plano de austeridade a fim de dinamizar a monarquia e economizar dinheiro, o príncipe Harry, Meghan Markle e seus filhos serão cortados do orçamento. Ou seja, os duques de Sussex não receberão mais um vintém dos auxílios reais, sem contar a perda de patrocínios.
No início da mudança do Reino Unido, os duques de Sussex se sustentaram com as economias que tinham. Parte da poupança veio da herança milionária deixada pela mãe de Harry, a princesa Diana, e pela bisavó dele, Isabel Bowes-Lyon, conhecida como rainha-mãe. Desde os 25 anos, ele recebia anualmente os rendimentos do patrimônio da família real. Avaliado em R$ 2,4 milhões, o valor resulta da soma de ativos imobiliários e investimentos da realeza acumulados desde o século 14.
Por anos, os casais Sussex (Harry e Meghan) e Cambridge (William e Kate Middleton) compartilham R$ 27 milhões a título de dividendos da fortuna real. Enquanto pertenciam à Coroa britânica, os pais de Archie também recebiam uma espécie de “bolsa” para utilizar em despesas com compromissos oficiais, como ações sociais e de caridade desenvolvidas pelo Palácio de Buckingham. Ao longo de uma década, o caçula do príncipe Charles trabalhou no serviço militar e, por isso, lucrou em torno de R$ 2,5 milhões.
Futuro
À época da abdicação, o patrimônio do príncipe girava em torno de R$ 134 milhões, conforme calcularam os tabloides. Ao romperem com a realeza, os duques de Sussex deram tchau às “mesadas” mensais e anuais. Entretanto, a pergunta que não quer calar: o casal precisará do dinheiro da família real futuramente? Se depender dos constantes movimentos de Harry e Meghan Markle, a resposta só o tempo dirá, na análise dos experts da dinastia Windsor.
Depois de comparecer ao funeral do príncipe Philip, os tabloides especularam se Harry prolongaria ou não a viagem pelo Reino Unido para celebrar o aniversário de 95 anos da avó, a rainha Elizabeth II, na quarta-feira (21/4). Ele resolveu voltar para casa, nos EUA, um dia antes da comemoração. Segundo revelou, com exclusividade, o portal norte-americano Page Six, o príncipe retornou devido a um motivo especial: um almoço com a “rainha da filantropia de Los Angeles”, a magnata Wallis Annenberg.
A poderosa é conhecida de longa data da realeza. Pai de Wallis, Walter Annenberg atuou como embaixador dos EUA no Reino Unido de 1969 a 1974. Aos 81 anos, a filantropa comanda a bilionária fundação batizada com o sobrenome de sua família. Sob responsabilidade da magnata, está o Annenberg Center for the Performing Arts, onde a revista Vanity Fair arma a festa pós-Oscar. Os britânicos avaliaram o almoço de Harry com a socialite como uma “ofensa máxima” à rainha, o que desencadeou diversas críticas ao príncipe, conforme publicou o portal Flash!.
“Idolatria”
Apesar do conteúdo da conversa não ter sido divulgado, o encontro da dupla reflete mais uma vez o apreço dos norte-americanos pelos integrantes da dinastia Windsor e o quanto “idolatram” a realeza britânica. Antes da reunião com Wallis, Meghan e Harry estreitaram a relação com personalidades dos EUA. Quem tratou de fazer algumas pontes foi o ator e magnata Tyler Perry, inclusive com poderosos do Vale do Silício, onde o duque de Sussex arrumou emprego como diretor de impacto da BetterUp, startup especializada em coaching.
Assim como Jack Shafer, editor do jornal Politico, experts defenderam a teoria de que Harry só conseguiu a vaga de trabalho por ser neto da rainha Elizabeth II. Mesmo tendo se afastado da Coroa, o nome do duque continua atrelado à monarquia mais famosa do mundo e, tecnicamente, atrai visibilidade ao negócio, conforme manifestou Horácio Gutierrez, chefe de Assuntos Globais do Spotify. Meses antes de garantir o emprego, ele e a mulher, Meghan Markle, fecharam com a plataforma de conteúdos no formato de áudio.
O contrato com o Spotify aumentou em mais de R$ 170 milhões a conta bancária dos duques de Sussex. Ao firmar a parceria em dezembro, o casal lançou a produtora Archwell Audio, responsável por desenvolver a programação em formato de podcast a ser veiculada na plataforma. Mais de 320 milhões de usuários devem ser atingidos com o projeto. Na avaliação de Gutierrez, a “união” com Harry e Meghan ajudará a “angariar novos assinantes e mais fluxos”, conforme disse ao The Sun.
Com o anúncio da abdicação do casal em janeiro de 2020, o escritor David McClure declarou à rede britânica BBC: “Suponho que eles vão ganhar dinheiro escrevendo livros ou atuando na televisão”. A hipótese do especialista se concretizou nove meses depois com a divulgação do “pacto” dos Sussex com a Netflix. Eles assinaram um acordo milionário com a gigante do streaming. O contrato atingiu a casa dos US$ 150 milhões, o equivalente a R$ 797 milhões na cotação atual.
“Fale de mim”
Na caminhada rumo à independência da realeza, o casal Sussex focou na indústria do entretenimento e tem conseguido bons “papéis”. Em outubro, Meghan e Harry participaram do evento Time 100 Special, orquestrado pela revista Time. Os pais de Archie integraram a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a publicação. Na ocasião, eles prestigiaram uma série de discussões virtuais. Em uma parte da fala, o príncipe usou uma expressão norte-americana, em vez de optar pela britânica.
O troca-troca de locuções não agradou os súditos, muito menos a mídia britânica, que criticou o filho da princesa Diana. “Príncipe Harry usa ‘popping the hood’ para ‘abrir o capô’ e opta por americanismo apenas sete meses nos EUA com Meghan Markle”, escreveu o Daily Mail no título de uma reportagem. O ditado brasileiro “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” traduz a estratégia dos duques de Sussex para se manter em relevância na mídia, conseguir propaganda gratuita e conquistar novos admiradores.
Do ponto de vista do editor do portal Politico, Jack Shafer, os pais de Archie têm agitado “o pote de publicidade” ao provocar brigas com a família real e processar os tabloides britânicos. Entretanto, a tática não se sustentará como novidade para sempre, considera o jornalista especializado em realeza. Assim, a dupla ativou uma segunda estratégia: a entrevista dada à Oprah Winfrey. O bate-papo contou com 30 milhões de telespectadores no Reino Unido e nos EUA, conforme levantamento da emissora CBS.
Libera a fofoca
“Na ausência de criação de conteúdo surpreendentemente bom, Meghan e Harry podem precisar recriar muitos aspectos do ambiente britânico que acabaram de fugir para manter o público interessado. De início, eles necessitarão de um suprimento constante de vilões para lutar, causas adicionais para defender, heróis únicos para fazer parceria e novas revelações pessoais para descobrir. É uma espiral incessante e exigente”, afirmou Shafer. Ao tratar o tópico, cabe abrir parênteses no assunto vazamento de informações.
Após a entrevista polêmica, Gayle King confessou que as conversas entre Harry e o pai, Charles, e o irmão, William, foram “improdutivas”. Amiga de Meghan Markle, a apresentadora do This Morning, da CBS, não escondeu os detalhes e fez o oposto que a Coroa britânica desejava. O vazamento de particularidades a respeito dos duques de Sussex não ocorre por acaso, mas sim sob a ciência dos dois. De acordo com a People, a ex-atriz ligou duas vezes para a rainha Elizabeth II antes do funeral de Philip.
O telefonema privado ter ganhado as manchetes abalou a relação da realeza com o casal. “Ninguém tinha conhecimento do diálogo”, escreveu o The Sun. Segundo a mídia britânica, Harry e Meghan podem ter, supostamente, divulgado as histórias íntimas para a imprensa norte-americana. Assessores do Palácio de Buckingham demonstraram receio com a série de fofocas sobre a família real, como o encontro secreto do príncipe com a avó. Os últimos acontecimentos reforçam a teoria de que os Sussex liberam informações particulares.
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