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Por Monique Arruda
Belo deixou o Presídio José Frederico Marques, na Zona Norte do Rio, no fim da manhã desta quinta-feira (18/2), após passar cerca de 20 horas preso. A acusação de ter feito show no meio da quarentena em uma comunidade do Rio pegou muitos de surpresa, até mesmo o cantor.
A pergunta que fica é: Belo seria uma vítima ou bode expiatório? Afinal, se shows em comunidade são comuns na pandemia, por que só Belo foi preso?
No mesmo CIEP da favela da Maré, zona norte do Rio, outros artistas, como Filipe Ret, também já se apresentaram. Por que só Belo foi penalizado?
Todo país está lotado de festas, sejam clandestinas ou legalizadas. As que são legalizadas têm tantas regras que, muitas vezes, a conta não fecha para quem produz. O setor de entretenimento chegou ao seu limite.
Classe clama por trabalho
Os artistas estão há um ano sem shows e os produtores, sem eventos. O governo não apresentou um plano de retomada para o setor, que faz girar bilhões por ano.
Com isso, o número de festas em comunidades aumentou, justamente pelo poder público não ter acesso e não poder fiscalizar. Essas festas são frequentadas tanto por moradores de comunidades, como por classes mais favorecidas que não aguentam mais ficar em casa.
Como vamos falar para os trabalhadores que pegam transporte público todo dia para trabalhar que eles não podem sair para curtir show de seu ídolo? Claro que existe a pandemia e não estamos negando o poder do vírus. Mas não podemos mais fechar os olhos para uma classe que clama por trabalhar e sustentar suas famílias.
O que percebemos é que, na semana de Carnaval, em que a cidade do Rio de Janeiro teve centenas de festas clandestinas, é de se estranhar que só Belo tenha sido preso. Como diria Antônia Fontenelle, pau que da em Chico dá em Francisco. Será que a polícia vai prender todo mundo que se apresentou na pandemia ou Belo será realmente visado sozinho em pleno 2021?