Lula matou a conversa “impeachment de Bolsonaro”
Para colunista, declaração pública do ex-presidente contra deposição do presidente encerra a proposta – ao menos neste momento
atualizado
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E agora, como é que ficam os grandes liberais-intelectuais, as esquerdas em geral e quem mais, neste país, prega, aberta ou veladamente, o impeachment do presidente Jair Bolsonaro? Por “falta de decoro”, por bater boca com jornalistas, por ser irresponsável em relação à epidemia do coronavírus e mais uns 100 outros motivos diferentes? Ficam a pé, sozinhos e debaixo da chuva.
Ninguém menos que o ex-presidente Lula, numa declaração pública feita em Berlim, matou o assunto para eles. “Bolsonaro ganhou as eleições e agora teremos de amargar”, disse Lula, “pois todos sabemos que o mandato é de quatro anos”. Fim de conversa, ao menos no que diz respeito a ele.
A plateia de Berlim não gostou. Vaiou e gritou “fora Bolsonaro”, mas pelo jeito isso não foi capaz de mudar a posição de Lula – ele é contra o impeachment, e no momento, pelo menos, não há o que fazer a respeito. O resumo desta ópera é o seguinte: se quiserem tirar o presidente antes do final do seu mandato, daqui a três anos, terão de fazer isso sem a ajuda e sobretudo sem a participação de Lula – e, naturalmente, a do PT.
Já não era fácil. Não apenas existe o pequeno detalhe de que é preciso achar um crime especifico cometido pelo presidente da República no exercício do cargo, como é necessário , também, convencer três quintos do Congresso a votar pela deposição – isso sem falar em um ou dois milhões de pessoas nas ruas gritando “fora Bolsonaro” e “impeachment já”. Agora, com Lula pedindo para ser incluído fora dessa, vão ter de manter a causa viva nos editoriais da imprensa.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.