Bonecas sexuais são futuro do sexo? Entenda tendência e aumento nas buscas
Terapeuta sexual pontua o que explica trocar pessoas reais por brinquedos sexuais e a influência da quarentena no cenário
atualizado
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Nesta semana, a notícia de que um fisiculturista do Cazaquistão se casou com uma boneca sexual causou espanto na internet. Yuri Tolochko namorou a boneca Margo por oito meses após “conhecê-la” em uma boate antes de irem ao altar.
Nos últimos tempos, não só robôs sexuais, como bonecas infláveis foram um dos sex toys com grande aumento de compra. De acordo com um levantamento feito pela varejista Exclusiva Sex, o Brasil teve 90% de aumento na procura de bonecas infláveis desde o início da quarentena.
De acordo com o terapeuta sexual André Almeida, o isolamento consequente da pandemia do novo coronavírus fez com que pessoas que não estivessem em um relacionamento buscassem soluções.
“Os dados mostram que aumentaram as buscas por sex toys, pornografia, entre outras coisas. Quanto mais a gente se isola, maior nossa necessidade de relações. E hoje, essas relações também têm caráter artificial, podendo vir em forma de inteligências artificiais, robôs, jogos eróticos, bonecas”, explica.
Parcerias artificiais vs reais
Sobre a escolha de parceiros(as) artificiais em vez de pessoas, como no caso do fisiculturista, o psicólogo aponta como um dos principais motivos, a fantasia e o que se procura em um relacionamento “ideal”.
Uma vez que pessoas reais podem ser difíceis de se relacionar e adequar às próprias crenças, desejos e vontades, torna-se interessante poder criar ideais com esses personagens – sejam eles bonecas, inteligências artificiais ou videogames.
“Quanto mais a gente se aproxima de tecnologias que mimetizam expressões humanas, mais as pessoas vão procurá-las para se satisfazer, tanto sexualmente quanto afetivamente”, diz.
É saudável?
Quando se trata de sexualidade, André reforça que fetiches e comportamentos sexuais deixam de ser saudáveis e passam a ser considerados parafilias quando geram sofrimento para a pessoa e para quem está ao seu redor. Ou seja, se não machuca ninguém, está tudo certo.
No caso do casamento, apesar da repercussão massivamente negativa por se tratar de um caso que foge do padrão do que é considerado normal, o terapeuta afirma que se a situação é funcional e não causa sofrimento ao envolvido, não há por que considerá-lo “doente”.
“Se para ele está tudo bem, não é a gente que vai falar que ter um relacionamento com outras pessoas é o mais saudável. Em um ponto de vista, seria evolutivamente melhor. Mas no quesito saúde psicológica e mental, a ideia de não estar em sofrimento chama mais forte”, finaliza.