Secretaria só serve para empregos e intrigas e faz mal à cultura
O órgão é um caso especialmente doentio de tudo o que pode haver de ruim na ideia de “Estado”
atualizado
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Por que o governo não fecha, de uma vez por todas, o Ministério da Cultura? Tanto faz qual seja o governo, e tanto faz qual seja o ministro — ministério e ministra, agora, são chamados de “Secretaria Nacional” e de “secretária”, para enganar os bobos que acreditaram na promessa de campanha, feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que iria “fechar ministérios”. Fechou nada. Está tudo aí, intacto, queimando o dinheiro que você paga em seus impostos e criando problemas, em vez de soluções, para as áreas que supostamente são encarregadas de atender. Mas o Ministério da Cultura é um caso especialmente doentio de tudo o que pode haver de ruim na ideia de “Estado”. Pelo menos esse tinha de ser fechado.
Há uma nova ministra, atriz de profissão, que a esquerda cultural quis vetar e não conseguiu; é, ao que parece, uma figura da luz. Mas não adianta nada trocar de ministro se o ministério é um viveiro das mais nocivas bactérias que alguém pode encontrar no serviço público brasileiro. Nada, e ninguém, pode dar certo ali. Não é que esse ministério seja apenas inútil. Ele faz mal para a cultura brasileira, ativamente, e é uma lástima para a moral pública.
Cultura e Estado não se dão bem. Cultura, no fundo, é talento. Estado, no fundo, é o contrário. A arte e a cultura não precisam de “apoio” do Estado; se precisam, é por que não são arte nem cultura. Ministério da Cultura significa cargos, empregos, verbas, intrigas, favores, briguinhas miseráveis onde não há nada nem remotamente cultural, mas apenas as pessoas fazendo os seus piores papéis.
Dizem que o presidente e a sua nova ministra já estão se desentendendo. Alguma questão filosófica, aí? Não, é claro. É só a mesma guerra de quinta categoria sobre uns empreguinhos que não valem nada para o interesse do público.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.