Carnaval: cair na folia ou manter os estudos para concursos?
Dilema aparece em todo feriado. Saiba como fazer a escolha certa para o caminho da aprovação
atualizado
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Outro feriado, outro Carnaval, e os concurseiros se perguntam se deveriam ou não estudar enquanto o calendário, as redes sociais e a televisão ficam martelando que é hora de folia. Alguns escolhem reduzir o ritmo, descansar e passear, outros preferem cair na folia, e um terceiro grupo se tranca em casa para estudar. A questão é sempre a mesma: qual a melhor escolha sem gerar um sentimento de culpa?
Duas reflexões ajudam na resposta mais assertiva e, naturalmente, uma leva à outra. A primeira é entender qual é a prioridade do momento. Em seguida, avaliar o que se ganha e o que se perde a partir da escolha. Seja parar o plano de estudos por quatro ou cinco dias, seja ter mais tempo para se dedicar.
Concurseiros não são proibidos de se divertir – ainda que muitos pensem assim –, só precisam se organizar melhor para que o projeto não perca o rumo e o ritmo fora das brechas do calendário.
Pode ser que o candidato precise mesmo descansar a cabeça, ir se divertir, e festejar represente um ganho enorme de energia e motivação para seguir adiante. Uma decisão legítima e justa. Se a escolha for por uma viagem com uma programação mais leve, o melhor mesmo é não levar materiais de estudo e retomar a preparação depois dos dias de tranquilidade.
Mas há sempre o outro lado, aquele que associa uma dor e uma sensação de frustração e lamento por estar em casa, estudando, enquanto “tá todo mundo se divertindo”. Somada a toda carga emocional de sofrimento tão comum ao universo dos concursos – como se fosse algo que legitima o direito ao benefício de uma carreira bem-sucedida –, essa perspectiva pode provocar desgaste e prejudicar o plano de estudar no feriado.
A maior questão a ser avaliada está na crença de que o calendário social determina a agenda pessoal. A pressão é tão grande que fica parecendo que estranhos são aqueles que não querem compartilhar confetes e serpentinas. O que nem de longe é verdade.
Organizando o planejamento
O ideal é a antecedência, prever o que se fará nos dias de feriado, para programar antecipações e adiamento de tarefas. Da mesma maneira, os dias de calmaria e folga do trabalho são bons para quem quer acelerar os estudos, sempre com o cuidado para evitar incumbências acima da capacidade de cumpri-las.
No quesito prioridade, é preciso levar em conta se há um edital previsto para uma data próxima, publicado ou provas marcadas, e observar prós e contras de abrir mão do tempo ou de se dedicar. Se o estudo está sendo feito antecipadamente, torna-se mais fácil uma reprogramação, garantindo uma pausa para outras atividades, por exemplo.
Responsabilidade pelas escolhas
O ponto essencial é assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas sem peso, sem sofrimento. Via de regra, a maior parte dos concurseiros opta por esse caminho como forma de melhorar de carreira e de vida, e não por se tratar da sobrevivência. De igual maneira, são adultos que têm capacidade de se decidir autonomamente, sem imposição de outros. Ainda quando agem como se fossem obrigados à missão.
A postura mais prejudicial de toda a preparação é a de vítima. Alguém que abre mão “de tudo e todos” para um “bem maior” e busca apoio em sua dor. Mal se dão conta de que o vitimismo é, além de incoerente, muito improdutivo, um alimento perfeito à procrastinação e ao sentimento de culpa.
O que motiva esse pensamento nem é só algo individual, pois há uma atmosfera cultural bastante poderosa. A educação é desvalorizada desde os primeiros anos escolares, tal qual a meritocracia conquistada a partir dela. A instrução superior é tida como um “mal necessário” para uma remuneração mínima no mercado de trabalho, algo que garanta a sobrevivência, e a classe dos professores é vista como um sacerdócio e não uma profissão que pode ser vantajosa e valorizada.
Concurso é construção de carreira
Não há o incentivo ao sentimento de orgulho por escolher estudar, ser aprovado nas provas e conquistar a carreira pública. Ele só aparece depois da posse, geralmente por um breve período, seguido de um novo ciclo de reclamações, agora como servidor de carreira.
Esse é o ponto de virada, de mudança de mentalidade. Fazer concurso público é um projeto de carreira que passa por um momento de dedicação ao aprendizado das disciplinas exigidas nas avaliações e, inevitavelmente, por um processo de autoconhecimento e construção de autonomia. É análogo a uma capacitação. Se a escolha por essa jornada foi feita a partir de motivações legítimas, não há espaço para o vitimismo.
Os concurseiros são um grupo bem pequeno em comparação à população, e menor ainda o daqueles que se dedicam exclusivamente. Têm a missão de promover uma mudança na maneira como a estrutura estatal é oferecida à população, servir ao público. Ainda que essa tarefa tenha estado em segundo ou terceiro plano na lista de motivos. Comumente, atrás de razões exclusivamente pessoais, como a estabilidade e os bons salários.