Vídeos: veja um balanço dos últimos dias da semana digital de alta-costura
A temporada de outono/inverno 2020/21 de haute couture aconteceu entre os dias 6 e 8 deste mês
atualizado
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Não há dúvidas de que a pandemia do novo coronavírus causou diversas mudanças no mundo da moda. Uma delas foi a necessidade de adaptação na forma de apresentar coleções. Os eventos franceses destinados aos segmentos masculino e de alta-costura foram cancelados. No entanto, a solução foi a implementação de uma edição 100% digital. Os shows de haute couture aconteceram entre 6 e 8 de julho, com destaque para as apresentações de marcas como Chanel, Alexandre Vauthier, Julien Fournié, Aelis, Maison Margiela, Elie Saab, Viktor & Rolf, Bouchra Jarrar e Valentino.
Vem comigo conferir!
Plataformas como YouTube, Vimeo e Instagram foram essenciais para garantir a difusão das novidades de outono/inverno 2020/21. As marcas também investiram em divulgação própria e compartilhamento de conteúdo nas redes sociais.
A coluna já mostrou que, logo no primeiro dia da semana digital, as labels Dior, Iris van Herpen, Xuan, Giambattista Valli e Ralph & Russo chamaram atenção. As experiências incluíram diferentes formatos, principalmente a produção de vídeos curtos e shootings.
Confira os destaques dos dias 7 e 8 de julho:
Chanel
O fall/winter 2020/21 da Chanel foi apresentado por meio de um shooting clicado pelo fotógrafo Mikael Jansson. Virginie Viard optou por criações ousadas, que misturam glamour e rebeldia. A inspiração partiu de pinturas do século 19.
A própria label destacou que a coleção é “marcada pelo desejo de opulência”. No entanto, as peças não são necessariamente tradicionais. Recortes, materiais rígidos, brilho e modelagens desconstruídas garantiram o resultado.
“Eu estava pensando em uma princesa punk saindo de Le Palace ao amanhecer”, contou diretora criativa em comunicado. “A coleção é mais inspirada por Karl Lagerfeld do que Gabrielle Chanel. Karl iria ao Le Palace, acompanhando mulheres muito sofisticadas e muito bem-vestidas, também muito excêntricas”, completou a estilista.
A coleção de alta-costura tem uma pegada mais exuberante. Vale lembrar que no trabalho de primavera/verão 2020 a designer havia mirado na simplicidade. “Gosto de trabalhar assim, indo na direção oposta do que fiz da última vez. Eu queria complexidade, sofisticação”, afirmou Viard.
Antes de divulgar as peças no Instagram, a maison também compartilhou vídeos com bastidores da coleção. O material foi elaborado pelo filmmaker Loïc Prigent. As imagens mostram o processo criativo e a produção nos ateliês da Chanel.
Alexandre Vauthier
A label homônima de Alexandre Vauthier convidou fotógrafos conhecidos no cenário fashion para registrarem a coleção de outono/inverno 2020/21. Karim Sadli fez cliques na capital francesa, enquanto o duo Inez & Vinoodh trabalharam em Nova York, nos Estados Unidos. A direção artística ficou a cargo de Franck Durand.
A ideia do estilista foi imprimir fortemente o DNA francês. “O que eu fiz? Paris. Beleza pura. Voltamos ao essencial ”, definiu Vauthier ao WWD. “Tivemos que nos mover rapidamente […] Fizemos o que sabemos fazer”, acrescentou.
Para apresentar os outfits, as fotos foram tiradas em diferentes ambientes. Em casa, na rua, no gramado ou na praia, o resultado é autêntico. Nas composições, com uma ampla cartela de cores, estão excessos, sem economia de materiais e texturas. Entre as escolhas, estão tecidos metalizados, babados e plumas.
Vídeos assinados por Albert Moya completam o material. Com vibe retrô, as imagens trazem modelos em movimentos rápidos, usando os visuais de alta-costura. Conceitual e descolado.
Julien Fournié
A grife homônima de Julien Fournié preparou uma espécie de manifesto por meio da plataforma Vimeo. No conteúdo, uma modelo posa com as produções da marca, rodeada pelos profissionais envolvidos nas criações. Exclusividade, autenticidade, liberdade criativa, técnicas inovadoras e valorização do manual estão entre os pontos abordados na narração.
As peças incluem transparência e tule. O toque final foi dado com shapes vintage e sobreposições interessantes. A etiqueta ressaltou que a coleção é eco-friendly, feita sem desperdício ou descarte de materiais.
Além dos visuais, o vídeo apresenta um depoimento do próprio estilista sobre o segmento de haute couture. “Uma peça de alta-costura é o melhor nível de luxo, tanto em termos de design quanto de qualidade de artesanato. Atualmente, a designação de alta-costura é usada de maneira ilegítima”, observou o designer.
O couturier definiu o ato de adquirir um item de alta-costura como uma experiência única. “Você vê primeiro um esboço da aparência imaginada. Em um primeiro encaixe, você faz seu pedido e depois tenta um protótipo feito em um tecido branco liso e simples”, descreveu. “Com a primeiro prova, Julien Fournié está verificando o encaixe perfeito para cada silhueta. Somente então, juntamente com o cliente, Julien Fournié escolhe o tecido certo, sua textura, sua sensação e, é claro, sua cor precisa, os acabamentos exatos, os enfeites mágicos”.
Aelis
Um dos destaques do penúltimo dia de shows on-line foi a Aelis. Conhecida por investir em peças sustentáveis, a grife é comandada por Sofia Crociani. Constantemente, usa elementos da natureza como referência.
A coleção atual traz referências artísticas. “Foi inspirada por mulheres estrelas do cinema mudo, como Theda Bara e Francesca Bertini. O silêncio também caracterizou nossa distância durante o confinamento. Trabalhamos com os tecidos que tínhamos em casa, mas sempre fazemos isso, porque o impacto de nossas criações no planeta deve ser mínimo”, informou a estilista em entrevista à Vogue Itália.
“Até as silhuetas são ‘evolutivas’, no sentido de serem adicionadas a outras já existentes que não são eliminadas. Nesta coleção destaca-se uma muito alongada, da década de 1920. Os tecidos são naturais, assim como as técnicas, sem processos químicos que danificariam o meio ambiente”, acrescentou.
Para finalizar, a etiqueta desenvolveu o filme Angelness. Nele, dançarinos usam coleção de alta-costura, além de quatro looks de coleções anteriores. A performance mistura emoção, fantasia e um toque gótico. O coreógrafo Jacopo Godani, da Dresden Frankfurt Dance Company, foi elencado para pensar na sequência de passos.
Maison Margiela
O último dia de trabalhos digitais de alta-costura começou com a Maison Margiela. Conhecido por um DNA disruptivo e até misterioso, John Galliano preparou algo diferente para a temporada, a Maison Margiela Artisanal Co-Ed Collection.
Nessa quarta-feira (8/7), foi postado o primeiro teaser da iniciativa, com conceito aesthetic. A coleção será mostrada em “parcelas”. Nos dias 11 e 15 de julho, virão os próximos estágios. Já em 16 de julho, a marca trará uma “revelação final”. Inusitado!
Elie Saab
Parte da programação oficial da Paris Couture Week, Elie Saab está na lista das labels que prepararam vídeos para o evento. Batizado de Le Retour aux Sources, o projeto foi dirigido por Mounia Akl.
Contudo, a etiqueta libanesa optou por focar na inspiração do designer. Por enquanto, sem mostrar as criações finais. A coleção será apresentada posteriormente.
“Quando os ruídos de nossas vidas ocupadas foram silenciados, apenas um som emergiu do vazio profundo: o som da fonte sagrada. Ao voltar às raízes, prestamos homenagem à arte e nos aprofundamos na abundante beleza da natureza”, comentou a maison em comunicado.
Viktor & Rolf
Para o outono/inverno 2020/21, os designers holandeses Viktor Horsting e Rolf Snoeren mergulharam no atual momento. A coleção consiste em três tópicos diferentes. Cada um simboliza um estado mental diferente: ansiedade, confusão e amor.
Cada “guarda-roupa” é composto por três looks: uma camisola, um roupão e um casaco. O primeiro compilado reúne um clima sombrio, “um sentimento de tristeza e raiva, familiar a muitos hoje em dia”, como explica a grife Viktor & Rolf em seu site internacional.
“O segundo grupo de roupas sinaliza as emoções conflitantes que todos experimentamos atualmente. Às vezes, para cima, e novamente para baixo, a hipnose desconcertante da mídia social coloca nossa estabilidade em risco. Seduzindo-nos do banal ao puro horror, e vice-versa, ela nos deixa perplexos. Finalmente, os três últimos conjuntos irradiam amor pelo outono/inverno 2020. A melancolia se torna serenidade. A mudança é necessária”, explanou.
Os estilistas comandantes da marca também pensaram em um vídeo que explica o conceito da nova coleção de haute couture. Intitulado como Change, o filme teve direção de Marijke Aerden.
Bouchra Jarrar
Para a temporada, em meio à pandemia global, Bouchra Jarrar quis criar um filme que fosse uma “expressão significativa da vida”. No enredo, irmãs aparecem juntas em momentos do cotidiano: em casa, na rua ou em meio à natureza.
“A participação das gêmeas Aissa e Aida permitiu-me transmitir a irmandade e as maravilhas do amor fraternal, um conceito universal, mas também tão querido para mim”, destacou a estilista francesa.
Nos outfits, a designer retratou o “fascínio parisiense”. Segundo Bouchra Jarrar, trata-se de uma edição composta por silhuetas atemporais. O resultado são peças versáteis, que podem ser usadas em diferentes situações, do formal ao casual.
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Valentino
Apesar de estar no lineup oficial do Paris Couture Week, nessa quarta-feira (8/7), a Valentino divulgou apenas um teaser da apresentação oficial. Of Grace and Light, de Nick Knight, é uma amostra da performance ao vivo da maison, que acontecerá no Cinecittà Studios, em Roma, em 21 de julho.
No vídeo, uma mulher coberta com véu faz movimentos no ritmo de uma música instrumental. A inspiração veio da bailarina Loie Fuller, pioneira da dança moderna e da iluminação teatral.
“Uma criação de alta-costura ganha vida por meio através do movimento, luz, cores e música, mas principalmente pelo ser humano embaixo dela, envolto nela, acolhido pelo tecido”, afirmou o estilista PierpaoloPiccioli ao portal WWD. “A alta-costura está viva, e o sonho também.”
Evento digital
A alta-costura representa o mais alto nível de sofisticação e exclusividade. Afinal, as criações são consideradas verdadeiras obras de arte da moda. O segmento contempla uma série de exigências. As peças exigem alto rigor técnico e são feitas à mão, sob medida e somente em Paris, capital da França.
A primeira versão digital do Paris Fashion Week foi chamada de Whispers of Paris. Além dos primeiros dias dedicados ao segmento de haute couture, a programação, que segue até 13 de julho, será finalizada com as apresentações do segmento masculino de ready-to-wear.
Colaborou Rebeca Ligabue