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“Rollemberg deixará Brasília acabar”, diz genro de Oscar Niemeyer

Chefe do escritório do arquiteto à época da fundação da capital, Carlos Magalhães da Silveira indignou-se após queda de viaduto no Eixão Sul

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Niemeyer
1 de 1 Niemeyer - Foto: Reprodução Facebook

O arquiteto Carlos Magalhães da Silveira (na foto em destaque, à direita), genro de Oscar Niemeyer, mostrou-se indignado nesta terça-feira (6/2) com o que chamou de descaso dos governantes com Brasília. Magalhães chefiou a equipe técnica de profissionais responsáveis por projetar os importantes monumentos da capital do país e revelou-se enfurecido quando recebeu a notícia da queda de um viaduto localizado no Eixão Sul, rota importante para o trânsito no centro da cidade.

Em conversa com o Metrópoles, o ex-número um de Niemeyer elevou o tom das críticas e as direcionou ao atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). “Ninguém faz nada, só querem aparecer gravando conversa fiada. Não fazem nada pela cidade”, disparou Magalhães, conhecido pelo perfil combativo que, no passado, não poupou nem mesmo o sogro de críticas.

Pioneiro da capital federal e responsável direto pelas obras da Catedral Metropolitana de Brasília, Carlos Magalhães faz um alerta sobre outros pontos da cidade que sofrem com a falta de manutenção. “A plataforma da Rodoviária do Plano Piloto está em péssimo estado de conservação. Se estiver ruim como eu penso, pode acontecer o pior lá. Não quero fazer nenhum prenúncio, mas está tudo caindo aos pedaços, e não tem ninguém para sequer olhar. Esse governador vai deixar Brasília acabar e ficará olhando de longe”, atacou.

Ao ser consultado sobre o tipo de ações que poderiam ser feitas a partir de agora pelo governo, o arquiteto foi objetivo: “Inúmeras vezes, pedimos que ele [Rollemberg] pintasse da cor original a base da Torre de TV. Uma coisa simples, uma pintura, e nada foi feito. Falta cuidado, falta um acompanhamento. Falta tudo para Brasília. Esse governo não faz nada e sobrou pouca gente séria na cidade.”

Fadiga dos metais
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF), Vera Ramos também é uma defensora da cidade. Segundo ela, o problema da falta de carinho com Brasília é antigo. “Para se preservar um patrimônio histórico, é preciso conservar e fazer a manutenção regular. Isso precisa ocorrer de mãos dadas. E nenhum governo até hoje apresentou rotina sistemática de conservação e manutenção para preservar esse nosso grande patrimônio”, disse.

Para o jornalista e historiador de Brasília Silvestre Gorgulho, o tombamento da cidade precisa estar na pauta da campanha eleitoral deste ano, em nível distrital e federal. “Os próximos candidatos a governador e a presidente têm de sentar para fazer um projeto em prol de Brasília, que está prestes a completar 60 anos de inauguração. Existem projetos importantes para a cidade e, se não houver um trabalho em conjunto, nossa cidade sucumbirá. A fadiga dos metais já chegou”.

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Lucio Costa com a filha, Maria Elisa: Brasília foi feita com todo cuidado


O projeto de Lucio Costa

Filha do urbanista responsável pelo projeto de Brasília, Maria Elisa Costa disse ter sido surpreendida pela notícia da queda do viaduto na capital, a qual considera como “irmã caçula”. Por morar atualmente no Rio de Janeiro, a herdeira de Lucio Costa acompanhou pela televisão o incidente no centro do Plano Piloto. Mas acredita que o fato possa servir de alerta para o descaso com a região central da cidade.

“Meu Deus do céu, que coisa mais estranha. Eu tomei um susto. Tudo foi feito com tanto carinho, muito cuidado. Lembro que uma coisa que chamava atenção à época era justamente o cuidado com a urgência da obra, que nunca comprometeu a qualidade das construções. Não há possibilidade de ter caído por ter sido mal feito, isso eu posso garantir”, disse a arquiteta carioca. Segundo ela, o momento é de ampliar a cautela com o Plano Piloto: “Tem que dar uma olhada geral. Sem conotação política, com puro bom senso”.

Para Maria Elisa Costa, uma solução seria a criação da “Bacia do Paranoá”, como espécie de centro histórico de Brasília. Na visão da arquiteta, um administrador deveria cuidar exclusivamente do novo setor, sob a fiscalização de uma comissão de notáveis e com amplos poderes para preservar o patrimônio central da cidade. “Brasília é uma casa. Tem uma estrutura grande. Quando temos problemas hidráulicos dentro de casa, chamamos o bombeiro. Com Brasília deveria ser a mesma coisa”, disse.

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