Fetiche assustador: entenda o tesão por personagens de filmes de terror
Do palhaço do It – A Coisa até vampiros e fantasmas, especialista explica a atração sexual que certas pessoas têm por personagens sombrios
atualizado
Compartilhar notícia
Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu atraído e até mesmo ficou fantasiando com um personagem fictício depois de assistir uma série ou filme. Contudo, o mais esperado é que o personagem em questão não se trate de um palhaço sobrenatural que desmembra e mata criancinhas.
Por mais inusitado que possa parecer, há sim quem sinta tesão pelo Pennywise – o temido palhaço de It A Coisa. Existe até mesmo uma página no Tumblr batizada de Pennywise Confessions, dedicada aos depoimentos de quem tem sonhos eróticos com o personagem de Stephen King.
De acordo com o psicólogo e especialista em sexualidade humana Marcos Santos, da plataforma Sexo Sem Dúvida, o desejo sexual por qualquer tipo de ficção e o fantasiar sobre algo são comuns, uma vez que tem as mesmas origens dos arquétipos estudados pela psicologia e filosofia.
“É importante entendermos que aquilo que é comum são coisas reconhecidas ou praticadas pela maioria da sociedade. A mesma origem dos mitos, lendas, demônios, alienígenas e monstros, mexe com o imaginário popular também sexualmente”, explica.
Ainda segundo o sexólogo, existem fetiches específicos que estão relacionados ao gênero terror e coisas que causam espanto:
Teratofilia: “Se refere à atração sexual por monstros ou por pessoas deformadas”.
Vampirismo: “Se vestir e replicar comportamentos de vampiro”.
Odaxelagnia: “Dar ou receber mordidas. O prazer em morder e ser mordido pode estar relacionado com o prazer de sentir e provocar dor no outro (se vestir e replicar comportamentos de zumbi ou monstro)”.
Espectrofilia: “Excitação causada pela possibilidade da presença de fantasmas”.
Além disso, Marcos afirma que, para algumas pessoas, o medo funciona como um poderoso afrodisíaco, por ser liberador de adrenalina.
“Ao longo da história humana nos adaptamos às diferentes ameaças que geravam em nosso cérebro a necessidade de fugir ou enfrentar situações de vida ou morte. Hoje é possível sentir as fortes emoções associadas ao medo sem ter suas consequências negativas, logo, torna-se sexualmente atrativo o que espanta ou causa temor”, afirma.
É saudável?
Por se tratar de um tema que tira o sono de muitas pessoas, este tipo de fetiche pode levantar dúvidas sobre ser saudável ou não. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, para a prática sexual ser saudável, ela deve preservar o bem-estar biopsicossocial do ser humano.
Marcos explica que o que determina isso é a forma como a pessoa lida com suas preferências na vida sexual. “Somente serão consideradas como transtorno quando causar angústia e sofrimento para si ou os outros”, diz.
Logo, é importante frisar que, apesar de ainda existir muito preconceito em torno do assunto, nem todo fetiche é um transtorno ou uma doença. Para o sexólogo, todas as pessoas têm fetiches em algum grau.
“Cada um se sente atraído por determinado local, objeto, estilo, postura, comportamento, vestimenta ou características físicas. No sexo, o fetiche é uma forma de se libertar dos padrões da sociedade, não existe consenso de certo ou errado nele. Todos os tipos de fetiches e fantasias são válidos, desde que não sejam ilegais ou acabem ferindo outras pessoas. E assim, entre sustos e arrepios, mistérios e descobertas, podemos nos entregar às delícias e ao prazer”, finaliza.