Vídeos: confira os últimos destaques da Semana de Moda de Milão
Versace, Bottega Veneta, Philipp Plein, Dolce & Gabbana e Giorgio Armani encerram edição de outono/Inverno 2020 norteadas pelo preto
atualizado
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A edição de outono/inverno 2020 da Semana de Moda de Milão terminou, nesta segunda-feira (24/02/2020), em meio a um surto de coronavírus em algumas regiões da Itália. Após o governo do país decretar toque de recolher em pelo menos 11 cidades, o clima nos últimos dias do evento era de apreensão, mas isso não impediu as grifes escaladas para o final da programação de mostrarem suas novidades nas passarelas, ainda que por transmissões on-line, como foi o caso da Giorgio Armani.
Vem comigo conferir!
Versace
A Versace chegou à temporada de outono/inverno 2020 com a difícil missão de superar a icônica passagem de Jennifer Lopez em seu último desfile. Mas o que fazer para exceder uma cena que rendeu US$ 9,4 milhões em publicidade on-line?
Se você é Donatella Versace, a resposta é instalar uma gigantesca tela de LED por toda a extensão da passarela e convocar as principais top models da atualidade para garantir a visibilidade do show no Instagram.
Pela primeira vez apresentando roupas masculinas e femininas no evento voltado às mulheres, a diretora criativa adentrou a moda não binária, mesclando traços de ambos os segmentos em suas produções.
Ombros e quadris exagerados apareceram junto a modelagens esportivas, enquanto estampas extravagantes dividiram espaço com listras e xadrez. O tradicional decorativismo da grife deu lugar a uma cartela mais sóbria, com o preto marcando presença na grande maioria dos visuais.
Embora a casa italiana direcione a maioria de seus desfiles às roupas noturnas, looks diurnos e casuais tiveram seu lugar, acompanhando uma movimentação vista desde que a label foi adquirida pela Capri Holdings, há um ano e meio.
Criações em jeans, suéteres de rúgbi e até polos ganharam uma interpretação Versace, com a logo da marca incluída em letras garrafais. Para fechar o desfile, Kendall Jenner surgiu em um minivestido com pegada futurista que parecia não pertencer ao compilado. Será que o resultado final foi um prelúdio de uma nova era? Saberemos na próxima temporada.
Bottega Veneta
Vencedora das quatro principais categorias do Fashion Awards 2019, algo inédito na premiação voltada à moda, a Bottega Veneta também adentrou as passarelas de Milão com um grande peso em suas costas.
Seguindo a máxima “em time que está ganhando não se mexe”, Daniel Lee investiu, mais uma vez, nos bicos quadrados. Contudo, nada de sandálias e sapatos abertos desta vez. No outono/inverno 2020, o acabamento apareceu em botas com saltos ergonômicos criados em impressoras 3D.
O tressê, outro trunfo presente nos hits da label, também está de volta, mas agora reinventado em versões dupla face ou finalizado com franjas. O artifício de movimento, inclusive, foi amplamente utilizado na coleção, bem como as malhas.
Em uma era de valorização das curvas corporais, Lee entendeu a importância do caimento na atual conjuntura da indústria têxtil. Até mesmo a alfaiataria masculina ganhou tecidos com elastano.
Isto, porém, não significa que o designer abriu mão das silhuetas amplas que marcaram seu trabalho de estreia na grife. Túnicas, trench coats e vestidos com mangas estilo morcego garantiram o aspecto maxi que caracteriza o DNA do estilista.
Philipp Plein
Ao analisar o desfile de Plein, entendemos por que a Versace abriu mão da ostentação em seu mais novo compilado: Philipp usou toda a cota disponível para esta edição do Milan Fashion Week em sua apresentação.
Mesmo para os padrões extravagantes da moda italiana, o show do designer alemão foi uma mostra de magnificência, com dois helicópteros, dois caças, um iate e meia dúzia de carros esportivos – todos dourados – compondo o cenário do desfile.
O momento opulento seria interpretado como um dos auges do evento, se não fosse pelo péssimo timing. Com o acidente que matou Kobe Bryant ainda fresco na memória dos presentes, a decoração acabou dando um tom agridoce ao início do show.
Todavia, estamos falando de um estilista conhecido por estar à frente de seu tempo e, neste caso, ele realmente estava. Além de prestar uma homenagem ao ex-jogador, desfilando camisetas do Lakers incrustradas com cristais Swarovski, Plein anunciou uma doação à fundação Mamba & Mambacita Sports, criada por Bryant.
Com o gesto, as mais de 3 mil pessoas que assistiam ao show encontraram algum conforto em aplaudir a ocasião, ainda que um surto de coronavírus estivesse acontecendo a apenas 32 quilômetros do local da apresentação.
Tragédias à parte, o compilado de Philipp poderia ser descrito como um filho de Donatella com Jeremy Scott, com estampas animais, peles, bordados divertidos, cores vibrantes e muito dourado, ora em modelagens que exalavam sensualidade, ora em visuais voltados ao street style.
Dolce & Gabbana
Em uma temporada onde as coleções parecem fugir das tendências que só funcionam no Instagram, Domenico Dolce e Stefano Gabbana decidiram abrir mão de seus tradicionais decorativismos para privilegiar o slow fashion.
A interminável homenagem dos estilistas às tradições italianas ainda estava ali, já que muitas das peças do compilado foram feitas por artesãs espelhadas pelo país. No entanto, os decotes e comprimentos sensuais que constituem o DNA da grife foram deixados de lado, pelo menos nesta estação.
“Obviamente amamos o sexy, mas parecia muito agressivo neste momento. Queríamos algo mais suave, mais íntimo”, explicou Gabbana à Vogue.
Sandálias de cetim e joias dividiram espaço com sapatos feitos à mão, ao passo que casacos de tricô exibidos em diversas modelagens e silhuetas imprimiram uma certa simplicidade ao trabalho.
Com 121 looks, a label italiana exibiu uma de suas coleções mais sóbrias, com uma forte influência da alfaiataria masculina e amplo uso das cores neutras, quebradas com toques pontuais de vermelho.
Giorgio Armani
O número de pessoas infectadas pelo coronavírus passa de 130 na Itália, levando o governo a decretar toque de recolher em algumas cidades do país. Durante a programação da Semana de Moda de Milão, vários jogos de futebol foram adiados, enquanto escolas estão de portas fechadas até a segunda ordem.
Neste contexto, Giorgio Armani preferiu poupar seus convidados dos riscos de contaminação, realizando seu desfile a portas fechadas, apenas com transmissão pela internet. Vê-se, todavia, que a decisão foi tomada de última hora, visto que o cenário escuro do show não valorizou a cartela de cores e tecidos da nova coleção do designer.
Pelas fotos, os veludos molhados, bordados e aplicações que deram vida ao compilado passam despercebidos, mas é possível ver que a elegância é e sempre será o grande trunfo do estilista italiano.
Modelagens clássicas e a alfaiataria foram reinterpretadas com estampas modernas e texturas preciosas, em uma tentativa bem-sucedida de fazer as tendências oitentistas parecerem frescas. Ao final da apresentação, 12 modelos chineses entraram na passarela com peças de arquivo das coleções de primavera de 2009 e 2019, ambas inspiradas na China. Após a demonstração de solidariedade, Armani surgiu em agradecimento, ainda que sem público.
Colaborou Danillo Costa