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Bolsonaro cogitou ressuscitar o “ministério que nunca existiu”

Dividir a pasta da Justiça e Segurança Pública só pode ter como único propósito tirar autoridade do ministro Sergio Moro

atualizado

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Bolsonaro e Moro
1 de 1 Bolsonaro e Moro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

De todas as ideias ruins que já apareceram no governo do presidente Jair Bolsonaro essa de ressuscitar o falecido “Ministério da Segurança” é positivamente uma das piores. Esse “ministério” nunca existiu.

Foi uma invenção do governo Michel Temer para fingirem que estavam “fazendo alguma coisa” para combater o crime, que então batia recordes sobre recordes – e, como é da melhor tradição da vida pública brasileira, sempre que o governo não tem a menor ideia do que fazer para resolver um problema, cria um ministério para cuidar do problema não resolvido e declara que o assunto está, enfim, solucionado.

Na ocasião, foi apenas isso – a velha trapaça de sempre para enganar o público pagante. Agora, a conversa é outra, e muito pior.

O tal “Ministério da Segurança”, como se sabe, foi extinto com a eleição do presidente Jair Bolsonaro e fundido com o Ministério da Justiça entregue ao ministro Sergio Moro – nenhuma novidade, aliás, porque as coisas já eram exatamente assim antes da invenção de Temer.

Nunca houve, portanto, a ideia de “fortalecer” Sergio Moro, apenas de lhe entregar o Ministério da Justiça como ele sempre foi, sem a amputação das áreas que havia sofrido no governo anterior. Agora, fala-se em separar de novo – e, aí, o único propósito só pode ser o exato contrário, ou seja, tirar autoridade do ministro da Justiça.

Alívio para o crime
Estão atrás disso gente que quer ficar com o ministério ressuscitado, políticos ansiosos em ter influência na polícia, secretários estaduais de segurança inconformados com a queda nos números da criminalidade – querem que o crédito vá para eles, e não para Moro.

Há, enfim, os que querem coisa ainda pior: um alívio para as organizações criminosas que controlam o tráfico de drogas, a venda de armas e o contrabando. Bolsonaro, por sua vez, deixa mais uma vez o barco andar com essas histórias. É o seu jeito de mostrar para Moro e para o resto do mundo que “quem manda aqui sou eu”.

Esse tipo de pescaria em água suja é uma praga.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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