Servidor da Saúde sugere que paciente acione MP para ter vaga em UTI
Declaração foi feita por Norton Ferraz, em grupo de WhatsApp, após um integrante do bate-papo pedir ajuda para conseguir internar uma mulher
atualizado
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Um funcionário de carreira da Secretaria de Saúde (SES-DF) disparou, em grupo de WhatsApp, que o melhor caminho para se conseguir uma vaga em unidade de terapia intensiva (UTI) na rede pública local seria a Justiça. A declaração foi registrada em espaço virtual que concentra servidores da pasta. O print da conversa foi encaminhado ao Metrópoles.
Registrada no início da tarde do último domingo (14/07/2019), a mensagem foi identificada como sendo de Norton Ferraz Sanchez (foto em destaque), ex-administrador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Foi uma resposta a um pedido de ajuda vindo de outro participante do grupo, o qual tentava a transferência de uma paciente em estado grave na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceilândia para algum hospital com especialidade intensivista. O interlocutor confirmou se tratar de Norton.
“UPA e Hospital de Santa Maria são Iges [Instituto de Gestão Estratégica da Saúde]. UPA não pode internar paciente por mais de 48 horas. O MP [Ministério Público] tem que entrar contra a SES e o Iges, afinal, Santa Maria tem leito de UTI”, escreveu o servidor.
O posicionamento de Norton, contudo, logo foi rebatido por outra participante da conversa. “Os leitos de UTI não são do Santa Maria, e sim da Regulação de Leitos da SES. Temos 40 leitos de UTI no Santa Maria. Muitas vezes, cancelamos cirurgias por não conseguir leito de UTI. A regulação da SES [é] que disponibiliza por prioridade os leitos”, escreveu.
O interlocutor seguiu a orientação do servidor, procurou as esferas necessárias e conseguiu uma liminar para a internação de Josineide da Silva Rodrigues, que reclamava de fortes dores abdominais. A piauiense morreu no domingo, antes de conseguir a esperada vaga na UTI. Ela deixa dois filhos menores de idade.
A coluna procurou o servidor Norton Sanchez, mas ele não retornou o contato feito pelo Metrópoles. Cerca de três horas após a publicação do texto, o ex-administrador do Samu explicou ter sido vítima de má interpretação. “O paciente já estava regulado e não se tratou de uma orientação. A minha fala foi uma reflexão, um questionamento, para esclarecer, do ponto de vista jurídico, como fica a judicialização agora com a figura do IGES. Ali é um grupo de servidores e a intenção era fomentar o debate. Não sei os motivos, mas usaram o portal para um ataque pessoal contra mim”, desabafou.
Veja o print: