6 filmes (e uma série) que não devem passar despercebidos
Na abundância de escolha oferecida pela Netflix, estas joias merecem atenção
atualizado
Compartilhar notícia
Com as salas de cinema de todo o mundo fechadas e os eventos culturais e esportivos cancelados devido à pandemia do coronavírus, os canais de streaming têm se consolidado como uma boa opção de entretenimento em casa. O catálogo da Netflix é extenso e eclético. Em tempos de isolamento social, porém, qualquer um fica sem saber o que assistir depois de uma maratona de A Máfia dos Tigres, mais recente sucesso da plataforma.
Nesse momento sensível que o mundo enfrenta, a empresa evita divulgar seus números totais de audiência. Porém, pelos dados da minissérie baseada em fatos reais lançada em 20 de março, é possível ter uma ideia: mais de 34,3 milhões de espectadores dos Estados Unidos assistiram a produção apenas nos primeiros 10 dias de lançamento, de acordo com a empresa de dados Nielsen.
Além dessa produção, o canal oferece milhares de títulos, incluindo filmes e séries originais. Para te ajudar na escolha, convidamos Luiz Estevão de Oliveira, sócio e editor da editora Metrópoles apaixonado pela sétima arte para indicar alguns títulos.
“Selecionei seis filmes que correm o risco de passarem despercebidos, mas que valem uma atenção maior, da comédia escrachada ao drama familiar”, conta o roteirista e diretor nas horas vagas.
Oeste Sem Lei, de John Maclean
Talvez o melhor western a aparecer desde Os Imperdoáveis (Clint Eastwood, 1992). Conta a história de um adolescente escocês, Jay (Kodi Smit-McPhee, de X-Men: Apocalipse), recém-chegado no velho oeste americano em busca de sua noiva, que chegou com o pai no continente um pouco antes. Precisando de um guia, Jay contrata o misterioso e provavelmente criminoso Silas (Michael Fassbender). Nada sai como o esperado, pois o jovem nem imagina que a noiva está fugindo de caçadores de recompensa, ela e seu pai, acusados de um crime.
Contemplativo e surpreendente, o filme passa por uma reinterpretação de praticamente todos os temas que foram incorporados ao gênero western nos últimos 100 anos. Com apenas 1h20 minutos de duração, é mais grandioso que os épicos antigos.
Logan Lucky – Roubo Em Família, de Steven Soderbergh
Channing Tatum, Adam Driver e Riley Keough são irmãos mirando um grande furto durante uma prova da Nascar no sul dos Estados Unidos. O único empecilho para o plano é que o melhor arrombador de cofres que eles conhecem, Joe Bang (Daniel Craig), está preso. Ao plano do furto, portanto, se soma uma fuga de presídio. Os próprios personagens se referem a esse enredo mirabolante como uma versão caipira de Oito Homens e Um Segredo.
Criticado pelos sotaques sulistas exagerados e uma falsa percepção de caricatura sobre uma região americana, o filme foi pouco visto na estreia. Pena, pois se enganaram. Além de competente e divertidíssimo, é uma ode aos laços familiares que unem estes personagens.
Assunto de Família, de Hirokazu Koreeda
Isolados em casa, preocupados com a saúde de quem amamos, eis aqui um filme que explora o próprio conceito do amor familiar. Osamu (Lily Franky) é o patriaca de uma família que vive às margens da sociedade moderna japonesa. Vive de pequenos furtos e golpes, que ensina ao seu filho. A esposa trabalha em uma lavanderia e a filha, como acompanhante. Ainda mora com eles Hatsue (Kirin Kiki), a avó dos meninos. Um dia, Osamu e a mulher encontram uma criança abandonada, com claros sinais de abuso pelos pais, e a tiram de casa, levando-a para fazer parte de seu próprio círculo familiar.
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, esse drama teve pouca repercussão no Brasil. Assisti-lo nestes tempos, em que queremos nos sentir tão próximos de nossas famílias, trará um novo entendimento sobre o amor que sentimos por nossos entes mais próximos.
Jóias Brutas, de Benny & Josh Safdie
Completamente ignorado pelo Oscar, um dos melhores filmes do ano passado é uma montanha-russa de tensão e agonia enquanto acompanhamos poucos dias na vida de Howie Ratner (Adam Sandler), um joalheiro de Nova York viciado em apostas.
Tentando pagar uma dívida com o dinheiro de outras, Howie espera realizar uma venda grandiosa de uma pedra Onyx que acaba de receber da África. Tudo dá errado e Howie sofre pressões de todo lado: da máfia russa, do sogro, do cunhado, da esposa e da amante. Quem tem uma participação marcante é o ex-jogador da NBA Kevin Garnett, interpretando a si mesmo.
Não recomendo para os mais ansiosos. Quem conhece Sandler apenas por meio de suas comédia juvenis terá uma bela surpresa ao vê-lo navegando este submundo específico da cidade Nova York, exuberante, cacofônica e cheia de vida, uma condição oposta à de hoje, no epicentro da pandemia nos Estados Unidos.
30 Minutos ou menos, de Ruben Fleischer
Outra história que também parece um barril de pólvora, porém bem mais engraçada, é a enrascada em que se mete Nick (Jesse Eisenberg), um entregador de pizza raptado por dois criminosos e forçado a assaltar um banco enquanto usa um colete explosivo.
Aziz Ansari, como o melhor amigo Chet, ainda era desconhecido quando o filme foi lançado, em 2011, e é a estrela cômica do longa. Diálogos hilários e pouco senso do politicamente correto são outros elementos importantes para o filme funcionar, além de uma série de personagens estapafúrdios, como um assassino de aluguel e uma figura paterna opressiva.
Críticos ligaram o filme a um caso real dos Estados Unidos, em que um homem morreu ao explicar para a polícia que fora obrigado a usar um colete explosivo para assaltar um banco, um paralelo que fez com que a trama fosse pouco vista.
Raul – O Início, o Fim e o Meio, de Walter Carvalho
Porque não aproveitar o momento para relembrar a vida de um dos maiores roqueiros da música brasileira? Raul Seixas é reconhecido por todos, mas poucos sabem sua verdadeira história de vida. Esta produção, do renomado fotógrafo e diretor Walter Carvalho, traz uma apuração extensa da vida e carreira do ícone. Impossível caber tudo sobre o grande Maluco Beleza em um filme só. Este, porém, é um belo exemplar.
Bônus: The Defiant Ones, de Allen Hughes
Condensar toda a história do hip-hop, do pop e do rock americano nas figuras de Dr. Dre e Jimmy Iovine foi um acerto. Os dois produtores musicais, um baseado na California, e outro em Nova York, com os Estados Unidos inteiros entre eles, traçaram caminhos diferentes, porém paralelos, até juntarem forças para formar a empresa Beats e ficarem bilionários ao vendê-la para a Apple.
Em quatro episódios, a série mostra a criação de vários dos maiores discos dos últimos 40 anos e as mudanças na indústria musical que transformaram o mercado.
Aumento exponencial
Com a grande procura do público, a Netflix teve que reduzir a qualidade do streaming na Europa para preservar o bom funcionamento da internet durante a crise do coronavírus. Além disso, precisou fazer em pausa em todos os trabalhos em fase de produção, segundo Ted Sarandos, diretor de conteúdo da plataforma.
Ainda assim, um levantamento da empresa Recurly Inc mostrou que as assinaturas pagas para streaming de TV e vídeo aumentaram 32% nos Estados Unidos na semana de 16 de março.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.