Como ter sucesso com a amamentação?
Depois de quatro anos amamentando, desmamei meu filho caçula. Curti essa fase e por isso deixo dicas para quem está no processo
atualizado
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Esta semana, completamos, lá em casa, um mês do desmame do Solano, meu filho caçula. Depois de mais de quatro anos com o meu corpo a serviço de outro ser — entre gestações e períodos de amamentação — eu me libertei. Posso usar qualquer blusa ou sutiã, encher a cara sem culpa, viajar sem que meus peitos virem duas pedras e eu precise ficar ordenhando pelo caminho. Viva!
Por conta dessas experiências, compartilho aqui algumas dicas que acho essenciais para uma amamentação bem-sucedida:Essas são, de fato, frases de alguém que estava bem cansada de dar mamá. Mas, embora não pareça, a minha relação com a amamentação sempre foi superbacana. Tanto com Solano quanto com Miguel, o mais velho, não tive muita dificuldade no processo inicial e pratiquei livre demanda (quando o bebê mama sempre que quer, sem horários definidos). Curti de verdade essa fase e acho que meus filhos também.
Demora para pegar o jeito. Não, não é instintivo. As primeiras vezes são doloridas – ou porque o bebê não tem a “pega” correta ou porque seu útero vai contrair enquanto ele suga (e dói), ou as duas coisas. Ninguém prepara as grávidas para isso. E eu devo dizer: achei “quase” mais difícil que parir.
Eu não sabia se ele estava sugando mesmo ou se era hora de trocar de peito. Também não sabia que o leite demorava para descer e, depois que desce, existe um tempo para a produção se adequar às necessidades da criança. Comigo, com os dois filhos, foram umas duas semanas de adaptação (e, com o mais novo, ainda tive bico de seio rachado). É duro, mas, quando pegamos o jeito, tudo flui.
Você precisa de ajuda profissional. Como consequência de toda essa dificuldade, o melhor a se fazer é recorrer a pessoas que entendem do assunto. Não estou falando da sua mãe, da sua sogra ou da amiga que já tem três filhos. Todo mundo tira da manga uma dica (bem-intencionada), mas o mais importante é consultar as profissionais do banco de leite ou, se você tiver condições, uma consultora em amamentação.
Na primeira vez, a doula fez, também, esse papel, e salvou a minha vida. Chegou lá em casa quando eu mal conseguia encostar nos seios, de tão cheios. Ela me ensinou a conferir a pega, a ordenhar e a colocar Miguel em diversas possíveis posições para mamar. Foram lições importantes que me deram autoconfiança para seguir adiante.
Sem rede de apoio, não vai funcionar. Se as pessoas à sua volta não forem favoráveis à amamentação, tudo vai ficar muito mais difícil. Já é complicado lidar com os primeiros dias, se tiver alguém soltando frases do tipo: “mas vai mamar de novo?” ou “eu não levantaria tantas vezes da cama para isso”, o caminho será tortuoso.
Meu companheiro sempre apoiou a amamentação. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando Solano estava acordando sete vezes por noite, ele nunca me colocou na berlinda, falando algo como: “ah, mas você amamenta porque quer”. Também teve toda sensibilidade para entender (e vivenciar comigo) a privação de sono e a, digamos, transformação dos meus seios em fonte de alimento para nossos filhos (sem que isso virasse um problema).
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O pediatra tem que estar alinhado. Entra na rede de apoio, porém é ainda mais importante porque nós, pais e mães, tendemos a acreditar em tudo que o médico fala – e muitos profissionais falam bobagens. É importante que o pediatra seja favorável à amamentação e tire dúvidas da família sem colocar a capacidade da mulher em xeque.
Mais uma vez, fui sortuda. O médico que acompanha os meninos sempre me incentivou a fazer a livre demanda e a prolongar a amamentação. Miguel nasceu muito magro (2,260kg) e, em nenhum momento, ele sugeriu que usássemos fórmulas para engordá-lo mais rapidamente. Ele simplesmente verificou que meu filho estava ganhando peso, no ritmo dele, e deixou tudo fluir.
Tem que ter disposição. Por fim, e não menos importante: a mulher deve estar realmente a fim. Peito não é só alimento, é colo, chamego e carinho para o neném. Muitas vezes, a criança vai querer mamar para se sentir segura, não porque está com fome. E é normal a gente ficar cansada, de saco cheio, querendo desistir.
Eu, como feminista, também acho que nenhuma mãe deve ser obrigada a dar mamá porque “é função” dela. Defendo o direito das mulheres sobre o próprio corpo, mesmo em uma circunstância assim. Mas, com os bebês, a entrega, embora exaustiva, é recompensadora. Dar o peito é o nosso momento, uma troca exclusiva, íntima, que fortalece os vínculos. Quem pode e quer, que viva esse momento!
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