Saiba como o culto ao pênis pode prejudicar sua sexualidade
Sexóloga fala sobre falocentrismo e explica como a dita “masculinidade tóxica” pode interferir na vida sexual de homens e mulheres
atualizado
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Já ouviu falar em falocentrismo? Por mais que a palavra possa parecer desconhecida, seu significado está enraizado na sociedade e, junto à maior parte da pornografia, pode estar influenciando negativamente a sexualidade das pessoas – tanto de mulheres, quanto de homens.
O falocentrismo trata-se, segundo a sexóloga Luísa Miranda, de uma espécie de culto ao pênis. “Há um pensamento de que sexo se resume à penetração, o que, automaticamente, dá poder sexual exclusivo ao homem”, explica.
A maior parte da indústria pornográfica contribui para reforçar a ideia. “Nos filmes, o prazer masculino está diretamente ligado ao pênis e seu tamanho, e à ejaculação. Isso influencia na manifestação da sexualidade, porque se o homem é ensinado a acreditar no roteiro pornográfico como o certo, quando ele não consegue ter aquele comportamento ele se frustra e se sente menos homem”, aponta a especialista.
“Essa busca irreal acaba se transformando num temor por desempenho. Mas quanto mais ele busca, maior a chance dele se frustrar. A inadequação àquela realidade traz uma sensação de angústia, de não se sentir pertencente. Isso pode trazer problemas difíceis de resolver, incluindo disfunção erétil e ejaculação precoce”, completa.
Por outro lado, a sexóloga deixa claro que o pornô não é o vilão da história. “O problema não é o filme, é a educação que deveria existir por trás do filme, mas não existe. Quando vemos um filme de super-herói, sabemos que aquilo não é real porque nos ensinaram que não era real. A gente deveria ter esse mesmo olhar lúdico sobre a pornografia. A culpa é da sociedade, que vende isso como um modelo a ser seguido”, constata.
Por essas e outras, “masculinidade tóxica” foi eleita a expressão do ano em 2018, segundo o Dicionário Oxford – que usa como critério o que mais atraiu a atenção das pessoas de acordo com suas buscas na internet. Mesmo tendo teor masculino, o falocentrismo interfere na vida sexual da sociedade de uma forma geral.
É prejudicial às mulheres pelo fato de a frustração do homem se estender também à performance delas; uma idealização de como elas teriam que ser e do que elas deveriam fazer.
Pornô consciente
Mesmo que a pornografia não seja a culpada, existe um movimento para a humanização desse tipo de filme. “Tem uma crescente demanda nesse mercado, principalmente voltada para o público feminino, e isso é ótimo”, finaliza.