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Filme da ditadura apoiado por Eduardo Bolsonaro não requer alvará

Manifestação foi convocada pelos moradores da Vila Planalto para tentar impedir a exibição divulgada pelo deputado federal

atualizado

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1 de 1 Protesto-Ditadura-Vila-Planalto - Foto: Reprodução

Uma manifestação convocada para a noite desta quinta-feira (07/11/2019), na entrada da Vila Planalto, tentará impedir a exibição gratuita de um filme com defesa ao regime militar brasileiro, também conhecido como época da ditadura. A transmissão está prevista para ocorrer às 19h, na praça em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, e foi divulgada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O parlamentar gravou um vídeo para convidar o público e informou que participará, ao lado de aliados, da transmissão. A Administração Regional do Plano Piloto, responsável pela região, informou a princípio que não emitiu alvará para o evento. Contudo, o DF-Legal – órgão responsável pela fiscalização do Governo do Distrito Federal (GDF) – informou ao Metrópoles que não cobra autorizações de “eventos culturais/sociais sem fins lucrativos”. O Palácio do Buriti confirmou a nova versão.

O título do filme é 1964 – O Brasil entre armas e livros e retrata, segundo os autores, o regime militar no Brasil por outra perspectiva: “Revela uma verdade até então escondida”. A tônica é usada por Eduardo Bolsonaro para justificar o convite, ao dizer que a versão dada sobre o período pelos professores de história é uma narrativa “falsa”. Um dos entrevistados é o ideólogo e guru do presidente Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho.

A notícia da exibição do filme fez com que uma manifestação fosse convocada. “Os moradores vão para a entrada da Vila para mostrar que aqui tem pessoas que se preocupam com a história e que zelam pelo espaço público. A gente sofreu muito nessa época e conseguimos nos estabelecer como espaço de moradia quando o regime militar acabou”, afirmou Rita Andrade, coordenadora do protesto e filha de pioneiros da região.

“Ninguém vai chegar aqui e cantar de galo, mesmo porque aqui nossas cicatrizes desse período ainda estão abertas. Não vamos permitir a exibição de um filme com apologia à ditadura”, prosseguiu Rita (na foto em destaque, ao lado de outra manifestante).

Veja o vídeo em que Eduardo Bolsonaro convida para o filme:

Polêmica sobre AI-5

Recentemente, o filho do presidente Jair Bolsonaro protagonizou uma polêmica ao defender, durante entrevista, a volta do regime militar. A declaração foi feita como resposta contra a “radicalização” da esquerda no Brasil, com a possibilidade de um “novo AI-5”. Ele se referia ao Ato Institucional nº 5, editado no período mais duro da ditadura militar – que implicou na cassação de direitos civis e políticos, invalidou mandatos, instituiu a censura no país e fechou o Congresso Nacional.

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada por meio de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, frisou o deputado federal, que está no segundo mandato.

Após a declaração, o “zero três” de Bolsonaro pediu desculpas, mas acabou alvo de pedido de cassação na Câmara dos Deputados por atentar contra a democracia.

“Eu penso que a exibição desse filme não poderia ser em lugar pior, porque nós, da Vila Planalto, fomos os que mais sofremos com a repressão na época da ditadura militar. Estávamos nos anos 1970 e 1980 sob risco iminente de expulsão, com fiscais do Estado batendo em nossas portas e expulsando famílias sem nenhuma dignidade”, analisou Leiliane Rebouças, moradora e ativista da Vila Planalto.

“Aqui foi onde os alunos da Universidade de Brasília se abrigaram quando fugiram da invasão dos militares. É um despautério exibir justamente aqui um filme que distorce o que foi a ditadura”, continuou Leiliane. A militante escreve um livro com os relatos colhidos de pessoas que viveram o período de repressão.

 

Divulgação
Moradores da Vila Planalto preparam faixas contra a ditadura militar

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