Punheta do ódio: é normal se masturbar pensando em quem odeia?
A coluna Pouca Vergonha conversou com dois especialistas para entender um pouco mais sobre a prática
atualizado
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Se masturbar fantasiando alguém que você não gosta ou odeia aparentemente não é tão incomum quanto se pensa. Ávidos espectadores da série Sex and the City vão se lembrar da personagem Miranda, que se masturbou pensando em um funcionário que foi rude com ela.
Segundo a psicóloga Daniela Sousa, o sexo anda de mãos dadas com noções de poder e dominação. “Para algumas pessoas, sair imaginando alguém que odeia ajuda a sentir que está no controle”, disse a profissional. “Isso lhes dá uma sensação de poder, de poder usar essa pessoa como fonte de prazer“.
Ela explica que, apesar de parecer uma prática isolada, muitos pacientes relatam sentir tesão com os “inimigos”. “Tem desde alguém que fica excitado com uma briga de anos, como pessoas que detestam figuras políticas, por exemplo, e se imaginam transando com elas”, relata.
O psicoterapeuta Marcos Guimarães frisa ainda que se masturbar pensando em pessoas que odiamos é uma maneira de liberar culpa e vergonha e reivindicar uma posição de domínio – principalmente quando alguém nos machuca ou controla. “Inconscientemente, estamos orgulhosos e dizendo: ‘Sou melhor que você. Estou no controle do que estou fazendo. Não me importo com o que você pensa. Vou ter um orgasmo maravilhoso e você não.”
De acordo com o profissional, muitas de nossas fantasias sexuais não são racionais e por vezes se tornam ainda mais agradáveis se forem removidas do que faríamos na realidade. “Embora possamos odiar alguns aspectos de alguém, pode haver características sobre eles que nos excitam ou que achamos sexy”, explicou.
Esse sentimento (e, consequentemente, a prática) pode se manifestar por figuras políticas, chefes horríveis e ex-amigos. Como você provavelmente esperaria, ex-parceiros também se destacam em fantasias perturbadoras.
“Desejo e poder estão intimamente ligados. Faz sentido, portanto, que esse desejo possa permitir que as pessoas se imaginem dominando ou ganhando poder sobre alguém que as fez se sentir impotentes, sem poder ou humilhadas. Se isso ajuda a canalizar seus sentimentos sobre uma situação que o perturba, não há um problema real em se masturbar assim”, finaliza Guimarães.