GDF demite administrador de Santa Maria acusado de assédio sexual
Decisão ocorre após uma servidora ter levado Miro Gomes à Polícia Civil. Ela apresentou prints de conversas e relatou situações recorrentes
atualizado
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O administrador de Santa Maria, Amir Gomes Nogueira – mais conhecido como Miro Gomes –, foi exonerado nesta sexta-feira (06/12/2019) pelo governador em exercício Paco Britto (Avante). Ele é acusado por uma servidora da administração regional de assédio sexual. O caso foi revelado pela coluna Grande Angular, do Metrópoles.
O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial (DODF), nesta noite (veja abaixo). Pela função política, ele recebia salário mensal de R$ 11.544,39. Miro era indicado da deputada distrital Jaqueline Silva (PTB).
A denúncia ocorreu após as investidas de Nogueira: Camila Pereira dos Santos registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) em 27/11/2019.
De forma interina, quem passa a responder pela administração de Santa Maria é o atual chefe de gabinete, Erivaldo Alves Pereira. O novo titular do órgão será decidido após o governador Ibaneis Rocha (MDB) retornar de viagem.
Além do relato, ela apresentou prints das mensagens de teor sexual que teria recebido do administrador.
“Vc me deixou muitoooo a fim rs rs rs, excitado (…) garanto que você vai gozar gostosooo (e vai se deliciar)”, escreveu Gomes à funcionária.
As mensagens teriam sido enviadas entre os dias 23 e 24 de abril de 2019.
Confira:
Entenda
Embora as mensagens sejam de meses atrás, Camila disse à polícia que o administrador, quando a encontrava nos corredores da repartição pública, “costumava proferir gracejos como, ‘ô lá em casa’ (…), ‘meu sonho’”.
Além do assédio sexual, a funcionária fez outra denúncia contra Miro Gomes: disse que foi acusada, junto a colegas, de ter vazado informações estratégicas da administração para a imprensa.
Ela conta que, em 22 de novembro, o administrador reuniu todos os servidores comissionados e os teria obrigado a entregar seus aparelhos de celular desbloqueados. Tentava, segundo a denunciante, descobrir quem havia passado as mensagens citando informações da administração.
No mesmo dia, segundo o boletim de ocorrência, a secretária do administrador teria obrigado Camila, novamente, a desbloquear o aparelho “para conferir se havia mensagens que comprometessem Amir”.
Camila disse à polícia não ter mais as mensagens citadas, apenas prints das conversas.
“Estou bem abalada, porque tudo isso é muito constrangedor. Fui proibida de trabalhar, afastada da administração antes mesmo de ser exonerada”, disse a mulher ao Metrópoles.
Em nota, o administrador negou todas as acusações, diz que se antecipou e prestou depoimento na delegacia.
Veja a íntegra da nota de Miro Gomes:
“Diante do boletim de ocorrência registrado pela sra. Camila Pereira dos Santos, venho a público explicar os fatos:
1- Confio na investigação em curso pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher da Polícia Civil do DF e informo que me antecipei e já prestei depoimento apontando que não há assédio sexual, conforme alegado;
2- A sra. Camila segue como servidora nomeada da Administração Regional de Santa Maria até a presente data e os alegados fatos se desenvolveram em abril de 2019, o que evidencia que não houve assédio ou pressão como busca fazer crer a servidora;
3- O boletim de ocorrência dá conta que não há registro das mensagens originais por parte da sra. Camila, sendo apresentados somente prints de telas de celular, que alteram substancialmente o cenário estabelecido na troca de mensagens, com exclusão de respostas e conversas;
4- Importante ressaltar que a sra. Camila registrou boletim de ocorrência de fato ocorrido há sete meses em retaliação à apuração interna na Administração Regional sobre vazamento de informações administrativas acerca de obras a serem iniciadas e em andamento na cidade.
Diante dos fatos apresentados, minha inocência será provada em breve.”