Cirurgião vascular Thiago Melo explica causa das varizes
De acordo com o especialista, o principal fator de predisposição para varizes não está relacionado a hábitos saudáveis. Saiba o que é!
atualizado
Compartilhar notícia
Após ficar muito tempo sentado ou em pé, você sente a sensação de pernas pesadas? Frequentemente, surge uma queimação ou formigamento na região que se intensifica ao final da tarde ou à noite? Ou, ainda, ao vestir uma calça ou um short, notou o aparecimento de alguns vasinhos? As situações descritas são alguns dos sintomas das varizes, veias dilatadas com coloração púrpuro-azulada. Quando não tratada, a condição pode desencadear doenças graves.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a doença relacionada à falta de circulação acomete 40% da população adulta. Para explicar e sanar algumas dúvidas sobre a condição, a coluna Claudia Meireles conversou com o cirurgião vascular Thiago Melo. Atualmente atendendo pacientes em cidades baianas, o médico abrirá em breve um consultório em Brasília. A unidade será especializada em tratamentos estéticos de varizes.
O especialista informa que o principal fator de predisposição para a doença não está relacionado a hábitos saudáveis. “É a hereditariedade”, ressalta. Contudo, agravam a condição: tabagismo, obesidade, sedentarismo, atividades laborais que mantém a pessoa estática, uso de anticoncepcionais à base de estrógenos e terapias de reposição hormonal. Gestações múltiplas também podem complicar o quadro. Sobre o surgimento das varizes, Thiago destaca que ocorre por fragilidade do vaso venoso e por falha hemodinâmica na drenagem venal.
“Tanto os vasinhos quanto as varizes fazem parte de uma única enfermidade, que é a doença venosa crônica. Por conta disso, o paciente deve ser avaliado e investigado por um angiologista ou cirurgião vascular”, reforça Thiago. Em casos “bem” iniciais, as queixas são referentes ao incômodo com a aparência, segundo o médico: “Procuram um profissional mais por questão estética”.
Com a evolução do quadro, podem aparecer edemas, veias dilatadas, escurecimento da pele e até a formação de úlceras venosas (feridas ocasionadas pelas varizes) nas pernas. Para tratar os diversos casos, o médico explica que os profissionais buscam ao máximo não expor os pacientes a métodos arriscados. “Tentamos indicar o mínimo possível de cirurgia”, enfatiza. Devido aos avanços na medicina, atualmente, há técnicas “não tão invasivas”:
“Temos protocolos quase ou sem cortes. São eles o endolaser, a Técnica de Ablação Térmica Total Assistida (ATTA), o laser transdérmico, a espuma densa de polidocanol e Crio Laser e Crio Escleroterapia (CLaCS). Contamos com as funcionalidades de realidade aumentada e da sedação com óxido nitroso”. Dependendo da situação, os especialistas adotam os procedimentos tradicionais. Por exemplo, a cirurgia com safenectomia por extirpação (retirada da safena doente) e fleboextrações (retirada de varizes) com microincisões.
Nas consultas com Thiago Melo, os pacientes o questionam a respeito de remissão dos sintomas (controle) e melhoria estética. O cirurgião vascular esclarece que as varizes só “retornam” quando o problema não é tratado corretamente e de forma eficiente. “Quase como enxugar uma pia com a torneira aberta. Se não resolvermos o problema hemodinâmico do paciente, continuaremos a tratar as recidivas. Ou seja, não existe isso de ‘queimar os vasinhos’ em um profissional”, salienta.
Segundo o especialista, toda doença venosa precisa ser analisada por meio de ultrassom com Doppler, avaliação hemodinâmica e definição de plano terapêutico. Perguntado sobre o desencadeamento de outras doenças a partir das varizes, o profissional fez uma explicação do que realmente está sujeito a acontecer com o paciente, caso não trate a condição. Ocasionada por uma variz, a estase sanguínea pode acarretar uma tromboflebite (trombose de vaso superficial).
Ao evoluir, o quadro evolui para uma trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. “Porém, é incomum”, aponta Thiago. Outra complicação da estase é a úlcera venosa, em outras palavras, uma ferida aberta na perna. Enquadram-se nos grupos de risco das varizes pessoas com histórico familiar, obesos, tabagistas, sedentários e em uso de anticoncepcionais combinados. De acordo com o cirurgião vascular, alguns atitudes ajudam a prevenir o surgimento das veias dilatadas.
Os hábitos elencados por Thiago já são conhecidos por contribuírem para a saúde como um todo. Veja quais:
- Prática de atividade física;
- Combate ao sedentarismo;
- Cessação do tabagismo;
- Alimentação saudável;
- Tratamento precoce em fases iniciais; e
- Trocas de anticoncepcionais.
Perdura a informação de que sapatos ou meias podem influenciar no aparecimento das varizes. O especialista revela que a questão “nunca foi comprovada cientificamente e virou um mito”.
“O ideal é não utilizar tanto sapatos com salto, pela não compressão da panturrilha, mas nada comprovado. Busque estar sempre em movimento, principalmente, em trabalhos estáticos”, reitera o cirurgião vascular.
Como forma de minimizar ou reverter os sintomas, há quem recorra às meias de compressão. Em relação ao uso da peça, o médico foi categórico: “Não existe uma fórmula mágica. Todos os pacientes devem ter seus tratamentos individualizados. Depende da classificação do grau de varizes de cada um”. Antes de calçar as meias compressivas, Thiago destaca que é primordial procurar um especialista para orientar a terapêutica mais eficiente.
Sobre o especialista
Graduado pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Thiago Melo fez duas residências, sendo a primeira de cirurgia geral na mesma instituição. Já a segunda foi em cirurgia vascular, na Beneficência Portuguesa de São Paulo, com a instrução do conceituado especialista Bonno van Bellen. Mais adiante, ele adicionou ao currículo o curso de fleboestética (tratamento inovador de varizes) ministrado pelos médicos Daniel Amatuzi e Aline Lamaita.
Embaixador da Técnica Ablação Térmica Total Assistida (ATTA), Thiago atua como professor universitário da Faculdade São Francisco de Barreiras (Unifasb), na Bahia. Ele cursa o mestrado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Atendendo em solo baiano, o cirurgião vascular também abrirá um consultório modelo de fleboestética em Brasília. Na unidade fixada na capital, o especialista será sócio de Rafaella Melo e Wallace Marrazzo.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.