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Afinal, é possível rejuvenescer a pele? Cirurgiã plástica responde

A curva do envelhecimento começa a partir dos 25 anos, quando há uma queda do colágeno, da elastina e de outros componentes

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Rejuvenescimento
1 de 1 Rejuvenescimento - Foto: Getty Images

A palavra rejuvenescer aparece com frequência no ranking das mais buscadas no Google, com um aumento de até 60% nas pesquisas nos últimos 12 meses. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mais de 1,5 milhão de procedimentos estéticos são feitos no país todos os anos. Isso mostra o quanto o interesse das pessoas pela melhora da aparência tem crescido e como a busca pela jovialidade surge de forma incessante.

Afinal, mesmo com tantas tecnologias disponíveis na indústria da estética e dermatologia, além dos lançamentos assíduos de novidades no que diz respeito a procedimentos ou tratamentos, pode-se dizer que a ciência conseguiu, de fato, atingir o patamar da capacidade de rejuvenescer a pele? Em busca dessa resposta, a Coluna Claudia Meireles conversou com a cirurgiã plástica, especialista em cosmiatria e gerente médica da Merz Aesthetics Brasil Ana Lucia Gonzaga da Cunha.

De início, a profissional menciona um novo braço da medicina estética — e, também, da medicina regenerativa —, que é a medicina estética regenerativa. Segundo ela, essa ciência existe há muitos anos, e tem como objetivo tratar tecidos lesados, fazendo com que eles sejam regenerados, ou seja, que eles voltem a ter a função e a arquitetura semelhante a um tecido jovem e saudável.

Hoje, muito se fala sobre a medicina estética regenerativa e a sua característica de tratar tecidos envelhecidos, que é diferente, conforme diz Ana Lucia, de um tecido que sofreu um trauma agudo, um processo muito mais crônico, mas que também existe. “O objetivo é trazer um aspecto melhor para aquele tecido”, conta.

Dra Ana Lucia Gonzaga da Cunha
Ana Lucia Gonzaga da Cunha é cirurgiã plástica, especialista em cosmiatria e gerente médica da Merz Aesthetics Brasil

Ana Lucia explica que a área de estudo também é um braço novo da medicina estética. “Hoje, quando falamos em medicina regenerativa estética, a finalidade é unir tudo isso para fazer com que o tecido não só pareça mais saudável, mas que ele de fato seja um tecido mais saudável e, com isso, proporcionar uma melhora da estética”, esclarece.

Melhoras constantes

Conforme a especialista comenta, é possível, com a medicina regenerativa, que uma pessoa fique melhor com o passar do tempo. “Vemos algumas atrizes que fazem tratamentos e parece que elas não envelhecem. Mas, normalmente, há uma combinação de tratamentos que preconizam esse estímulo de colágeno de longo prazo e fazem com que você consiga ter uma melhora completa da pele”, exemplifica.

Portanto, a premissa de “estar melhor amanhã do que hoje” é a possibilidade que uma pessoa tem ao se aplicar os tratamentos de uma forma contínua e intermitente, ou seja, uma vez por ano, por exemplo, fazendo a manutenção. “Você faz com que o paciente consiga, à medida que os anos passam, ficar com os tecidos mais saudáveis do que quando ele chegou”, justifica a médica.

Rejuvenescimento
É possível, sim, com a medicina regenerativa, que uma pessoa fique melhor com o passar do tempo

De acordo com a profissional, a curva do envelhecimento começa a existir a partir de 25 anos, quando há uma queda do colágeno, da elastina e de todos os componentes da pele.

A regeneração é possível?

Ana Lucia lembra que, inicialmente, acreditava-se que o corpo adulto não tinha muita capacidade de regeneração. Mas, o que é regeneração? Ela dá um exemplo.

“É quando uma criancinha faz um corte, mas não forma cicatriz, porque o corpo se regenera. À medida que você vai ficando mais velho, vai perdendo essa capacidade de regenerar, ou seja, formar um tecido com exatamente as características de um tecido saudável. Logo, eles começam a formar um substituto, quer dizer, uma cicatriz, que não tem as mesmas propriedades de saúde que um tecido deveria ter.”

Nos dias atuais, o que tem se estudado, segundo a médica, é justamente o que é possível fazer para que o corpo adulto, ou idoso, possa ter características de uma pele mais jovem, ou quais procedimentos  melhoram a arquitetura da cútis.

A derme jovem tem componentes e proporções diferentes de uma madura ou idosa. Então, quando se quer recuperar essa arquitetura, deve-se fazer com que ela tenha as proporções de colágeno, elastina e proteoglicanos que há em um tecido mais novo.

Inicialmente, acreditava-se que o corpo adulto não tinha muita capacidade de regeneração

Respondendo a pergunta central, a pele pode ser regenerada, na opinião da expert. “Quando se estimula o fibroblasto [célula que constitui a base do tecido conjuntivo], a derme pode, sim, voltar a produzir substâncias na mesma proporção que um fibroblasto do jovem produz”, confirma ela.

Sendo assim, não é simplesmente produzir colágeno, mas produzir colágeno, elastina, proteoglicanos e estimular vasos, com a mesma proporção que uma pele jovem.

Menos procedimentos, mais tratamentos!

Na opinião da profissional, a medicina tem se voltado cada vez mais aos tratamentos, em vez dos procedimentos. Isso porque, isolados, os procedimentos, como a aplicação da toxina botulínica ou do ácido hialurônico, não atuam como tratamentos de longo prazo para resultar em uma derme com tecido melhor e mais jovem.

“Eu acredito que tem que ser feita essa mudança em relação à simplesmente colocar muito volume no rosto de alguém. A cada dia, as pessoas têm ficado com medo desses resultados exagerados. Devemos pensar em como fazer aquele tecido funcionar melhor não só hoje, mas a longo prazo”, ressalta.

Produtos regenerativos

A cirurgiã pontua que, para considerar um produto regenerativo, ele precisa tanto restaurar a arquitetura, ou as proporções, quanto a função da cútis. “Entendemos que há produtos estéticos que são bioestimuladores, ou seja, são capazes de estimular a produção de algumas proteínas, como o colágeno, mas ele não necessariamente consegue estimular todos os componentes da região”, afirma.

Como essa é uma área ainda muito recente da medicina estética e da medicina regenerativa, não se sabe, completamente, o potencial de todos os produtos que se pode usar para criar uma regeneração, conforme diz Ana Lucia. “O laser, por exemplo, pode ser regenerativo, desde que consiga produzir um tecido com mais características e proporções de componentes parecidos com uma pele saudável. O problema é que, provavelmente, nem todos os lasers serão capazes de fazer isso”, fala.

Por outro lado, aparentemente, alguns produtos podem ter essa característica, segundo a cirurgiã plástica. É o caso do PDO (polidioxanona), um fio usado para estimular o colágeno. “Atualmente, ele é considerado um produto regenerativo”, compartilha a médica.

Lasers ou peelings, possivelmente, podem ter também esse atributo. E, eventualmente, dependendo de como se classifica, até a toxina botulínica poderia entrar com um princípio regenerativo, porque o objetivo dela é “parar a ação externa do músculo que está causando lesão na pele, e, com isso, ela poderia favorecer a regeneração do local”.

Não se sabe, completamente, o potencial de todos os produtos que se pode usar para criar uma regeneração

Paralelamente, o produto que mais está sendo estudado para essa finalidade, de acordo com a médica, é a hidroxiapatita de cálcio, um bioestimulador de colágeno. “Ele tem sido pioneiro na medicina regenerativa estética”, assegura.

Devo trocar os tratamentos pelas cirurgias plásticas?

“Essa é a pergunta de um milhão de dólares”, brinca a especialista. Embora as opiniões entre os médicos possam ser diferentes, Ana Lucia considera que a cirurgia plástica se aplica em pacientes que vão ter uma resposta limitada às tecnologias e aos produtos focados na regeneração.

Pessoas com a necessidade de retração de tecido muito grande ou uma necessidade de tirar excessos, seja de gorduras ou de pele, supostamente, as técnicas não invasivas ou pouco invasivas não são capazes de dar um resultado satisfatório, de acordo com a profissional.

“Em algumas áreas, nós sabemos que o resultado da cirurgia plástica é muito benéfico, como a pálpebra. Pode ter tratamentos regenerativos nessa região, porém, muitas vezes, a cirurgia vai ser muito resolutiva”, expõe.

Cirurgias plásticas
A cirurgia plástica se aplica em pacientes que vão ter uma resposta limitada às tecnologias e aos produtos focados na regeneração

Já na região da face, Ana Lucia costuma realizar tratamentos regenerativos inicialmente, postergando a indicação de cirurgias. “Isso vai ter que ser avaliado de paciente para paciente, mas, em geral, nós consideramos o momento em que os tratamentos estéticos vão ser insuficientes para ter o resultado que aquele paciente deseja”, frisa.

A especialista acrescenta que a decisão também está relacionada com o objetivo de cada pessoa e a percepção do médico que irá atendê-la. “Tem pacientes mais velhas que querem a indicação de cirurgia plástica, mas elas não querem mudanças tão bruscas. Ou, então, como o profissional considera que ele consegue entregar o melhor resultado”, finaliza.

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