Coronavírus é um presente para inimigos de Bolsonaro e do governo
O que interessa é transformar o presidente no centro da crise e dizer que ele – não o vírus – coloca em risco o país
atualizado
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Não existe mais, propriamente, uma discussão sobre o coronavírus no Brasil – a única conversa a respeito do assunto, hoje, se resume a discutir o presidente Jair Bolsonaro. É como se o combate mundial à epidemia, os esforços da ciência, as ideias para descobrir novos caminhos na administração da crise e tudo o mais que diz respeito diretamente à doença tivessem passado para o terceiro plano das atenções. A única coisa que interessa é transformar o presidente no centro de toda a crise – e dizer que é ele, e não o vírus, quem realmente está colocando em perigo a vida dos brasileiros.
Não importa o que você acha de Bolsonaro – pode estar convencido de que ele é o pior presidente que o Brasil já teve e terá em toda a sua história. Mas praticamente tudo o que está se dizendo a respeito das declarações que o presidente tem feito sobre o tema é uma agressão frontal à lógica. Isso ocorre porque há uma recusa sistemática de analisar com um mínimo de serenidade qualquer coisa que ele diz; seja lá o que for, tudo é motivo para dizer que ele é um aliado do coronavírus e um inimigo da população. Assim fica impossível ter mesmo 1% de razão.
O que está acontecendo, e muito pouca gente diz, é que o coronavírus caiu como um presente dos céus no colo dos inimigos de Bolsonaro e do seu governo. É, enfim, o que estimam ser a arma mais poderosa que têm hoje para tirá-lo do governo, na falta de um impeachment e de chances reais de ganhar as eleições de 2022. Ele será acusado, primeiro, pelas mortes. Depois pelo desemprego, recessão e desastre econômico provocados pelo confinamento das pessoas e pela proibição de produzir. Agora é guerra.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.