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Dominatrix Madame duBa fala sobre práticas BDSM e empoderamento feminino

A Pouca Vergonha conversou com a especialista em fetiches e dominadora praticante há mais de duas décadas

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Foto: Reprodução/Instagram
Madame dUba dominatrix
1 de 1 Madame dUba dominatrix - Foto: Foto: Reprodução/Instagram

Couro, vinil, chicotes, salto alto, cordas, algemas. Ainda que a pessoa não seja familiarizada com práticas de BDSM (Bondage e Disciplina; Dominação e Submissão; Sadismo e Masoquismo), provavelmente estas sejam as primeiras referências que surgem ao ouvir a palavra “dominatrix”.

O tema ganhou mais visibilidade após o lançamento da série original da Netflix Amizade Dolorida, mas, aos que não sabem do que se trata, a Pouca Vergonha explica.

Dominatrix, também chamada de domme, é a mulher que exerce o papel dominante em práticas BDSM. Ou seja, ela assume o controle do(a) submisso(a) em uma cena, sessão ou relação.

É o caso de Madame duBa, que há mais de 20 anos é fetichista e dominadora, além de terapeuta holística. Para ela, o BDSM está em todos os lugares – inclusive em nossa memória genética.

“O prazer e a dor estão muito interligados. Essa questão da tortura, do jogo de poder e hierarquia é muito antiga”, diz a terapeuta, que com seu trabalho, tem o objetivo de trazer as práticas para a normalidade, com leveza e humor.

Práticas fetichistas

Existem dominatrixes profissionais, que cobram seus submissos por sessão, mas não é o caso de Madame duBa. Suas cenas e relações acontecem espontaneamente e, assim como nos relacionamentos “tradicionais”, contam com a ajuda da tecnologia.

Existem aplicativos e plataformas específicos para que BDSMers se encontrem. “Tem o FetLife e o KinkyD, que funcionam como o Tinder dos fetichistas”, explica. A relação dominadora e submisso, segundo ela, é conquistada. “Por mais que aconteça, não faz sentido chegarem pedindo ‘eu quero ser seu escravo’. Escravos não têm que querer, começa por aí”, brinca.

E se engana quem acha que a domme só tem domínio durante as cenas. Dependendo do combinado, há bottoms (outro nome dado aos submissos, que quer dizer inferior em inglês) que recebem ordens até mesmo do que vestir e comer.

Madame duBa, por exemplo, conta que costuma “dar de presente” seu escravo para algumas amigas, e exige dele, inclusive, boa forma e feedbacks positivos.

“Ele vai na casa de quem eu mandar, faz massagem, faz oral e vai embora. Ele não pode transar com ela. Dou de aniversário, de Natal, e quero telefonemas agradecendo. Se houver reclamações, tem castigo depois”, revela.

São, Seguro e Consensual

Por mais “abusiva” que uma relação de dominadora e submisso possa parecer, a fetichista garante que é tudo muito conversado e combinado, para seguir os três pilares das práticas BDSM sérias: são, seguro e consensual.

Até por conta disso, Madame acredita que existe um paradoxo sobre a hierarquia BDSM. “Por exemplo, existe a palavra de segurança, que é falada pelo submisso. Ainda que o dominador esteja sempre querendo aumentar o limite, quando o sub diz a palavra, acabou. Ou seja, na verdade, quem determina limites é o submisso”, explica.

Também é importante saber diferenciar praticantes de BDSM de fato e pessoas com uma vontade ou fantasia pontual de servir, dominar, dar uns tapas etc. Uma das grandes diferenças é que praticantes sérios geralmente procuram se especializar.

“Existem vários cursos. Para aprender a amarrar com segurança, pisar em lugares que não vão machucar caso você esteja de salto, bater em um lugar que não vai lesionar. Claro que experiência também é importante, mas é legal estudar”, explica.

Relações BDSM

Existem diversos tipos de relações fetichistas possíveis, que ficam a critério dos envolvidos. Para começar, existem as sessões pagas. Têm também o que é chamado de 24/7, que são casais em que ambos são fetichistas e praticam o jogo BDSM 24 hora por dia, 7 dias por semana.

Há os casais que vivem suas vidas normais e praticam os jogos apenas na cama ou no final de semana, mesclando dois tipos de relacionamento. E, por último, existem as pessoas que levam o que BDSMers chamam de vida paralela.

“São pessoas que não assumem seus gostos para o(a) parceiro(a) por medo de julgamento. Elas acabam procurando dominadores profissionais e até mesmo relacionamentos extraconjugais”, explica.

Preconceito

Um dos maiores motivos para que alguns BDSMers levem uma vida paralela e escondam o gosto por fetiches é o preconceito. Madame duBa, por exemplo, conta que tem parentes que pararam de falar com ela e amigas que têm filhas adolescentes e se afastaram por medo da “influência”. “Nunca pensei em desistir por causa disso, mesmo porque eu gosto de causar. Mas isso é muito triste”, relata.

Sobre a vida profissional, duBa diz conciliar bem as duas áreas, já que muitos clientes da terapia vão até ela por sua conta no Instagram – na qual ela não deixa nada implícito. “Há clientes que eu atendo na masmorra da minha casa, onde tem uma jaula e chicotes pendurados”, diz.

Mas a terapeuta afirma que sabe que só tem essa liberdade porque sua área profissional é mais aberta a isso – facilidade que ela provavelmente não teria se trabalhasse no mundo executivo, por exemplo.

Este é um dos principais motivos que a levam a, como ela mesma diz, “escancarar” seu lado fetichista seja onde estiver.

“Minha maior vontade é fazer essa diferença, tornar normal, como é. Fazer com que uma pessoa não ceda a uma chantagem com medo de perder o emprego se descobrirem que ela lambeu a sola da bota de alguém e gostou. Isso não faz de ninguém mal, menos normal ou menos competente”, afirma.

Empoderamento

Sobre o papel de dominatrix influenciar no empoderamento feminino, Madame duBa é categórica: para ela, não é apenas ser dominadora ou mesmo ser BDSMer por si só que empodera, porque mulheres submissas (no jogo) também são muito empoderadas.

“Ainda que ela sirva, a submissa também se impõe. Não é o papel separadamente que empodera, mas sim o autoconhecimento e liberdade que a mulher tem de entender e admitir do que gosta e como gosta para ter prazer”, finaliza.

 

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