Jornal do SBT é cortado após reclamações do governo Bolsonaro
Principal telejornal do SBT foi tirado do ar após cobertura do vídeo da reunião ministerial. Programa de fofoca entrou no lugar
atualizado
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Pela primeira vez em 15 anos no ar, o principal telejornal do SBT, o SBT Brasil, deixou de ser exibido e foi substituído na programação por uma reprise do Triturando, atração de fofocas, neste sábado (23/05).
De acordo com o colunista Maurício Stycer, do UOL, a decisão foi tomada por Silvio Santos, após ouvir reclamações de governistas sobre a cobertura do vídeo da reunião ministerial de 22 abril.
Nem os espectadores nem os jornalistas do SBT foram comunicados da decisão. Esses, inclusive, continuaram trabalhando durante todo o sábado (23/05), em regime de plantão, para viabilizar a edição que não foi ao ar.
Ao saber que o telejornal seria cortado da grade para que a emissora exibisse uma reprise do Triturando, os profissionais ficaram em choque.
Ainda de acordo com Mauricio Stycer, autor de um livro sobre a vida de Silvio Santos, Topa Tudo Por Dinheiro, o empresário fez afagos e bajulou todos os presidentes do Brasil desde 1970, de Médici a Bolsonaro.
“Eu sou concessionário, um ‘office boy’ de luxo do governo. Faço aqui o que posso para ajudar o país e respeito o presidente, qualquer que seja o regime”, chegou a dizer em 1985, no governo Sarney.
Mas o entusiasmo com que tem acolhido em sua emissora o clã Bolsonaro e figuras ligadas ao atual governo é exagerada. Há pouco mais de um mês, após a demissão de Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde, foi noticiado que Silvio havia indicado um nome para o seu lugar. Em nota, ele negou a informação e disse:
“A minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu ‘patrão’ que é o dono da minha concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego”.