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Há pouco mais de dois anos no comando do Cidade Alerta Minas, exibido pela afiliada da Record TV, a TV Paranaíba, a jornalista Luciana Leicht já cativou o público mineiro que se identifica com as pautas trazidas pelo programa. Também ganhou destaque na mídia e nas redes sociais pelos posicionamentos firmes e que saem um pouco da linha conservadora de apresentadores do jornalismo policial.
Para ela, falar o que pensa ao vivo não é um problema. “Trabalho em um lugar que me permite ser a Luciana Leicht. Não é um personagem. Esse é meu nome verdadeiro e, portanto, sou eu mesma o tempo todo. Bocuda, encrenqueira, chorona… Sou acolhida, respeitada, trabalho com uma equipe incrível e tenho todo o suporte que preciso para fazer um Cidade Alerta Minas cada vez melhor”, afirmou Leicht.
Um dos momentos marcantes da jornalista na TV aconteceu recentemente, quando rebateu um bar no interior de Minas Gerais que se dizia adepto de valores cristãos e não aceitava militância LGBTQI+ no local. “Que raio de valor cristão é esse que você tá usando? Não coloque religião nisso, porque se você quer ser preconceituoso, assuma. 2020 e eu ainda tenho que noticiar casos de homofobia, casos de transfobia”, disse Luciana no vídeo.
A apresentadora do Cidade Alerta Minas, Luciana Leight, se revoltou com uma reportagem exibida pelo programa na quarta-feira (12). Ela criticou a atitude de um bar, em Uberlândia (MG), que não aceitava “militância LGBT” para “preservar os valores cristãos” pic.twitter.com/VMKwqXFNJ1
— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) August 14, 2020
O trecho viralizou rapidamente e foi compartilhado por personalidades como Bruna Marquezine, Felipe Neto e Luísa Sonza. “Pra mim, eu disse apenas o óbvio. Mas estamos vivendo um momento tão confuso e conturbado no qual até o óbvio precisa ser dito e de forma clara. Quando meu comentário tomou essa proporção toda, vi que o que faço ainda é pouco nessa tentativa de transformar pessoas. Vi que preciso ser bocuda para poder brigar por quem a sociedade quer esconder, apagar, exterminar”, explicou a jornalista.
“Não é preciso espremer a TV e sair sangue”
Mesmo sendo alvos de críticas, os programas policiais continuam tendo bons números de audiência. Para quem faz parte do meio, como Leicht, a forma de abordar estas pautas pode ser sempre mais humana. “Vejo que hoje, pelo menos no Cidade Alerta Minas, temos a preocupação de preservar as vítimas e respeitar os direitos de todas as partes. Não é preciso espremer a TV e sair sangue para que o telespectador entenda o caos que vivemos na segurança pública e nos demais setores. Podemos trabalhar as histórias de forma mais humana e respeitosa. A violência está aí. Não é novidade pra ninguém. Eu vou continuar mostrando, falando e brigando por melhorias. Mas, acima de tudo, quero manter a esperança em dias melhores pautados no amor e no respeito”, opinou.
A experiência no jornalismo policial também coloca a apresentadora como uma das poucas mulheres à frente de um programa do gênero, predominantemente apresentado por homens. “Ser mulher nesse meio é como ser mulher em qualquer lugar: difícil. Mas vejo que estamos dominando mesmo tendo que lutar muito. Ainda há um conservadorismo doentio que precisa ser derrubado, uns olhares tortos para serem enfrentados e uma tentativa constante de desqualificação do nosso serviço”, observou Luciana.
A jornalista acredita que é preciso uma participação feminina maior não só na área dela, mas em todos os lugares. “Precisamos da nossa presença, da nossa voz e da nossa força. Precisamos ocupar todos os espaços porque somos incrivelmente capazes. Só mulheres conseguem falar sobre mulheres. Só nós sabemos as dificuldades, dores e lutas que a gente enfrenta para conseguir um espaço nessa vida maluca”, finalizou.