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O amor de Eduardo & Mônica e Léo & Bia: os casais mais famosos do DF

Imortalizados pelas canções de Renato Russo e Oswaldo Montenegro, os romances que nasceram em Brasília avançam no tempo

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Os dois casais mais fortes do imaginário cultural de Brasília souberam amar e enfrentaram as delícias e as dores de permanecer juntos. Eduardo & Mônica e Léo & Bia viveram as alegrias e o tédio da vida a dois tendo a capital como uma paisagem ora instigante ora opressora.

Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
como castelos nascem dos sonhos
pra no real achar seu lugar
como se faz com todo cuidado
a pipa que precisa voar
cuidar de amor exige mestria
e Léo e Bia souberam amar

Oswaldo Montenegro

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

Renato Russo

Tanto Renato Russo como Oswaldo Montenegro inspiraram-se em amores de carne e osso para criar canções livres que se desdobraram em outras formas de arte. Volta e meia, somos apresentados, na vida real ou nas redes sociais, aos supostos amantes. Outro dia, soube que Bia estava no Pará e “Eduardo”, despachando no Ministério do Meio Ambiente.  Será?

Casal em movimento

De canção, o romance de Léo & Bia virou musical em 1984, com Isabela Garcia e Teresa Seiblitz (começando a carreira). Ficou um ano no Teatro Vanucci e levou mais de 500 mil espectadores. Ganhou remontagem recente, foi para a tela de cinema e batizou um casal de girafas no zoológico de Brasília. O amor de Eduardo & Mônica segue trajetória similar. A letra inspirou filme pelas mãos de René Sampaio e é, constantemente, adaptada para o teatro.

Composta por Oswaldo Montenegro em 1979, a canção “Léo & Bia” foi um presente de casamento para os amigos Léo e Bia (nomes reais), que celebrariam a união em Brasília e teriam o cantor e compositor como padrinho. O matrimônio acabou no Grajaú, no Rio de Janeiro. Ao compor a canção, o poeta a envolveu com a inquietação sobre a escala monumental de Brasília, que transforma “seres humanos” em “formigas” e parece tirar a possibilidade do encontro entre seres apaixonados.

No centro de um planalto vazio
como se fosse em qualquer lugar
como se a vida fosse um perigo
como se houvesse faca no ar
como se fosse urgente e preciso
como é preciso desabafar
qualquer maneira de amar varia
e Léo e Bia souberam amar

Oswaldo Montenegro

Escrito seis anos depois da canção, o musical “Léo & Bia” transporta esse mote para outro âmbito: a luta pela liberdade de ser e estar numa Brasília de 1973, cerceada pela ditadura militar. Apesar de usar a ficção na ficção, Oswaldo não deixou de contrapor a cidade seca e fria com o calor humano dos apaixonados.

No centro de um planalto vazio
como se fosse em qualquer lugar
como se a vida fosse um perigo
como se houvesse faca no ar
como se fosse urgente e preciso
como é preciso desabafar
qualquer maneira de amar varia
e Léo e Bia souberam amar

Oswaldo Montenegro

 

Muitos


Eduardo & Mônica brotaram da cabeça de Renato Russo, em 1981, mas só foi gravada, em longos cinco minutos, em 1986, no álbum “Dois”. O casal é um espectro de várias relações que o autor vivenciou na adolescência, sobretudo, na convivência com uma amiga arquiteta e seu namorado. Ela, dona de um coleção de vinis importados. Ele, expert em história medieval.

“Renato Russo dizia que escreveu a letra a partir da observação de encontros e desencontros de casais amigos próximos dos tempos de Brasília. Entre eles, uma amiga bem próxima, a artista plástica Leo (Leonice) Coimbra, que estava começando a namorar um cara mais jovem, seu futuro marido, Fernando Coimbra”, Carlos Marcelo, autor do livro “Renato Russo – O Filho da Revolução”.

A canção, que resiste ao tempo pelo contraste e bom humor, virou uma febre em 2011, quando ganhou uma campanha publicitária em comemoração aos 25 anos da gravação e mostrou que as diferenças podem se transformar numa plataforma para uma vida a dois de respeito.

Afinal, “quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração”

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