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No DF, universitário é nomeado diretor da Biblioteca Nacional

Conselho de Biblioteconomia afirma que apenas profissionais formados podem ocupar a função e cobra exoneração. Secretaria fala em “equívoco”

atualizado

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Imagem da Biblioteca Nacional de Brasília
1 de 1 Imagem da Biblioteca Nacional de Brasília - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O secretário de Cultura do Distrito Federal, Adão Cândido, nomeou um estudante universitário para ocupar o cargo de diretor da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), fato que contraria a legislação federal.

Allan Wanick Motta foi designado para exercer o Cargo de Natureza Especial símbolo CNE-07 na Subsecretaria do Patrimônio Cultural, dentro da estrutura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Para a função, o salário bruto é de quase R$ 5 mil.

A escolha para o posto, publicada no Diário Oficial do DF da última sexta-feira (29/11/2019), foi alvo do Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região (CRB-1).

Na quarta-feira (04/12/2019), a entidade notificou a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal para que substitua o novo diretor da Biblioteca Nacional de Brasília nos próximos 30 dias.

“Após o prazo de 30 dias, requeiro que seja informado ao CRB-1 o nome e o respectivo registro do profissional nomeado, para que possamos verificar e proceder à fiscalização do exercício regular do indicado”, registra a entidade por meio de nota.

De acordo com a Lei Federal n° 4.084, de 1962, apenas profissionais com diploma de bacharel na área e com o registro profissional no conselho podem ocupar os cargos de direção nas bibliotecas públicas.

Além de não ter diploma, Allan Wanick quase foi jubilado pela Universidade de Brasília (UnB). No fim de maio, ele solicitou o retorno aos estudos, quando foi readmitido pela instituição federal.

“Eu não sabia que tinha que ter o diploma para o cargo. Isso foi novo para mim. Ninguém me avisou nada”, afirmou o rapaz ao Metrópoles. Allan Wanick confirmou ser aluno do último semestre do curso de Biblioteconomia. Disse ainda que voltou a estudar recentemente, após ter o pedido de reintegração aceito pela UnB.

Veja a notificação:

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Estagiário

Antes de ser nomeado pela atual gestão, Allan Wanick era assistente técnico em uma empresa privada e foi estagiário na biblioteca da UnB e da Procuradoria-Geral da República (PGR), de acordo com informações divulgadas no perfil do acadêmico no site LinkedIn. Na página, confirma ainda ser estudante da universidade federal. Os dados são alimentados pelos próprios usuários.

Ao ser acionada pela reportagem para comentar o caso, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa informou à coluna que “houve um equívoco” no processo de nomeação do estudante.

A pasta argumenta que, originalmente, Wanick seria designado para “um cargo de assessor”. Segundo o órgão, já foi solicitada a correção, a qual deve ser publicada ainda esta semana do Diário Oficial do Distrito Federal.

Após o Metrópoles procurar a secretaria, Allan foi informado de que o ato seria tornado sem efeito. “Cheguei a tomar posse, mas depois me falaram que iriam cancelar a minha nomeação”, relatou o universitário à reportagem na tarde dessa quarta-feira (04/12/2019).

Polêmicas

Nomeado no início da gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB), o secretário de Cultura, Adão Cândido, já protagonizou situações embaraçosas.

Recentemente, o titular da pasta foi vaiado no 52° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Ao ser convidado para discursar, ouviu do público gritos de “Fora, Adão”. O secretário não interrompeu a fala, mas chegou a debater com os manifestantes. “O que vocês estão fazendo é postura antidemocrática. Estão manchando a história do Festival de Brasília”, retrucou Cândido.

Em abril deste ano, o Metrópoles noticiou que o gestor havia determinado reformas na Biblioteca Nacional de Brasília para abrigar o gabinete dele e de assessores. Originalmente, o órgão funcionava no anexo do Teatro Nacional Claudio Santoro. O prédio é tombado e, para quaisquer alterações, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) teria de ser consultado.

No entanto, até mesmo um banheiro particular foi construído no prédio. A obra aconteceu em meio à crise financeira e à falta de investimentos em outras prioridades, como a reforma do Teatro Nacional, fechado há cinco anos. No fim de março, artistas da cidade também reclamaram do atraso na liberação do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

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