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Ricco Burger alia boa vibe a serviço eficiente e comida de qualidade

A casa comandada pela chef Renata Carvalho é uma boa novidade no ramo das hamburguerias

atualizado

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Guardo uma admiração pela forma como a chef Renata Carvalho desenha seus projetos gastronômicos – do conceito ao sistema de serviço. Gostava muito daquelas tardes de domingo aos fundos do então Loca Como Tu Madre com o finado Ancho Bistrô de Fogo, regado a bons drinques, boa música e feirinha. Passear pelas araras de roupas descoladas, pelos discos do Marcondes & Co., ouvindo um som do Esdras Nogueira e, enfim, sentando para comer um belo choripán, tomar um clericot. Uma veia hipster salta à altura da minha jugular agora.

Digo isso, pois entendo que o fator experiência resume a parte mais significativa desta perspectiva do entretenimento e do consumo da gastronomia – afinal, não estamos falando meramente de culinária e de subsistência ao pensar na alimentação fora do lar.

A motivação não era apenas a comida. Há o fator vibe, o serviço, claro.  No caso do novo empreendimento de Renata Carvalho, o Ricco Burger, aberto no finzinho do ano passado na 306 Sul, noto que seu modelo de operação é um dos mais acertados nesta emergente – e um tanto saturada – categoria.

Quem teve a primeira sacada neste recente frisson das hamburguerias de Brasília foi, certamente, o Páprica Burger, ao absorver a dinâmica de atendimento de fast-food, porém conferindo um aspecto mais moderninho à ambientação, combinando arquitetura, design de interiores e trilha sonora.

Obviamente, nenhum esforço para criar atmosfera e servir bem vingará se, ao final de tudo, a comida for ruim. Pois o que mais há espalhado pelo DF são hambúrgueres sem graça, com pão massudo e carne fibrosa disfarçados com muito queijo e bacon.

 

O Ricco apresenta um projeto arquitetônico de aspecto inacabado, revelando os intestinos da obra, porém envolto de inegável charme. Chega-se à porta e logo forma-se fila. Não se assuste, o atendimento costuma ser ágil. Decidido o que comer, basta escolher onde se sentar e aguardar ser chamado.

No menu há excessos. Dispensaria, a maionese trufada do sanduíche que leva ainda rúcula e bacon (R$ 34). Maldito raio gourmetizador, que consegue ao mesmo tempo corromper o sabor natural da trufa e torná-la enjoativa, banal.

Por outro lado, o burger com o tal leite de unicórnio (uma cor azulada apenas acrescentada ao pão) traz um elemento kitsch divertido para a proposta. Imagino ter sido um substituto do pão de carvão ativado que estava no menu à época da inauguração. Em tempo: a receita é incidental, fica só até o dia 21.

Para além desses, provei a receita da chef, uma combinação um tanto tradicional, baseada também em bacon e queijo, numa proporção ideal para não suprimir o sabor da carne (R$ 34).

Também há um hambúrguer chamado Romeu e Julieta (R$ 36), nome pelo qual podemos imaginar a composição. Considero o queijo Canastra meia-cura muito forte para compor um burger. O catchup de goiabada certamente leva a um melhor equilíbrio.

Percebo, contudo, que o pão carece de melhor fermentação, talvez um problema de receita mesmo, de forma a obter uma massa mais fofa, leve. Ainda assim, está acima da média encontrada por aqui. Sobre o blend do disco de carne, há um ótimo trabalho na parrilla, ponto correto, avermelhado, suculento.

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Casa oferece batata frita e outros acompanhamentos
O antigo barzinho do Ancho Bistrô de Fogo dá lugar a uma filial da Cervejaria Colorado
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Guilherme Lobão/Especial para o Metrópoles
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O antigo barzinho do Ancho Bistrô de Fogo dá lugar a uma filial da Cervejaria Colorado

Guilherme Lobão/Especial para o Metrópoles

 

As guarnições me agradam, à exceção dos nuggets de hambúrguer, cujo empanado não apresenta muita aderência à carne (R$ 18). Batata frita palito crocante, fininha, muito parecida com a do Páprica, aliás, e um tal de madiopoca. Deliciosas bolinhas fritas de macaxeira. Um bom petisco. Molho à vontade (esbalde-se no catchup apimentado) e picles de cebola-roxa, de pepino e de maxixe (devendo mais acidez).

Cereja do bolo da experiência do Ricco se ampara no menu de bebidas. Que ótima ideia preparar refrigerantes naturais (chamados meramente de refrescos). Guaraná, mexerica, limão e uva somados a água com gás (R$ 7 cada). Coisa rara de se encontrar por aqui.

Afora os soft drinks, há uma linha de milk-shakes daqueles exagerados. Não costumo gostar dessas invencionices, porém, a receita que leva o famoso Bolo da Ivone, de chocolate com coco, é um alento (R$ 24).

Para além das bebidas leves, o antigo barzinho do Ancho Bistrô de Fogo dá lugar a uma filial da Cervejaria Colorado. O Ricco desdobra-se em muitos ecossistemas: o balcão à frente da parrilla, de onde saem os burgers, o andar de cima, mais reservado, e os fundos, com música alta e ar livre. São diversos ambientes em torno de uma boa comida e de uma agradável experiência.

Ricco Burger
Na 306 Sul, Bloco C, loja 28. (61) 3551-7064. De terça a domingo, das 12h às 23h. Ambiente interno e externo. Wi-fi. Aberto em 2017

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