Amyr Klink compartilha aventuras e lições de vida no Metrópoles Talks
Realizado na noite dessa quinta-feira (27/6), o evento lotou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília
atualizado
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“Foi uma tempestade assustadora, mas passar por ela foi uma grande alegria. Essa é a beleza da vida no mar. Passamos por situações difíceis e valorizamos as coisas boas que temos”, destaca Amyr Klink, considerado um dos mais respeitados exploradores do mundo, em enriquecedora palestra que marcou o lançamento do Metrópoles Talks. Realizado na noite dessa quinta-feira (27/6), o evento lotou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
No talk intitulado Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades, Klink compartilhou ensinamentos de vida obtidos especialmente na jornada de aventuras pelo mar. Na primeira edição do Metrópoles Talks, o célebre navegador contou detalhes das viagens solo e com a família. Ele é casado com Marina Bandeira, com quem teve três filhas, as gêmeas Tamara e Laura, e a caçula Marina Helena.
Com uma bagagem extensa de vivências, o explorador e escritor de best sellers, ao falar sobre felicidade, não deixou de arrancar risadas da plateia no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, enquanto revelava suas lições, uma delas é: “A experiência de viagem torna a nossa existência mais feliz”. Somente para a Antártica, ele coleciona 15 idas e vindas.
“Caminho sem volta”
Os primeiros capítulos da relação de Klink com o mar começaram quando criança. Mal sabia o menino nascido em São Paulo que viria a se tornar um dos maiores navegadores do mundo. Com 10 anos, em Paraty (RJ), o garoto comprou a primeira canoa e a batizou de Max. Desde então, a paixão dele pelo universo marítimo só cresceu e, em 1983, construiu o primeiro barco, chamado de I.A.T. No ano seguinte, ele resolveu fazer a primeira travessia solitária a remo no Atlântico Sul.
Na avaliação do explorador, morar, viver, navegar e criar um vínculo com uma embarcação é “um caminho sem volta” e, inclusive, Amyr Klink é a prova da própria tese. “Não conheci ninguém que cansou do barco e quis voltar para morar em Ribeirão Preto, São Paulo. Todos se acostumam com a vida muito mais simples”, garantiu. Entre tantos benefícios desse “universo das embarcações”, ele evidenciou que a solidariedade é um “fenômeno” e “presente” no mundo náutico.
Tempo
Klink ressaltou sobre ter alcançado um objetivo: ficar 13 meses no continente antártico, sendo sete deles imobilizado na Baía de Dorian, em 1990. Na ocasião, ele teve a primeira invernagem, ou seja, enfrentou as baixíssimas temperaturas da estação na Antártica. Para essa missão solo, ele construiu o Paratii, embarcação projetada para ficar aprisionada de propósito no gelo. Nessa viagem, o explorador teve uma experiência com o tempo.
“Depois da saúde, uma das maiores grandezas que temos na vida é o tempo. Ele nunca vai se reciclar”, argumentou o navegador de 68 anos. Amyr passou a refletir mais sobre a passagem do tempo quando o barco ficou preso no gelo por vários dias na Antártica. Antes de embarcar para a missão, ele confidenciou ter tido o seguinte pensamento: “Vou transformar o risco no meu objetivo”. E conseguiu.
Desistência
De acordo com o navegador, os momentos mais difíceis enfrentados ao longo da vida não foram no mar, mas sim em terra. Amyr aproveitou para citar a filha Tamara Klink, de 27 anos. Bem ao estilo do ditado “filho de peixe, peixinho é”, a arquiteta seguiu os passos do pai e se tornou a primeira brasileira a atravessar o Círculo Polar Ártico, em 2023. Ela também é a mais jovem navegadora do país a realizar o percurso sozinha.
“A Tamara mencionou em uma cartinha que escreveu na semana passada que a maior dor é a dor do descrédito, do não apoio, do não suporte”, frisou o explorador. Ele também se referiu às burocracias de ir para a Antártica atualmente. No ponto de vista de Amyr, tornou-se um “processo complicado de autorizações, de rastreamento e uma experiência cara” desbravar o continente gelado.
Klink também relatou sobre os privilégios que o mar oferece em comparação com as escaladas, por exemplo, do Monte Everest, na Ásia.
“Você subir no Everest hoje e alguém está morrendo do lado, ninguém vai parar para ajudar. No mar, não existe isso. A beleza do mar, nós largamos tudo o que estamos fazendo, a regata, a corrida, o barco, a viagem, para socorrer outra pessoa que está morrendo, com dificuldades. Assim eu fiz grandes amigos no mar”, confessou o explorador no talk.
Maior tempestade
Não é por acaso o nome do evento ser Oceano da Vida: encontrando a felicidade e a paz em meio às tempestades. Isso porque o explorador que acumula viagens diz ter uma “tempestade de estimação”. A tormenta favorita do navegador ocorreu no sul da Austrália e Nova Zelândia. Na ocasião, ele estava “colado na Antártica”.
“Foi uma tempestade trágica, porque muitas pessoas morreram e e eu estava em um lugar muito difícil, colado na Antártica. Fiquei duas vezes seguida, por cinquenta horas, sem poder dormir. Embora eu tivesse em pânico o tempo inteiro, quando acabou foi uma sensação de alegria tão brutal, porque não quebrou nada no barco”, recordou. Amyr Klink chegou a descer ondas de 30 metros de altura: “O barco mergulhou diversas vezes, mas não quebrou nada.”
Ao término da tempestade, o navegador rememorou ter desfrutado de uma sensação inexplicável de “grande alegria”. As lições de vida obtidas pelo navegador como capitão de embarcações surgem nos livros Cem dias entre Céu e Mar; Paratii entre dois polos; As janelas do Paratii; Mar Sem Fim; e Linha D’Água.
Veja como foi o evento pelo olhar das fotógrafas Luh Fiuza e Wey Alves:
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