Entenda o shibari: método japonês de amarração do parceiro por prazer
Ligada ao sadomasoquismo, a técnica remete à submissão, mas também é uma forma de expressão artística
atualizado
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Em japonês, o termo shibari significa amarrar ou ligar. Porém, a palavra ganhou um significado diferente no fim do século 20, quando começou a fazer referência à prática erótica de usar cordas para prender o parceiro, técnica ligada ao BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo).
“O shibari é a técnica de imobilização e comunicação com cordas e teve sua origem no Japão. Ele é inspirado no hojojutsu, uma técnica sistematizada usada por samurais para restringir criminosos usando cordas, no período Edo. Hoje, o shibari é visto predominantemente como uma arte erótica, porém existem muitas outras vertentes: artística, sensual e – apesar de nenhum estudo aprofundado sobre o assunto – a terapêutica, sendo associado ao reiki, ioga, tantra e outras formas relaxantes e meditativas”, explica a artista Karllana Cavalcante, conhecida como Fox.
Elemento fundamental do shibari, as cordas geralmente têm entre 8 e 6 metros de comprimento. “Usamos cordas de fibra natural. As de juta são as preferidas devido ao custo-benefício, mas tem outras fibras que podem ser usadas na fabricação de cordas, como algodão, bambu, cânhamo e coco”, esclarece Fox.
Artista de shibari, Akira Nawa aponta que a prática cresceu muito nos últimos dois anos no Brasil e a cena possui vários projetos interessantes. “Saiu de um contexto totalmente ligado ao fetiche do sadomasoquismo e da heteronormatividade, permitindo a inclusão de outros gêneros e sexualidades.”
Ele acrescenta que a técnica é tanto fetiche como arte. “Você usa as cordas para restringir o movimento e isso gera sensações únicas na pessoa imobilizada. O objetivo principal é impactar a sensibilidade”, afirma.
“Muitos adeptos de outras práticas ligadas a fetiches se interessam pelo shibari porque ele lembra o bondage, uma prática do BDSM. Existem muitas pessoas que sentem excitação sexual ao terem seus sentidos restringidos, assim como tem gente que sente essa excitação ao restringir”, diz Fox.
Em Brasília, a cena tem se fortalecido através do Entre Nós, primeiro projeto de shibari do Distrito Federal. Com encontros semanais na Asa Norte, os praticantes discutem técnica e teoria, com o intuito de aproximar os membros da comunidade e compartilhar conhecimento por meio da troca de informações.
Para Akira, essa é a melhor forma de aprender a arte. “Busque um profissional capacitado, que tenha conhecimento básico de anatomia humana, porque é uma ação que envolve muitos riscos. Você pode machucar alguém se fizer algo errado”, explica. Ele recomenda cuidado com tutoriais na internet, pois eles geralmente não abordam questões de segurança.
Também é importante que haja uma negociação prévia de tudo. “Consensualidade é nosso maior princípio. Nada é feito fora do consentimento, e isso é algo muito importante para que grandes problemas sejam evitados”, garante Fox.
Ela ainda acrescenta: como toda atividade física, é necessário que os praticantes estejam alimentados e hidratados para evitar oscilação da pressão e desmaios durante a prática.