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Retomada econômica é a pior notícia que Lula livre poderia ouvir

Crescimento nas vendas de varejo, consumo para o Natal, queda no desemprego e juros mostram que o atual governo começa a entregar resultado

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1 de 1 guzzo-lula-dissolvido - Foto: Kacio Pacheco/Metrópoles

O ex-presidente Lula, recém-saído da cadeia e a caminho de novos e desconhecidos horizontes na política brasileira e mundial, pelo que se lê ou se ouve no noticiário, tem uma porção de obstáculos práticos pela frente. Há problemas com o Código Penal. Há problemas com a lei eleitoral.

Há problemas com a não-capacidade do seu partido e dos seus satélites de aprovar leis no Congresso, ou de decidir votações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Vai ter de contar com uma assistência praticamente integral do STF, durante os próximos meses e anos, para resolver encrencas que vão dos seus próximos processos criminais à sua condição de político ficha suja – e, portanto, inelegível, pelo menos segundo o que está escrito hoje.

Ele sabe, como sabem até as crianças com 10 anos de idade, que vai bombar nas próximas sondagens de “intenção de voto”, “popularidade”, “imagem”, etc. encomendadas aos Ibopes e Datafolhas por uma dessas confederações nacionais de alguma coisa que você encontra em qualquer esquina. Já deve saber, também, que os especialistas em algoritmos têm números imensos sobre a sua presença nas redes sociais.

Nos últimos doze meses, por exemplo, a “tração” do presidente Jair Bolsonaro foi mais de 40 vezes maior que a de Lula, e nas 72 horas seguintes ao seu alvará de soltura o chefe do PT passou à frente do inimigo. Mas os números dos institutos são sempre uma revelação sobrenatural, e o próprio Lula já se acostumou há muito tempo a não colocar a mão no fogo, nem perto, em relação a eles. Quanto ao algoritmo, que mede a capacidade de um agente digital propagar em ondas sua circulação na internet, o problema é o seguinte: estão falando muito de mim, mas estão falando bem ou mal? Essa vida é mesmo complicada.

Tudo isso, somado, parece mesmo uma pedreira, mas o maior problema de todos provavelmente não está aí. O mais difícil é algo que não depende de Lula, nem do PT, nem da esquerda. Para ter alguma chance real de sobreviver na política brasileira uma coisa é indispensável para ele, acima de qualquer outra: o governo Bolsonaro tem de dar errado.

As notícias, aí, são ruins – nada do que está acontecendo interessa para Lula. As vendas do varejo acabam de subir pelo quinto mês consecutivo. O Natal pode ser o melhor dos últimos seis anos, ou mais. Os juros, a 5% anuais, estão no seu nível mais baixo desde 1986, a inflação do ano pode ficar em 2,5% e em setembro, o último mês medido, a economia criou quase 160.000 novos empregos de “carteira assinada” – o que faz o total do ano passar dos 750.000. Os juros imobiliários caíram para cerca de 6%, a construção civil retomou o crescimento e há sinais de recuperação em uma porção de setores da atividade econômica.

Além disso, não se flagrou nenhum escândalo de corrupção no governo federal em quase 11 meses seguidos de nova gerência – algo talvez inédito na história do Brasil. Pode estourar um caso de ladroagem nos próximos 5 minutos, sem dúvida. Mas até agora não estourou, e Lula precisa que estoure.

O ex-presidente, mais do que tudo, não tem uma única ideia a propor, nem sugestão a apresentar. Está fazendo oposição ao que, exatamente? Lula diz que Paulo Guedes “está destruindo os sonhos dos brasileiros”. Está mesmo? Ninguém percebeu. Vai ser preciso que venha com algo muito melhor do que isso.

Ele tem falado, também, em mais uma “caravana pelo Brasil”, como sempre fala quando fica sem assunto. A última vez que tentou foi um desastre integral – em vez de atrair as massas, foi simplesmente expulso à pedrada do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Só voltou ao Paraná, tempos depois, para ser trancado no xadrez da PF em Curitiba.

Lula vai ter de arrumar, o quando antes, algum plano melhor para si próprio.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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