Na pandemia, 2.247 pequenas empresas fecharam, mas 8.234 abriram no DF
Nova titular do Empreendedorismo, Fabiana Di Lúcia diz que número mostra que as pessoas estão se reinventando durante a crise
atualizado
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Recém-empossada para comandar a nova Secretaria do Empreendedorismo, Fabiana Di Lúcia revelou um dado até então desconhecido: o número de empresas abertas durante a pandemia do novo coronavírus no Distrito Federal foi superior ao de fechadas ou com atividades encerradas.
Durante entrevista ao Metrópoles, a advogada informou que, de março até agora, 8,2 mil novos CNPJs distritais foram criados, enquanto o número de extintos foi de pouco mais que 2,7 mil.
“Podemos analisar esses números sob alguns aspectos, mas o principal deles é que muitos profissionais com carteira assinada ou até os que estavam na informalidade podem ter decidido partir para o empreendedorismo durante a quarentena, o que, de alguma forma, os impediu de manter a ocupação. Muitos tiveram de se reinventar para garantir uma renda, o que é uma das realidades impostas por esse momento de crise econômica”, explicou a titular da mais nova pasta anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
A empresária Júlia Losada, 22 anos, está nesse grupo. Ela decidiu investir em uma loja de comidas saudáveis na capital do país: “Reformulamos o cardápio e vamos começar com delivery. É uma nova oportunidade de se reinventar”.
Esforços coletivos
Segundo a secretária Fabiana Di Lúcia, o cenário pós-pandemia exigirá esforços coletivos para que a economia local volte a ser aquecida e o papel do microempresário e do pequeno empreendedor será fundamental para isso, inclusive para movimentar o mercado de trabalho. “No âmbito do DF, há mais de 330 mil empresas. Desse total, 99% são micro e pequenos empreendedores, sendo que 78% deles atuam em serviços e no comércio. Sem dúvida, é essa fatia importante que é responsável pela criação de mais postos de trabalho no mercado”, frisou
Para auxiliar na próxima fase, com a volta parcial do funcionamento do comércio, a secretária antecipa a criação de programas direcionados a garantir fôlego ao empresário, de qualquer porte, para garantir segurança de investimentos na economia local. Um deles será o lançamento de um aplicativo para unir o prestador de serviço e o cliente que precisa dele.
“Começamos a fazer uma interlocução para que a gente tenha a maior quantidade de produtos disponíveis para o microempreendedor. Um deles será uma parceria com o Banco de Brasília (BRB) e o Sebrae para montar um espaço do empreendedor em cada uma das 67 agências bancárias e, com isso, auxiliar o investidor em todas as possibilidade. Também estamos lançando uma plataforma, uma espécie de iFood do comércio, para integrar as empresas e os clientes “, disse.
Fundo garantidor
Fabiana Di Lúcia também analisou o balanço do banco local acerca da liberação de créditos por meio do Supera-DF, programa criado justamente para servir de suporte financeiro ao empresário que teve sua vida diretamente impactada pela pandemia do novo coronavírus. “Pelos dados desta segunda-feira (18/05), menos de 5 mil empresas procuraram o BRB para buscar o empréstimo a juros baixos. Desse total, 2.829 conseguiram êxito na liberação do recurso, o que significa mais de 60% daqueles que realmente recorreram ao banco”, disse.
Para quem não conseguiu o empréstimo, ressalta a chefe da pasta, um fundo garantidor criado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e que será anunciado pelo titular do Palácio do Buriti está em fase final de elaboração. A ideia é que o programa consiga atender também aqueles microempreendedores que não dispõem de cartas na manga para a aquisição de empréstimos bancários, como imóveis ou veículos.
“Ele será usado para as empresas que realmente têm viabilidade do negócio, mas é bom lembrar que ele não substitui a ausência de capacidade de pagamento de cada CNPJ”, destaca
Servidora de carreira da Câmara Legislativa (CLDF) por 14 anos, Fabiana Di Lúcia estava requisitada para o Executivo local, onde, até recentemente, era a subsecretária responsável por administrar o Programa de Apoio ao Empreendimento Produtivo do DF (Pró-DF), rebatizado pela atual gestão como Desenvolve-DF.
Entre fomentos empresariais, o projeto auxilia na regularização de pendências, obriga o cumprimento de contratos, transfere concessões entre empresas, revoga cancelamentos, refinancia dívidas de concessões, cria novas Áreas de Desenvolvimento Econômico (ADEs) e trabalha em um sistema de novas concessões de lotes.
Até então ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a pasta agora será independente e com recursos próprios. Além do Desenvolve-DF, o órgão será responsável pela gestão e controle, por exemplo, dos programas cartão material escolar e o Simplifica PJ, uma espécie de Na Hora criado exclusivamente para as empresas.
“Em parceria com o Sistema S e o Sebrae-DF, criamos um fórum permanente de micro e pequenas empresas para diagnosticar as ações que poderemos encabeçar nessa nova realidade imposta pela pandemia. Será uma secretaria atuante, porque na verdade carregamos conosco a parte mais importante do plano de governo de Ibaneis Rocha, que é gerar vagas no mercado de trabalho”, finalizou.