Vídeo: capivaras invadem condomínio de luxo do DF e moradores temem doença
Live Resort é localizado na beira do Lago Paranoá, o que deixou o local exposto aos animais típicos da região durante a quarentena
atualizado
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O que no início despertou admiração e curiosidade, a presença crescente de capivaras nas áreas de lazer do condomínio Life Resort, localizado na beira do Lago Paranoá (Setor de Clubes Norte), passou a causar preocupação na comunidade. O bando com centenas desses animais é visto praticamente todas as noites no residencial de luxo e, agora, acendeu o alerta dos 1,5 mil moradores para o risco de doenças.
“Nos últimos dias, percebemos um aumento considerável do número de capivaras que passaram a nos visitar, todas as noites. Após o encantamento inicial, a situação nos trouxe mais uma preocupação, pois elas são hospedeiras de muitos carrapatos, causadores da febre maculosa”, relatou ao Metrópoles o síndico do condomínio, Renato Rincon.
“Por isso, acionamos a Ouvidoria do GDF para que possamos realizar uma ação, visando proteger a nossa comunidade e os pets que utilizam o local”, acrescentou.
Veja imagens:
De acordo com Rincon, além das gramíneas, as capivaras estão destruindo diversas plantas da orla do terreno privado, mas o problema relatado é ainda maior.
“A maior preocupação, no entanto, está relacionada à saúde dos nossos moradores. A capivara é um dos hospedeiros primários do carrapato-estrela (Amblyomma cajennse), o qual transmite a bactéria intracelular Rickettsia rickettsii, agente causador da zoonose Febre Maculosa Brasileira”, explicou, no documento encaminhado ao governo.
Contaminação do ambiente
De acordo com Rincon, as capivaras hospedeiras, ao serem infectadas por carrapatos vetores, apresentam a circulação da bactéria por até três semanas, podendo evoluir para óbito ou cura. Para haver transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas. Os mais jovens e de menor tamanho são vetores mais perigosos, porque são mais difíceis de serem vistos.
“Durante a baracteremia, as capivaras podem disseminar o agente para outros carrapatos que as estiverem parasitando, causando a amplificação da bactéria no ambiente. Os carrapatos podem se alimentar de qualquer hospedeiro acidental, inclusive o ser humano, transmitindo, assim, o agente infeccioso e causando a doença”, detalha o síndico. “Além dos humanos, os carrapatos oferecem riscos também aos pets que habitam o condomínio e fazem uso do gramado de nossa orla”, explicou.
Quando confirmada, a doença se manifesta por febre alta, dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo ou fadiga. Momentos após, o quadro pode evoluir para pequenas manchas avermelhadas no corpo, que passam a crescer e tornam-se salientes.
Existe uma vacina contra a febre maculosa brasileira, contudo ela não é indicada pelo fato de sua proteção ser apenas parcial, além de a doença ser muito pouco frequente e de tratamento rápido.
Invasão do habitat
De acordo com o Batalhão de Policiamento Ambiental da Polícia Militar (PMDF), o grande problema é que a área urbana cada vez mais invade o habitat natural desses animais, gerando situações como a do Life Resort. “Caso algum morador se depare com um animal em sua residência, o Batalhão Ambiental pode ser acionado via 190”, orienta a PMDF.
O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) também foi acionado pela reportagem. Em nota, o órgão lembra que a capivara é um animal presente em quase todos os biomas brasileiros e, portanto, espécie protegida por lei. A falta dos predadores naturais (onças) no meio urbano “contribui para o crescimento significativo de suas populações”, observa o órgão. Contudo, esse aumento acaba limitado quando elas não encontram alimentos em determinada área.
“Quanto à disseminação de doença, o fato do carrapato estrela ser hospedeiro frequente nas capivaras, ainda não foi detectado o agente contaminante para a febre maculosa. Segundo relatório da Secretaria de Saúde, ainda não existem casos confirmados da febre maculosa para o Distrito Federal”, observa o Ibram.