Prima de enfermeira morta por Covid-19 conta: “Foram cinco dias”
Maria Cláudia Silva reconheceu corpo da auxiliar Adelita Ribeiro e disse que parentes mantiveram distância de 20 metros do caixão no funeral
atualizado
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Prima de Adelita Ribeiro – técnica em enfermagem morta pelo coronavírus em Goiás –, Maria Cláudia de Miranda Silva fez um desabafo emocionado após tomar conhecimento da morte da parente de primeiro grau. Segundo ela informou ao Metrópoles, desde que apareceram os primeiros sintomas até o óbito, ocorrido no último sábado (05/04), foram cinco dias. Ela foi a primeira morte por Covid-19 em Goiânia e a terceira do estado.
Conforme o relato, no dia 27 de março, a servidora municipal do Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) do Jardim Novo Mundo, de Goiânia, fez seu último plantão na rede municipal de saúde. Três dias depois, apresentou sintomas fortes da doença e precisou ser internada. No segundo dia após a internação, foi entubada pelos médicos para auxílio respiratório, mas foi a óbito apenas 48 horas depois. Adelita não tinha comorbidades, segundo familiares.
“Ela [Adelita] não teve velório e foi enterrada aproximadamente às 18 horas do próprio sábado (04/04). Meus pais tiveram que ficar a uma distância de uns 20 metros do local da sepultura”, disse a agente de trânsito goiana. Segundo ela, o funeral ocorreu na cidade de Goianápolis (GO)
Ao receber a notícia da morte da prima, Maria Cláudia gravou um vídeo emocionado. “Os pais dela são do grupo de risco e os meus também. Eu sou a pessoa que tive que sair de casa para resolver os assuntos. Não ache que esse vírus é brincadeira, porque não é. Eu estou sem chão, porque a gente acha que isso nunca vai acontecer. Aconteceu, eu vou ter que sair atrás para resolver tudo. O enterro da minha prima só poderá ter pouquíssimas pessoas. Se eu puder pedir: Fique em casa! Porque hoje estamos perdendo algum ente amado de nossas famílias”, desabafou.
Veja o vídeo:
Vídeo em homenagem
Os colegas de trabalho de Adelita Ribeiro também homenagearam a técnica em enfermagem após o óbito repentino. Os funcionários do Hospital do Coração, onde ela também prestava serviços, gravaram um vídeo com imagens alegres da amiga e mixaram com a gravação de cada um colocando, primeiramente, a máscara de proteção para depois aplaudir a dedicação de Adelita. A mensagem é para que todos, mais do que nunca, atentem para as medidas protetivas para evitar a infecção pelo novo coronavírus.
“Vamos continuar por você”, escreveram no final da peça.
Veja o vídeo:
“Heroína”
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), lamentou, no início da tarde deste domingo (05/04), a morte de Adelita Ribeiro, técnica de enfermagem de 38 anos que estava na equipe de servidores da Saúde que enfrenta a pandemia do novo coronavírus no estado. Este é o terceiro óbito causado pela Covid-19 no território goiano e o primeiro em Goiânia. A confirmação ocorreu no sábado (04/04).
“Uma heroína que perdeu a vida para salvar vidas. A luta de Adelita Ribeiro, técnica de enfermagem e laboratório, morta aos 38 anos, vítima do coronavírus, jamais será esquecida pelo Estado. Essa é minha palavra como governador de Goiás”, escreveu o titular do Palácio das Esmeraldas em sua conta no Twitter.
Segundo ele, Adelita fez campanha para que as pessoas fiquem em as casa enquanto milhares de profissionais de diversas áreas, assim como ela, estão na linha de frente em defesa dos goianos. “Expostos a riscos, longe de familiares, pensando em ajudar a quem precisa. Cumprindo um juramento de salvar vidas”, continuou.
Médico, Caiado informou que a servidora não tinha qualquer comorbidade e perdeu a vida diante de um vírus que mata, independentemente de idade. “Gente, vamos seguir orientações. Fiquem em casa. Pensem e respeitem o próximo. Só vamos vencer este momento se estivermos juntos. Que Deus conforte familiares e amigos”, completou o democrata.