Número 2 da Semob é suspeito de usar terceirizado como motorista particular
Denúncia aponta que Luiz Felipe Cardoso de Carvalho teria usado estrutura pública para realizar tarefas pessoais
atualizado
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Número dois na estrutura da Secretaria de Transporte do Distrito Federal, o secretário-executivo de Mobilidade, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho, é alvo de investigação interna da pasta por ser acusado de colocar um funcionário terceirizado para dirigir o seu veículo particular. A conduta fere as regras do contrato vigente entre o órgão e a empresa Real JG, de propriedade da família do deputado distrital José Gomes (PSB) e empregadora do condutor.
De acordo com a denúncia que tramita internamente na pasta e que o Metrópoles teve acesso, o terceirizado Renato Soares de Almeida estaria disponível para prestar serviços exclusivos como motorista no âmbito das unidades orgânicas da Secretaria de Transporte. Contudo, teria sido flagrado conduzindo o carro pessoal de Luiz Felipe, o que configura irregularidade.
“É veementemente proibido conforme regras do Edital de Pregão Eletrônico nº 008/2015, item 5.6.2, página 26, que os colaboradores somente podem conduzir veículos oficiais”, frisa o documento interno.
O procedimento interno apura ainda se o condutor, que é pago com recursos públicos, estaria desenvolvendo atividades particulares para o segundo nome mais importante da pasta. “Solicito gestão junto a área de logística para que averigue se o colaborador supracitado está realizando suas atividades laborais em desacordo com as previstas em edital”, completa o despacho.
A Real JG é uma prestadora de serviços gerais e de propriedade da irmã do deputado José Gomes. Para o serviço exclusivo de oferecer motoristas para a Secretaria de Transporte, foi contratada por um total de R$ 677.151,20.
O acordo comercial foi estabelecido entre o grupo empresarial e o extinto DFTrans, ainda em 2016. Na época, foi assinado por José Gomes, que ainda não ocupava cadeira na Câmara Legislativa (CLDF).
Procurada, a Secretaria de Transporte afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que o motorista terceirizado “atende a serviços do gabinete”. Da mesma forma acionada, a área jurídica da Real JG não havia se posicionado sobre o episódio. O espaço permanece aberto para manifestações.
Executivo da Via
Antes de assumir a secretaria-executiva de Mobilidade, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho foi executivo da empreiteira Via Engenharia, que entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado para evitar a falência do grupo.
As dificuldades da maior empreiteira do DF coincidem com o envolvimento da construtora em escândalos de corrupção. A empresa foi citada na Lava Jato e tornou-se alvo da Panatenaico, que investiga desvios milionários em obras no Mané Garrincha, arena a qual custou R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos.
Na oportunidade, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho foi um dos 36 nomes que foram alvo de procedimento administrativo instaurado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica e noticiado pelo Metrópoles. O órgão investigava suposta formação de cartel em obras de arenas esportivas destinadas à Copa do Mundo do Brasil de 2014, incluindo o Estádio Nacional de Brasília.
O procedimento foi criado para apurar a participação em possível conluio na licitação pública voltada para a reconstrução da principal arena do DF. O executivo também integra as páginas de inquéritos do Ministério Público Federal (MPF) pelo mesmo motivo. Ainda não há desfecho sobre o caso.