Audiência de custódia: “Só o Brasil pratica uma demência dessa”
O juiz solta o bandido, o policial que defendeu a população é desmoralizado e os Celsos de Mellos da vida acham que conseguiram uma vitória
atualizado
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O Brasil até que seria um lugar feliz – relativamente feliz, digamos – se o único esforço para garantir que os criminosos tenham direito à impunidade perpétua fosse a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão de réus condenados em segunda instância. Esse presente, pelo menos, deve ficar restrito à bandidagem rica. É a turma dos políticos corruptos, dos empresários ladrões, dos grandes traficantes de droga, de magnatas que batem nas mulheres, e por aí vamos – esses ficarão livres até serem condenados quatro vezes seguidas, ou seja, até o fim da vida, mesmo porque os campeões do direito de defesa ainda podem inventar uma quinta instância, ou sexta, ou quantas lhes der na telha.
E a “audiência de custódia”, então, que põe em liberdade, todos os dias, os mais infames criminosos presos em flagrante? Você talvez nem saiba como funciona: o sujeito é preso, mas, antes de ir mesmo para a cadeia, tem de ser levado diante de um juiz, onde diz que foi maltratado pela polícia na hora da prisão. Pronto. O juiz solta o bandido, o policial que defendeu a população é desmoralizado e os Celsos de Mellos da vida acham que conseguiram mais uma vitória espetacular na defesa dos direitos humanos contra a violência da autoridade.
Não se sabe de nenhum outro país sério do mundo que pratique uma demência dessa. A justiça, aqui, pretende presumir que 100% dos policiais estão errados e que 100% dos criminosos são vítimas de “violência policial” ao serem presos – o tempo todo. Fica cada vez mais fácil entender por que o Brasil, sozinho, tem mais homicídios num ano do que 52 outros países do mundo somados, incluindo-se aí a China e os Estados Unidos.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.