Sindicalista acusa servidores de usar drogas no Hospital do Gama
As gravações são atribuídas a Elza Aparecida, diretora jurídica do Sindicato dos Técnicos em Enfermagem
atualizado
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Um áudio compartilhado em grupos de WhatsApp atribuído à diretora jurídica do Sindicato dos Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate-DF) afirma que existe “tráfico de drogas” dentro do Hospital Regional do Gama. Na gravação, Elza Aparecida ainda denuncia que os próprios servidores da Secretaria de Saúde consomem as substâncias ilícitas revendidas na unidade hospitalar.
“Doutora, teve servidor que encarou a polícia. ‘Aqui nós mandamos’. Uai, doutora, pelo amor de Deus. É isso que nós queremos? (…) O que eu fiquei sabendo é que lá estava, sim, tendo tráfico, e são os próprios servidores que estão consumindo. Está ficando muito difícil”, denuncia o áudio.
Em outro trecho, a sindicalista sustenta que, embora tivesse conhecimento, evitou denunciar o crime à Polícia Civil para não prejudicar o governo.
“Quando Verbena [Melo, ex-diretora da região] descobriu que tinha tráfico dentro do Gama, eu já sabia. Quando ela veio me contar eu já sabia. Só que agora não vale a pena ficar segurando para ajudar o governo, para ajudar o gestor. Sabe por que, doutora? Porque a gente segura e depois vem uma pessoa, detona o gestor e o gestor sai”, frisou.
“Quero ouvir esse áudio”
A coluna procurou Elza Aparecida para comentar sobre o conteúdo do áudio. Por telefone, ela contestou a autenticidade do material obtido pelo Metrópoles.
A reportagem também questionou sobre quem realiza o comércio ilegal de drogas na unidade e a sindicalista sustentou, diferentemente da gravação, que seriam os pacientes. “Sei que tinha tráfico de drogas, mas já foi oficialmente denunciado pela diretora anterior do Hospital do Gama, que foi exonerada.”
“Eu nunca diria uma coisa dessas. Quero que prove. Vocês estão deturpando o que eu disse. Nunca citei servidores em nenhuma conversa minha. Quero ouvir esse áudio.”
O áudio, então, foi encaminhado para que ela confirmasse a gravação, mas, logo após ouvi-lo, Elza Aparecida parou de atender ou responder a reportagem. Ela não esclareceu quem é a “doutora” a quem se refere nas gravações.
Ouça:
O Metrópoles acionou a Secretaria de Saúde do DF sobre o conteúdo da conversa da sindicalista. Por meio de nota, a pasta afirmou desconhecer a existência de tráfico de drogas na unidade.
“É necessário que a denúncia seja formalizada às unidades de controle da pasta. Enquanto a denúncia não for judicializada e apurada, não é possível fornecer qualquer declaração”, resumiu.
Representante da categoria, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal (SindSaúde-DF) foi procurado pela redação, mas não havia se manifestado até a última atualização da reportagem.
Polêmica
Não é a primeira vez que a servidora protagoniza polêmicas. Em setembro, um outro áudio da sindicalista tentava proibir os técnicos em enfermagem da Secretaria de Saúde de colher sangue dos pacientes.
Na gravação, a sindicalista orientava a categoria a “se negar” a realizar a prática. A iniciativa ficaria suspensa, segundo ela, até que novos servidores fossem escalados para as unidades básicas de saúde.