Deputados do DF gastam, na pandemia, gasolina que daria para ir diariamente de Brasília a Anápolis
No mês de maio, Bia Kicis e Luís Miranda gastaram cerca de R$ 1,2 mil cada um, o que daria uma viagem diária de 122km
atualizado
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Dois deputados federais que integram a bancada do Distro Federal na Câmara dos Deputados gastaram no mês de maio, portanto em plena pandemia do novo coronavírus, cerca de R$ 1,2 mil. As despesas de Bia Kicis (sem partido) e Luís Miranda (DEM) apenas com gasolina equivale a um trajeto diário de 122km para cada um deles.
As notas fiscais foram registradas no mês passado, quando o Congresso Nacional ainda funcionava exclusivamente com sessões remotas no plenário de votações e nas comissões temáticas. Os dados foram adquiridos por meio do portal da transparência da Casa.
Para alcançar a média de gasto diário, o Metrópoles se baseou no consumo de 11 km/l de combustível, feita por um Toyota Corolla – modelo de veículo alugado por Bia Kicis para o mandato parlamentar.
A edição do decreto da quarentena fez com que o preço do litro da gasolina caísse e, durante a maior parte do mês, ficou em média de R$ 3,59 naquele período. O valor absoluto, contudo, pode variar para mais ou para menos, a depender dos fatores considerados.
No caso de Luis Miranda, precisamente, ele gastou R$ 1.204,15 de gasolina apenas no mês de maio. Já a deputada Bia Kicis, o valor é pouco menor: total de R$ 1.186,63, uma diferença de R$ 17.
Apenas para efeitos de ilustração, o terceiro colocado em gastos de combustível naquele mês, o deputado Júlio César Ribeiro (Republicanos), tem histórico de visitar bases políticas e pediu o reembolso de R$ 723,17 durante os 30 dias de trabalho. Os outros cinco congressistas não apresentaram gastos com o combustível até agora.
Esses valores ainda podem mudar, visto que os parlamentares têm até três meses para pedir o reembolso de gastos, conforme prevê o Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
Confira os gastos dos três parlamentares:
Outro lado
A coluna procurou os parlamentares citados na reportagem para garantir o contraditório. Por nota, o deputado Luís Miranda informou que “manteve presença no plenário e no gabinete da Câmara mesmo durante o período de pandemia”.
Ainda segundo o congressista, tanto ele quanto a assessoria do gabinete “mantiveram ativa agenda de compromissos, que incluem atividades junto aos poderes Executivos, local e federal, em busca de implementar políticas públicas eficazes para o combate ao coronavírus e a diminuição de seus efeitos na economia e na vida da população”. “Cabe ressaltar que o deputado sempre figura entre os mais econômicos quanto ao uso de recursos públicos”, frisou.
Igualmente acionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da deputada Bia Kicis não havia se pronunciado sobre o gasto mensal da parlamentar com combustível. O espaço, contudo, permanece aberto para manifestações futuras.
Verba indenizatória
A Câmara dos Deputados destina para cada integrante do Parlamento quase R$ 31 mil mensais, que podem ser usados em despesas com passagens aéreas, telefonia, manutenção de escritórios parlamentares, alimentação, hospedagem, locação de veículos, combustíveis, segurança, trabalhos de consultorias e ainda divulgação da atividade parlamentar.
A verba também é cumulativa. Isso, na prática, permite que valores não usados na totalidade em algum período possam ser reaproveitados em meses seguintes.
Apenas em abril, os 513 deputados federais em exercício do mandato gastaram R$ 3.998.982,80 com a verba indenizatória. Segundo o Poder Legislativo, grande parte desse montante foi destinado a custear a publicidade dos mandatos parlamentares, com mais de 30% do total.