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68% das brasileiras estão insatisfeitas com a própria vulva, diz pesquisa

Terapeuta sexual explica como padrões estéticos atingem até a genitália feminina e dá dicas para fazer as pazes com a própria intimidade

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Foto: Malvestidas Magazine/Unsplash
Pazes com a vulva
1 de 1 Pazes com a vulva - Foto: Foto: Malvestidas Magazine/Unsplash

Uma pesquisa batizada de Os estigmas da vagina, encomendada pela marca Intimus, buscou entender a forma com que as mulheres lidavam com certos tabus e levantou que 68% das brasileiras não estão satisfeitas com a própria vulva.

Essas mulheres, segundo o estudo, não se sentem seguras com pelo menos uma característica de suas genitálias, como pelos (33%), cor (18%) e cheiro (18%). Ainda de acordo com o levantamento, 50% das entrevistadas não souberam dizer a diferença entre uma vulva (parte externa) e uma vagina (canal vaginal).

Para a sexóloga Tâmara Dias, o processo da falta de intimidade e conhecimento da mulher com a própria vulva é social, e começa ainda na infância.

“Começa quando ainda pequenos os meninos podem urinar em qualquer lugar e as meninas têm que sentar de perninha fechada para ninguém ver nem a calcinha. Crescemos escondendo, sem poder tocar, sem olhar”, explica.

Com o tempo, vem também a comparação e o padrão estético – do qual nem mesmo as “pepecas” escaparam. Com a pornografia, e consequentemente a expectativa masculina, como propulsora de vulvas lisas, rosadas e com lábio internos menores que externos, as mulheres tendem a considerar suas genitálias feias.

“A maioria dos procedimentos da região íntima são motivados por padrões mostrados nesses filmes. Essa insatisfação vai refletir diretamente na autoestima, na maneira como ela se vê e como acha que o outro a vê. Isso atrapalha o sexo, porque impede que ela esteja focada no prazer quando estiver com alguém”, diz Tâmara.

Pazes com a vulva

Ainda que você, mulher, esteja dentro da porcentagem não satisfeita por conta dos padrões que disseram que sua vulva deve cheirar a morangos, ainda dá tempo de fazer as pazes com ela. Para isso, a terapeuta dá algumas dicas:

Questione: “O primeiro passo é questionar os padrões que vem trazendo, se eles ainda são válidos ou fazem sentido para a pessoa que você quer ser. Se perguntar se esses padrões têm aproximado ou afastado você dos resultados que tem buscado para sua vida”.

Se acolha: “Depois é o momento de se aceitar por inteiro, se olhar com amor, se perdoar. Uma sugestão é ficar de frente a um espelho e se olhar dentro dos olhos, reconhecendo a mulher que você é, quem você se tornou com todas as vivências que teve até aqui e se acolher. Se sentir vontade, tire a roupa, olhe para o corpo que tem uma história, o corpo que te proporcionou experiências, que tem potencial para sentir prazer”.

Apresente-se à vulva: “Uma sugestão é pegar um espelhinho e olhar de perto para ela. Olhe e observe seu formato, sua cor, os lábios externos e internos, o tamanho do seu clitóris, mas sem julgamentos. Pegue nela com delicadeza, sentindo sua textura, observando quais sensações você sente quando a toca, se você tem mais sensibilidade do lado esquerdo ou direito. Puxe a pelinha (prepúcio) que cobre seu clitóris, observe se ele fica mais escondido ou mais pra fora, se fica mais durinho quando você o toca, se você sente algo tocando seus lábios internos.

E ainda, quando já estiver bem à vontade em ver e observar, tente no banho fazer movimentos que te proporcionem prazer, com toques ora mais leves, ora com mais pressão, devagar, rápidos. Lembre-se que seu corpo é todo seu, que você pode tocá-lo em todas as partes e que ninguém precisa saber da sua intimidade”.

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