Coronavírus: Sesipe pede prisão domiciliar para detentos do grupo de risco no DF
Somente no Centro de Detenção Provisória (CDP), há 375 apenados com algum tipo de comorbidade, sem contar os que têm mais de 60 anos
atualizado
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Por temer o crescimento dos registros de contaminação pelo novo coronavírus, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe-DF) solicitou que a Justiça analise a possibilidade de conceder prisão domiciliar ou liberdade provisória para os presidiários que integram o grupo de risco da doença. Atualmente, 23 integrantes da população carcerária local foram confirmados para a Covid-19.
O pedido ocorreu após o órgão fazer um diagnóstico da situação da doença dentro do sistema prisional brasiliense e encaminhá-lo à Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).
Ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), órgão do qual a Sesipe faz parte, confirmou a solicitação e informou que a subsecretaria “fez levantamento sobre internos com enfermidades que os classifiquem como grupo de risco. O relatório foi encaminhado à VEP para análise de possíveis concessões de prisão domiciliar ou liberdade provisória”, detalhou.
De acordo com a pasta, enquanto não há uma decisão oficial sobre o assunto, assim como no caso dos idosos, todos os internos com comorbidades “recebem atenção especial da equipe de saúde formada por médicos, enfermeiros e outros profissionais da área”.
Grupo de risco
A Secretaria de Segurança não informou os números atuais da população carcerária em todo o sistema prisional do DF. Em julho do ano passado, reportagem revelou que o Distrito Federal tinha, na época, 16.766 detentos. O número de pessoas encarceradas superava em mais de duas vezes a quantidade das 7,3 mil vagas: ou seja, a superlotação chega a 9.371 internos.
A coluna teve acesso a um levantamento detalhado sobre o Centro de Detenção Provisória (CDP), uma das unidades do Complexo Penitenciário da Papuda destinada à custódia de pessoas do sexo masculino presos provisoriamente e apenados considerados vulneráveis.
De acordo com o documento, que dá uma dimensão da população carcerária em risco, pelo menos 375 detentos apresentam algum tipo de doença e poderiam ser incluídos como sendo vulneráveis em relação ao novo coronavírus. O número ultrapassa os 10% dos 3.145 internos registrados, conforme levantamento realizado até o fim do mês de março.
No caso do CDP, são detentos com comorbidades e doenças crônicas, como HIV, hepatite C, hipertensão, diabetes e asma. Para esse grupo, apenas no mês de março foram realizadas 60 escoltas policiais até uma unidade de saúde de referência para controle das enfermidades.
O relatório não informa a população carcerária com mais de 60 anos, também alvo de infecções mais severas do coronavírus.
Confira os números dos apenados do CDP que têm doenças (referência março/2020):
- Hipertensão – 158
- Diabéticos – 53
- Crises alérgicas que atacam a pele – 40
- Asmáticos – 30
- Usuários de Antirretrovirais – 22
- HIV – 22
- Outras DST’s – 20
- HPV – 10
- Ostomizados – 7
- Tuberculose– 5
- Sífilis – 5
- Hepatite C – 2
- Hérnias – 01
- TOTAL – 375