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O funk é extremamente popular entre os jovens mas é o ritmo musical que menos fatura, por vários motivos. A qualidade das músicas é considerada baixa, há pouquíssimo investimento nele e é um ritmo que tem extrema dificuldade em ser aceito pelo interior do Brasil. O Funk é perecível, as músicas sobem rápido demais nos streamings, mas desaparecem do ranking e da memória das pessoas com a mesma velocidade.
Os clássicos do funk (“Rap do Silva”, “Nosso sonho”) têm poesia e um cunho social que não existem mais hoje no que é produzido no mercado de funk. A realidade da favela e da periferia está muito mais associada ao rap do que ao funk hoje em dia. Uma pena.
E pior: funk é dominado por mulheres que raramente tem o essencial para um cantor: qualidade vocal. Hoje é mais importante uma bunda grande do que uma voz audível.
Enfim, esse texto é pra falar de Ludmilla. Ela (e o mercado) sabe que funk é pros cantores jovens. Passou dos 30 já perde valor para o mercado. E Ludmilla se difere das demais cantoras de funk por um único motivo: ela canta.
Decidir lançar-se no pagode foi a estratégia mais genial de sua carreira. Pagode faz parte da história do nosso país, da raça negra, pagode agrega valor, pagode é eternizado, pagode não é modinha e não depende de ter a bunda em dia. Pagode valoriza o tempo de carreira, a qualidade vocal. E Lud é originária deste meio, ela não escolheu o ritmo por marketing. Ela não finge ter vindo da favela, como muitos. Ela é fruto da Baixada Fluminense, de uma favela de Caxias.
E mais: o pagode é um terreno masculino e estava carente de uma nova voz feminina. Alcione é a grande referência no ritmo, mas precisava de uma sucessora. A renovação é sempre necessária e Lud surge como a maior novidade da década no pagode brasileiro.
Hoje, chega às plataformas de streaming Numanice, seu novo álbum, com 14 faixas bem feitas e bem produzidas. Vale a pena ouvir. Como dizia Elis Regina, o novo sempre vem, e Ludmilla é hoje o novo grande nome do pagode do Brasil.