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Marcela McGowan fala de nova fase e indica: “Se olhe com amor, se conheça”

Médica conversou com a coluna e deu detalhes sobre programa no GNT, além de dicas para mulheres que querem se emancipar sexualmente

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Marcela McGowan
1 de 1 Marcela McGowan - Foto: Foto: Reprodução/Instagram

A ginecologista, obstetra e ativista da sexualidade feminina Marcela McGowan foi um dos destaques do Big Brother Brasil 2020. Mesmo tendo se envolvido em polêmicas, a paulistana chegou a ser uma das favoritas ao prêmio e ocupou por semanas o posto de “Fada Sensata” da casa.

Fora do reality, Marcela usa a nova visibilidade para quebrar tabus sobre sexo e levar os assuntos dos quais “milita” para o público. Recentemente estreou como apresentadora do programa semanal Prazer, Feminino, no GNT, ao lado de Karol Conka.

A Pouca Vergonha bateu um papo com a médica, que entrega detalhes sobre a nova carreira, a própria sexualidade, e dá dicas sobre como se virar com o temido “tesão acumulado” da quarentena:

Como surgiu o convite para o Prazer, Feminino e como é para você, que é profissional da área de sexualidade feminina, ter hoje esse espaço em um veículo com tanto alcance para levar um tema tão importante e pelo qual você já luta há tempos?

O convite surgiu depois de uma live do Dia do Orgasmo que eu e Karol participamos juntas, e rolou muita sintonia entre nós. Eu acho que se eu fosse desenhar um sonho de onde chegar com as informações que eu trabalho, esse seria ele. Falar de sexualidade feminina tem sido uma grande missão pra mim há alguns anos, logo, eu considero essencial que a gente tenha essa discussão de maneira aberta e sem tabus. Faz parte do empoderamento feminino falar de prazer e liberdade.

O primeiro episódio foi sobre currículo sexual e debateu a crença de que a frequência sexual esteja relacionada a qualidade. Como é feita a escolha de temas para os episódios? Eles já são pré-estabelecidos a cada temporada?

Sim, os temas são selecionados a cada temporada. Foi um brainstorming de equipe, levando em conta discussões que ocorrem na internet e dúvidas frequentes de mulheres. O que amei foi a sacada da roteirista de traduzir isso tudo de maneira leve e dinâmica.

Qual tabu sexual você acredita que ainda está mais enraizado em mulheres e homens, mesmo com todo o acesso à informação que se tem hoje?

Eu acredito que grande parte dos tabus vem de comparar a sexualidade feminina com a masculina. Então acredita-se que as mulheres não gostam de sexo, ou têm menos desejo, ou são muito complicadas. Quando, na verdade, a sexualidade feminina é pouco compreendida, pouco estudada.

Hoje em dia o sexo é um tema recorrente e comum em sua vida. Sempre foi assim? Ou você teve outro tipo de criação e precisou também se desconstruir ao longo do tempo?

Eu tive uma criação que a maioria de nós tem, na qual o tema sexualidade não é falado. Porém meus pais não eram rígidos, eles só fingiam que não viam. Eu fui descobrindo e vivendo as coisas aos poucos e me desconstruindo, mas quando de fato estudei sexualidade, percebi que tinha muito mais coisa a ressignificar.

Acredita que esse processo de desconstrução é constante? Que ainda hoje você tem o que aprender e mudar de opinião em relação à sexualidade, tabus e afins?

Acredito muito! O processo de desconstrução para tudo é constante, porque sempre nos deparamos com novas questões. A sexualidade, também é algo que vai mudando junto com a sociedade, que tem muitos caminhos a serem explorados e estudados, então é preciso sempre atualizar, descontruir e aprender.

Você se identifica como pansexual. Acha que essa é uma pauta ainda pouco discutida e entendida pelas pessoas? Quais os maiores equívocos e preconceitos que costumam ter sobre essa orientação?

Sim, muito. Já temos resistência com qualquer orientação que não seja heterossexual, mas quando saímos do binarismo as coisas ficam ainda mais confusas. Temos a tendência de ainda querer enquadrar as coisas em caixinhas, ou isso, ou aquilo. A pansexualidade é sobre se interessar por pessoas, independentemente de gênero. Os maiores preconceitos são achar que isso é indecisão, promiscuidade, que a pessoa não sabe o quer.

Vivemos em uma sociedade em que, muitas vezes, ainda não é bem visto uma mulher falar abertamente sobre sexo. Você recebe muitas críticas machistas e moralistas neste aspecto? Como lida com elas?

Recebo mais quando falo de algo pessoal. Eu tento não ler, nem deixar me afetar. Na verdade essas críticas servem para mostrar que estou no caminho certo, que precisamos falar muito e muito sobre os assuntos.

Você participou do BBB, que é vigiado 24 horas por dia. O que as mulheres fazem ou deixam de fazer, principalmente no que diz respeito a sexo, costuma ter outro peso. Como é a sua relação com a exposição sexual do reality e com as repercussões disso?

Isso era a coisa que eu mais tinha medo lá dentro, de ser aberta sobre minha sexualidade, minhas vivencias e o julgamento moral disso. Mas, depois que eu saí, se tornou até um alívio ter tido tudo exposto e poder viver e falar sobre tudo mais livremente. Lidar com críticas e cobranças é uma constante na vida de mulheres né? Não é novidade para mim, apenas tomou proporções maiores e eu vou trabalhando isso diariamente.

Em entrevistas anteriores você disse ter sofrido abusos sexuais, o que infelizmente é a realidade de muitas mulheres e meninas ao redor do mundo. Como isso afetou sua vida sexual e qual a importância dos profissionais da área da sexualidade neste resgate da intimidade de uma forma saudável?

Por muito tempo, isso me distanciou de viver uma vida sexual plena, de entrega e de atingir espaços de vulnerabilidade. Eu vivia o registro da performance, no qual eu tinha maior controle e menor intimidade. Eu acho muito importante que isso seja levado em consideração, pois nosso corpo carrega esses traumas, e se as repercussões não vierem na vida sexual, virão em outros aspectos. Não dá para ignorar. Eu sempre abordei esses assuntos em consulta, e infelizmente a quantidade de relatos era enorme

“A pansexualidade é sobre se interessar por pessoas, independentemente de gênero. Os maiores preconceitos são achar que isso é indecisão, promiscuidade, que a pessoa não sabe o quer”, diz Marcela

Durante a quarentena, muitas pessoas se viram reféns do “tesão acumulado”. Isso aconteceu com você também? O que fazer para se virar em situações como essa?

No começo sim, depois o estresse fez o desejo baixar. Mas eu sou muito fã do autoamor, gosto de momentos comigo, de descobrir meu corpo, então usei isso a meu favor. Acho que essa é uma das melhores soluções, mas temos hoje muitas possibilidades com o mundo virtual, dates online, sexting, sex calls, até swing online eu já ouvi falar rs.

Para finalizar, qual dica você dá para as mulheres que querem se conhecer mais sexualmente e se livrar de travas que as impedem de explorar o máximo do próprio prazer? Como começar?

Acho que ler e se informar sobre o assunto, sobre como essas amarras foram colocadas em nossas vidas, é um primeiro passo. Eu sempre digo que é preciso desconstruir para reconstruir. Estabelecer uma melhor relação com o corpo é fundamental. Se olhar com amor, se tocar, se conhecer – não precisa ser direto no genital, mas explorar o corpo, as sensações da pele, cheiros e ir evoluindo essa intimidade. Fomos ensinadas a ver a masturbação como algo errado, sujo, impróprio, quando na verdade é só um ato de autoamor, de cuidado e autoconhecimento.

 

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SEJA GENTIL COM VOCÊ! Na #segundadaautoestima de hoje, eu queria falar sobre como temos a tendência de ser muito mais gentis com os outros do que conosco. Você falaria com sua melhor amiga, como fala com você? Seria tão dura nas críticas? Veria tantos defeitos? Esse é um exercício que tenho feito há algum tempo, silenciado a voz crítica da minha cabeça, e refletido se eu falo comigo e com meu corpo com o amor que eu mereço! O look da foto é da @voudemarisa , que está comigo agora nessas segundas tão especiais, falando de mulher pra mulher e estimulando todas nós a dar a volta por cima e olharmos com mais carinho para nós mesmas. |ad

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