Varejista H&M é acusada de racismo novamente. Entenda o caso
A multinacional está sendo investigada pelo governo sueco após receber acusação de discriminação em loja física
atualizado
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A gigante de fast fashion Hennes & Mauritz faz sucesso mundialmente pelos lançamentos de itens femininos, masculinos, infantis, acessórios e até artigos de decoração a preços acessíveis. Mas por trás das sacolas de papel que os clientes carregam, há denúncias de discriminação que comprometem a imagem da multinacional. Em 2018, a marca foi acusada de racismo em uma campanha. Recentemente, a H&M foi investigada pelo governo sueco após receber nova denúncia de atitude discriminatória em uma de suas lojas físicas.
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A fim de fidelizar os clientes, a H&M não mede esforços no pós-venda. A experiência do cliente ao sair da loja também é estruturada e planejada para ser a melhor possível. Um bom exemplo disso são as políticas de troca implementadas pela empresa, como o direito a troca do produto mesmo sem a nota fiscal. Basta, apenas, que o item seja comercializado e não tenha sido danificado.
No entanto, o comportamento de alguns funcionários deixou a desejar após limitar um dos direitos que os clientes têm. As ocasiões começaram a ser publicadas nas redes sociais pelos próprios consumidores. Entre os registros, em formato de desabafo, muitos relatam que recebem atendimento diferenciado por motivos que possam estar relacionados à cor da pele e etnia.
De olho nas denúncias virtuais, o portal Aftonbladet produziu um material investigativo, na Suécia. Um vídeo de mais de três minutos captura o testemunho de vários funcionários e ex-colaboradores da H&M afirmando que os clientes são discriminados e tratados de forma diferente de acordo com a origem.
O material analisa a cultura racista na empresa e mostra imagens capturadas com câmeras escondidas enviadas pela equipe editorial do jornal. Nos registros, duas mulheres atuam como clientes da loja. As voluntárias possuem etnias diferentes: a dupla é formada por uma repórter branca e a outra, negra. Ambas tentaram trocar o mesmo produto recém-comprado na H&M.
Nos registros, a branca consegue realizar a troca, apesar de ter perdido o recibo, enquanto a mulher negra teve o seu pedido negado em três lojas diferentes. Ao ser questionada pelo portal que fez a investigação, a empresa afirmou: “Nós nos dissociamos fortemente de todas as formas de racismo e discriminação”.
Ao Dagens Nyheter, a presidenta e CEO da H&M, Helena Helmersoon, disse que tanto o racismo quanto a discriminação fazem parte da sociedade em que atuam, mas que leva a sério todos os sinais que indiquem que a etiqueta reproduz esse preconceito. Segundo ela, a solução é ter um diálogo ativo com os funcionários e mostrar o que a empresa representa.
“Acho que avançamos muito nessa questão apenas no ano passado, mas devemos ser humildes. Se houver algum sinal de que os clientes ou funcionários não se sentem ouvidos ou bem-vindos, temos a responsabilidade de levar isso a sério e ver o que mais podemos fazer”, concluiu.
No dia 9 de dezembro, o órgão sueco Equality Ombudsman (DO) deu início a uma investigação independente para apurar as acusações de racismo nas lojas da H&M no país. A varejista terá até a próxima terça-feira (22/12) para responder aos questionamentos.
Dependendo da conclusão, o caso pode ser encaminhado à corte, caso a legislação contra discriminação tenha sido violada. “O objetivo da fiscalização é esclarecer se houve violação da proibição de discriminação de que a empresa é responsável”, comunicou o órgão.
“ ODO decidiu iniciar uma inspeção na empresa H&M. O pano de fundo é a informação da mídia que afirma que a empresa trata pessoas com uma afiliação étnica diferente da sueca e as prejudica, entre outras coisas, ao exigir um recibo ao trocar de mercadoria em violação à política da empresa”, pontuou o órgão.
Denúncia de racismo
Não é a primeira vez que a empresa está sendo acusada de racismo. Em 2018, a H&M lançou uma peça de vestuário com a estampa centralizada: “O macaco mais bacana da selva”. Na época, o item foi clicado em um modelo infantil negro e não demorou para o assunto dominar as publicações nas redes sociais.
Além das manifestações na internet, protestos ganharam as ruas na África do Sul. À época, a marca optou por fechar temporariamente suas lojas no país depois que várias foram vandalizadas. Em seguida, pediu desculpas e retirou a t-shirt do portfólio de vendas.
Colaborou Sabrina Pessoa