4ª temporada de “Black Mirror” não destrói mentes, mas mantém sucesso
Seriado da Netflix apresenta sinais de desgaste, porém, segue como importante produção de suspense contemporânea
atualizado
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Antes de tudo, “Black Mirror” nunca bugou a minha cabeça, nem ao menos me deixou chocado. No entanto, seria uma prepotência absurda não reconhecer a qualidade do seriado – mesmo que algumas resenhas supervalorizem a obra.
A 4ª temporada de “Black Mirror”, divulgada pela Netflix, mantém o padrão de qualidade. Ao olhar o conjunto recente (leia-se os últimos dois anos) é fácil entender o motivo da produção fazer tanto sucesso entre millennials.
A série não fala do futuro. Explora – com claros contornos de exagero – o presente distópico que vivemos. Em “Arkangel”, episódio dirigido por Jodie Foster, a vigilância materna é elevada a enésima potência com a implementação de um chip que permite a matriarca acompanhar todos os passos da filha.
É exagerado? Sim. Mas, com certeza, reflete nossa realidade, com apps que restringem conteúdos nos celulares e sistemas de gps capazes de indicar a localização em tempo real.
A 4ª temporada, apesar de boa, liga um sinal de alerta. A fórmula “Black Mirror” começa a apresentar sinais de desgaste. Confesso não conseguir ter a mente bugada porque tudo é muito previsível: apresenta-se a tecnologia inovadora, as consequências começam a aparecer e, por fim, o protagonista surta ou é atingido de alguma forma pela “crueldade” do invento.
Apesar da trama repetitiva, a série toca fundo no medo dos millennials (e de outras gerações). No mundo atual, o pânico da solidão, do desespero diante da inovação, da adequação aos rigorosos padrões estéticos das redes sociais e do isolamento tecnológico são reais, além de causar ansiedade e depressão em boa parte dos jovens.
E, atualmente, ninguém toca melhor nesses assuntos do que “Black Mirror”.