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Instituto Cultura Arte e Memória LGBT é lançado em Brasília

A instituição se baseia no tripé pesquisa, acervo e difusão da cultura produzida pela comunidade

atualizado

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1 de 1 instituto3 - Foto: Divulgação

“A memória LGBT tem sido contada como uma colcha de retalhos”. É assim que o professor da UnB Felipe Areda (na foto acima) começa a apresentação no lançamento do Instituto Cultura Arte e Memória LGBT, em Brasília. O grupo quer reconectar esses retalhos, ou seja, reconectar-se com você e com todos nós, como comunidade.

Fundada em 3 de dezembro de 2016, a instituição se baseia no tripé pesquisa, acervo e difusão da cultura produzida por gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e toda a fauna e flora que colore a bandeira do arco-íris. Tudo isso, além de buscar contar a nossa história. Não a “história dos LGBTs”, mas a História pelos olhos da gente e com nossas palavras.

Um dos principais focos do trabalho de Areda, como diretor do instituto, é a batalha contra o apagamento da memória da nossa comunidade. Uma forma de nos lembrar que, assim como nós agora, outros também produziram produtos culturais que falavam de orientação sexual e de gênero – um debate que, para muitos, teria nascido há pouco tempo.

E essa luta já começou com o nome do instituto. O dia da fundação também era aniversário de morte do artista plástico gay Darcy Penteado, que seria homenageado dando nome à instituição. Darcy fez a primeira exposição de arte homoerótica, em 1946, e sonhava com o museu LGBT no Brasil. Porém a família não permitiu que seu nome batizasse o grupo, justificando que ele era um artista e não era “só isso”. Como se, ao identificar sua arte como gay, ela se tornasse menos arte.

Na verdade, o olhar deveria ter um outro sentido: a arte do Darcy é excelente e ela, além de tudo, é também gay. E são esses apagamentos que nós não podemos deixar acontecer!

Com o seu lançamento para a comunidade, que rolou no domingo (9/4), os organizadores expuseram o plano de instituir um lugar no centro de Brasília – de onde tradicionalmente os LGBTs são expulsos, apesar da resistência –, como forma de ocupar os espaços. O local terá uma biblioteca especializada, salas para cursos e eventos culturais. A previsão de inauguração é setembro de 2017.

Para a manutenção do instituto, seus fundadores querem contar com a comunidade por meio de doações financeiras e outros tipos de suporte. Também há um plano de economia criativa com uma loja que venda a produção de artistas LGBTs. Essa ideia veio nos moldes do The Leslie Lohman Gay Art Foundation, o museu de arte gay de Nova York, mantido pela própria comunidade LGBT.

Para colaborar com o instituto, ou para conhecer as suas possibilidades, o endereço eletrônico é instituto.lgbt. Você pode falar também com Rosana, no telefone 61-98115-3384. (Repare que o endereço é .lgbt e não .com <3)

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Recentemente, a pensadora Sarah Schulman disse que se a epidemia de HIV acontecesse agora, morreríamos todos, porque a comunidade LGBT perdeu o sentimento de grupo. Os ataques a que todos temos sido vítimas, nas mais diversas instâncias, nos coloca a necessidade urgente de nos reconectarmos com o outro que nos é semelhante.

Um retalho solto é extremamente frágil, mas a colcha, quando bem costurada, é surpreendentemente protetiva. E precisamos todos dessa proteção.

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